Marina 28/01/2024Superestimado e distópicoHá alguns anos eu li ?Assim falava Zaratustra? e fiquei me perguntando como gente progressista de esquerda podia citar Nietzsche (inclusive eu, na minha redação do ENEM, baseada em umas duas aulas de filosofia da escola sobre ele, rs).
Pensei que talvez o problema fosse eu. Todo mundo diz que não entende Nietzsche direito - às vezes eu não tinha captado a ironia ou as mensagens mais profundas por trás dos trechos poéticos.
Bom, Ecce Homo supostamente é o livro dele mais fácil de entender. Peguei para ler e ver se tinha algo ali que eu tivesse perdido da primeira vez.
Achei ainda pior - em primeira pessoa, Nietzsche se descreve como o primeiro e único ser humano capaz de entender a moral cristã e criticá-la. Não descreveria nem como prepotência, me parece que ele estava em pleno surto psicótico com mania de grandeza.
Ok, ele faz boas críticas a determinados valores morais e ao idealismo, mas o que ele propõe para substituí-los é extremamente DISTÓPICO:
- a lei do mais forte levada a extremos
- o fim do feminismo
- a manutenção da escravidão
- a anulação e opressão do outro como exercício pleno da vontade dos superiores
- hierarquias sociais claras
- o fim de qualquer forma de ?compaixão? ou ?bondade?
A retórica exagerada e truncada ajuda a dar esse tom de superioridade para os textos e talvez seja o motivo de tanta gente dizer que não o entende plenamente.
Sei lá, se eu estiver errada, me avisem, mas se eu pudesse dar menos cinco estrelas eu dava.
Para quem está cogitando ler, sugiro deixar de lado e ir assistir Big Brother, vai ser um melhor uso do seu tempo.