Stranger in a strange land

Stranger in a strange land Robert A. Heinlein




Resenhas - Stranger in a Strange Land


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bardo 08/09/2024

Reler Stranger in a Strange Land de Robert A. Heinlein pela terceira vez, agora no original foi uma experiência bastante curiosa. Cabe dizer que li 80% no original e os últimos 20% na versão traduzida da Aleph mais os textos de apoio, o que me permitiu sentir melhor o impacto da tradução e me aproveitar dos textos que são muito úteis para entender alguns pontos
O texto original é bastante fluído e não deve oferecer muita dificuldade, mesmo para quem está começando a ler nesse idioma, nada que um dicionário e paciência não resolvam. A prosa de Heilein é leve e divertida mesmo nos momentos em que se aprofunda a temas mais densos. Cabe dizer que o texto original é mais ambíguo, coisa que as duas traduções disponíveis por aqui meio que tiram da obra.
Talvez a grande advertência que deve ser feita ao ler Stranger in a Strange Land é a de que é um texto satírico e provocativo. Em vários momentos a impressão que fica é que Heinlein utiliza a lógica do absurdo para fazer o leitor questionar o status quo.
Isso fica muito claro em pelo menos uma fala da personagem Jill onde temos várias camadas: o autor ser um homem do seu tempo, a fala não ser exatamente estranha na boca de uma mulher (infelizmente) e a ambiguidade original que é muito suavizada na tradução.
Apesar do texto ser muito provocativo para sua época, provavelmente leitores atuais vão se pegar questionando o machismo do texto, (novamente é preciso situar o autor em seu tempo) e o fato de que fora uma ou outra prática mais ousada a comunidade da Igreja de Todos os Mundos é bem conservadora e até careta.
Porém a ambiguidade da obra deixa margem a imaginar que o autor se conteve. Se é certo que os relacionamentos são estritamente heterossexuais fica implícito a latente homoafetividade ou mesmo pansexualidade presente. É algo muito sutil, mas aqui e ali está sugerido. Vale lembrar que todas as falas sobre limites provém dos personagens humanos, notadamente de Jill.
Heinlein satiriza os três pilares da nossa civilização e bate sem dó na hipocrisia reinante, o fato de se focar na sociedade estadunidense e considerando o quanto importamos de sua cultura faz com que as críticas também nos sejam muito pertinentes. A definição de Jubal sobre democracia é impecável e nos chama a atenção para os perigos de desprezar algo sem ter algo melhor para substituir.
A sátira à religião provavelmente será um dos pontos que mais vai incomodar as pessoas, ainda que (o que provavelmente vai passar batido para os fundamentalistas) Heilein não está batendo na fé em si. Por meio de Jubal ele não descarta a ideia de uma deidade ou da necessidade da crença, o que faz é criticar veementemente o uso dessa necessidade para a manipulação e enriquecimento, bem como a hipocrisia de proibir práticas aos fieis enquanto os “eleitos” as praticam.
Ainda no tema religião por mais que o autor faça um mix das mais diversas crenças é gritante que a vertente cristã tem um certo destaque, o que seria meio óbvio já que a obra crítica a cultura ocidental, principalmente a estadunidense. Que Michael é um tipo de “messias” não deveria passar desapercebido para os leitores, mas Heinlein parece ter querido se certificar de que o paralelo seria entendido, a apoteose do personagem não deixa dúvidas da intenção do autor. Vale dizer entretanto que longe de satirizar a figura de Cristo o autor está criticando seus pretensos crentes, não tenho a menor dúvida de que se alguém pregasse amor incondicional hoje em dia teria o mesmo fim.
A crítica aos papeis de gênero talvez seja a parte mais controversa e ambígua da obra. Se em muitos pontos o autor vai soar machista e conservador em outros vai propor uma liberdade para a mulher e uma valorização que até hoje em dia é questionada. Principalmente quando nos encaminhamos para o fim nota-se uma certa “igualdade” entre os gêneros, ao contrário dos Fosteristas por exemplo na “igreja” de Mike a mulher não é submissa, ainda que eventualmente pareça ceder. Aliás cabe dizer que essa dinâmica perpassa toda a obra seja nas “secretárias” de Jubal seja na figura de Madame Vesant ou de Mrs Douglas, em contraponto a algumas falas machistas de Jill existe um empoderamento feminino muito claro, são elas que definem os rumos da trama em mais de um momento.
Um ponto que talvez passe batido, mas também é um dos pilares da obra é a discussão do que seja Arte e do seu papel para a Civilização. Seja na discussão da obra “inacabada” em Marte, seja nas discussões de Jubal sobre arte e literatura ou até mesmo nos rituais da Igreja de Todos os Mundos a importância da Arte e de como ela enriquece uma civilização e lhe permite interpretar o mundo tal como a religião se propõe, está ali.
Heinlein não se furta inclusive de criticar a literatura massificada de entretenimento e a televisão o que dá margem para pensar o que ele acharia de nossos dias com redes sociais e informação atomizada. Em dado ponto quando comenta das colunas de Ben, Jubal é quase profético em criticar os sites de fofoca e o excessivo consumo de “junk information” atuais.
Em suma Stranger in a Strange Land de Robert A. Heinlein é um texto provocativo, satírico as raias do absurdo, não é um livro que vá agradar a todos, principalmente se for lido de forma literal.
Carla.Floores 08/09/2024minha estante
Que texto afiado! Uau!
Parabéns!
É uma leitura muito divertida para os imparciais. Já para os sérios, uma frustração atrás da outra. Kkkkkk


bardo 08/09/2024minha estante
Hahahah eu sou sério, mas desde a minha primeira leitura meio que comprei a ideia do autor... E se por um lado eu concordo que é uma leitura divertida tem um outro lado bem pesado que o humor meio que suaviza. Não a toa Jubal compara o Mike com a Ariel ;-)




Morgan 17/09/2021

Envelheceu como leite. A primeira metade é ok, depois disso é ladeira abaixo. Entretanto é um livro bom pra treinar inglês já que não encontrei versão dele em PT.
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Moitta 27/01/2018

Stranger in a strange land
Doc, the profession lost a great talker when you weren’t born twins.”

“A verbalizing race has words for every concept and creates new ones or new definitions whenever a new concept evolves. A nervous system able to verbalize cannot avoid verbalizing. If the Martians know what ‘war’ is, they have a word for it.”

“Jill? Is it possible that I was searching them the wrong way? Could it be that every one of all religions is true?” “Huh? How could that be? Mike, if one is true, then the others are wrong.” “So? Point to the shortest direction around the universe. It doesn’t matter where you point, it’s the shortest . . . and you’re pointing back at yourself.”

Whenever anyone comes here to live, I make it plain that this is neither a sweat shop nor a whore house, but a home . . . and, as such, it combines anarchy and tyranny without a trace of democracy, as in any well-run family, i.e., they are on their own except where I give orders, which orders are not subject to debate. My tyranny never extends to love life.

‘Love’ is that condition in which the happiness of another person is essential to your own.”

All your stomach can reflect is prejudice trained into you before you acquired reason.

Sir, I was saying that when one is of my age, one is necessarily in a hurry about some things. Each sunrise is a precious jewel . . . for it may never be followed by its sunset.”


There comes a time in the life of every human when he or she must decide to risk “his life, his fortune, and his sacred honor” on an outcome dubious. Jill Boardman encountered her challenge and accepted it at 3:47 that afternoon.

“Let our eggs share the same nest.” Jill looked startled. “Huh? What did you say?” Smith felt distressed at the failure to respond in kind and interpreted it as failure on his own part. He realized miserably that, time after time, he brought agitation to these creatures when his purpose was to create oneness. He tried again, rearranging his sparse vocabulary to enfold the thought differently. “My nest is yours and your nest is mine.”

He grokked that this was one of the critical cusps in the growth of a being wherein contemplation must bring forth right action in order to permit further growth. He acted.

“Sit down—and quit trying to be as nasty as I am; you don’t have my years of practice. Now let’s get something straight: you are not in my debt. Impossible—because I never do anything I don’t want to. Nor does anyone, but in my case I know it. So please don’t invent a debt that does not exist, or next you will be trying to feel gratitude—and that is the treacherous first step toward complete moral degradation. You grok that?”

‘Gratitude’ is a euphemism for resentment. Resentment from most people I do not mind—but from pretty little girls it is distasteful.” “Why, Jubal, I don’t resent you—that’s silly.” “I hope you don’t . . . but you will if you don’t root out of your mind this delusion that you are indebted to me. The Japanese have five ways to say ‘thank you’—and every one translates as resentment, in various degrees. Would that English had the same built-in honesty! Instead, English can define sentiments that the human nervous system is incapable of experiencing. ‘Gratitude,’ for example.”

If not, the exchange of compliments with the S.S. cop had been rewarding in itself and had left him in a warm glow. Harshaw held that certain feet were made for stepping on, in order to improve the breed, promote the general welfare, and minimize the ancient insolence of office; he had seen at once that Heinrich had such feet.

He should have known better because, early in his learnings under his brother Mahmoud, he had discovered that long human words rarely changed their meanings but short words were slippery, changing without pattern.

“Congratulations! A desire not to butt into other people’s business is eighty percent of all human wisdom.”

He finally realized that the Man from Mars wasn’t a rival—he was Jill’s patient—and a man who marries a nurse must accept the fact that nurses feel maternal toward their charges—accept it and like it, for if Gillian had not had the character that made her a nurse, he would not love her.

Presently Douglas concluded, having said nothing and said it very well.

“I grok it,” agreed Jubal. “Language itself shapes a man’s basic ideas.”

Martians seem to know instinctively what we learned painfully from modern physics, that observer interacts with observed through the process of observation. ‘Grok’ means to understand so thoroughly that the observer becomes a part of the observed—to merge, blend, intermarry, lose identity in group experience. It means almost everything that we mean by religion, philosophy, and science—and it means as little to us as color means to a blind man.”

“Consider the black widow spider. A timid little beastie, useful, and the prettiest of the arachnids, with its patent-leather finish and its hourglass trademark. But the poor thing has the misfortune of too much power for its size. So everybody kills it. “The black widow can’t help it, it has no way to avoid its venomous power.”

Age does not bring wisdom, Ben, but it does give perspective

Only the wearer knows where the shoe pinches.”

I do know that the slickest way to lie is to tell the right amount of truth—then shut up.

“Beautiful head of hair. I wish she had tarried.”

Happiness is functioning the way a being is organized to function

“Then why did you take collections?” “Huh? Oh, you have to charge ’em, Jubal. The marks won’t pay attention if it’s free.” “I knew that, I wondered if you did.”

“Oh, yes, I grok marks, Jubal. At first I did preach free. Didn’t work. We humans have to make considerable progress before we can accept a free gift, and value it. I never let them have anything free until Sixth Circle. By then they can accept . . . and accepting is much harder than giving.”

Jubal studied him closely. “Son, you’ve got something on your mind.” “Yes.” “Do you want to talk it out?” “Yes. Father, it’s always a great goodness to be with you, even if nothing is troubling me. But you are the only human I can talk to and know that you will grok and not be overwhelmed. Jill . . . Jill always groks—but if it hurts me, it hurts her still more. Dawn the same. Patty . . . well, Patty can always take my hurt away, but she does it by keeping it herself. They are too easily hurt for me to share in full with them anything I can’t grok and cherish before I share it.” Mike looked very thoughtful. “Confession is needful. Catholics know that—they have a corps of strong men to take it. Fosterites have group confession and pass it around and thin it out. I need to introduce confession in the early purging—oh, we have it, but spontaneously, after the pilgrim no longer needs it. We need strong men for that—‘sin’ is rarely concerned with a real wrongness but sin is what the sinner groks as sin—and when you grok with him, it can hurt. I know.”

“You can’t refuse it. Thou art God and I am God and all that groks is God, and I am all that I have ever been or seen or felt or experienced. I am all that I grok.

You see, Jubal, it’s not a faith; the discipline is simply a method of efficient functioning in anything.”
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J. Gabriel 02/10/2017

Esse livro é absolutamente incrível. Através do personagem principal (um humano criado entre marcianos que retorna à Terra) o autor não só mostra nossa dificuldade de aceitar culturas diferentes como também faz uma análise da nossa própria a partir de um ponto de vista externo, sem o viés dos nossos valores morais e tabus, principalmente no que tange à religião e sexualidade. Publicado durante o início da revolução sexual seus argumentos são atuais novamente, quase 60 anos depois, frente ao recrudescimento de visões puritanas e conservadoras.
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