Lucas 03/11/2023
Sou vítima da sua janela indiscreta ?
Eu sempre fui um grande fã de Agatha Christie. a trama que crescia aos poucos, o investigador sempre muito arrogante a respeito de suas habilidades e poucas pistas que nos davam a possibilidade de entender o que havia ali de fato. mas desde muito criança eu tinha a impressão de não compreender muito das suas tramas tão rocambolescas e surpreendentes. talvez por conta desses atributos presentes em suas obras é que eu não entendesse mesmo o que acontecia nelas. isso não é nenhum demérito. pelo contrário, hoje vejo que me faltava maturidade. sim, pois mesmo em obras simples como a de Agatha Christie, isso comparado às complexas tramas de romance policial que temos hoje, vide Inferno de Dan Brown ou Uma Mulher no Escuro, que me parecem beber muito da fonte objeto dessa resenha (e claro de novelas do mesmo gênero como A Próxima Vítima), é preciso um certo nível de maturidade para entender as sutis nuances com as quais a autora vai pintando a sua obra. tem muita coisa não dita ou mesmo implícita no texto que só um adulto com experiência de leitura consegue pegar ou uma pessoa que tenha algum conhecimento de quão longe um ser humano, ainda que fictício, pode chegar.
aqui, temos uma jovem que não se dá conta de que está sendo vítima de sucessivas tentativas de homicídio. é preciso que seu caminho cruze com o de Hercule Poirot pra que ela saiba disso. até então, encarava todos os acontecimentos como acidentes isolados, entitulando-se uma heroína por sair ilesa de todos. mas tudo vai mudando à medida que Hercule passa a conviver no círculo social da jovem para conhecer seus amigos e ver que tudo é muito mais profundo e simples do que ele idealizou.
livro delicioso! Agatha Christie em sua melhor forma e mostrando toda a criatividade que sempre me encantou no desenvolvimento de suas histórias, bem como na resolução de todos os conflitos criados durante o livro. tudo é muito plausível e foge muito de qualquer padrão que estamos acostumados. amo que amo!