Jossi 19/09/2017
Uma saga inesquecível de amor, terror e loucura
Embora tenha guardado o livro por muitos anos, por causa de sua relativa fama, para ler numa ocasião propícia, essa ocasião nunca chegava... até que resolvi por mãos à obra.
Embora seja antigo (o copyright é de 1975) e embora hoje em dia a literatura chamada "paranormal", fantástica, sobrenatural seja vendida mais do que alface em feira, esses livros da década de 70, 80 e 90 tem uma qualidade literária incontestável, superiores a quase maioria dos livrinhos descartáveis de hoje em dia. Não dá para comparar o livro de Frank de Felitta a uma dessas leituras "frescas", que explodem do dia para a noite e são esquecidas no mês seguinte, como por exemplo, livros da autora Alexandra Adornetto, Melissa Marr, Becca Fitzpatrick e outros do gênero.
Nesse livro, há toda uma junção de histórias paralelas: O drama vivido pelo casal Templeton, o drama vivido no passado por Elliot Hoover, as viagens e peregrinações de Hoover à Índia, em busca da iluminação e cura para as feridas de sua alma, o julgamento e a vida "dupla" de Audrey Rose, que Hoover acredita ter reencarnado em Ivy.
O suspense inicial é intenso. O leitor nunca consegue parar de ler, ansioso, curioso, querendo saber quem é o cara que "persegue" a família Templeton. E por quê ele faz isso.
A parte esse suspense, Janice, que é a pessoa mais sensível de todo o livro (junto com Hoover), nota que os pesadelos e episódios de sonambulismo de Ivy voltam com total intensidade, deixando-a desesperada e nervosa. Bill, que de início é um marido e pai carinhoso, não consegue ver as verdadeiras proporções do terror que se avizinha, e pouca coisa faz para resolver o problema real. O que ele faz, do meio para o fim do livro, são coisas que só visam fortalecer o seu próprio ponto de vista materialista, egoísta e ciumento.
Para não deixar spoilers para quem for ler o livro, só digo que o livro é de uma intensidade dramática comovente, iniciando com um suspense terrível. No bom sentido.
Da metade para o fim, há um julgamento, que muitos leitores poderão considerar tedioso, já que fugirá rapidamente do enredo inicial e do tema sobrenatural, esmiuçando detalhes legais quanto a ações e comportamentos dos envolvidos. Embora no meio disso haja o debate sobre a "reencarnação", ainda assim alguns vão achar essa parte chata. Eu não achei: Ao contrário, li cada trecho com voraz curiosidade, já que estava ansiosa para saber se, afinal, o réu conseguiria conquistar a simpatia dos jurados e a defesa, provar o seu ponto de vista peculiar e bizarro.
O clímax da história foi bem trabalhado pelo autor, exatamente como eu queria que fosse. Entretanto, esse clímax leva a um final inesperado, como ninguém imaginaria.
Um excelente livro, que eu recomendo como 'clássico do sobrenatural' para todos os amantes da literatura fantástica.
Observação: O próprio Felitta escreveu um roteiro para o cinema, e o filme foi lançado em 1977, com Anthony Hopkins no papel de Elliot Hoover. Mas... não dá para comparar o filme, com seus parcos recursos de efeitos, com o livro. O filme é fraquíssimo, o livro dá de 10 a zero.
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