Mi Cherubim 28/08/2011Sangue ErranteUm livro de James Ellroy. Um thriller policial muito bem elaborado. O livro é separado em seis partes. O autor faz um joguete de tempo. As três primeiras páginas são sobre “naquele tempo”. Contando o início de tudo. Um assalto a um carro forte isso desencadeou a trama que segue.
A estória começa nos anos de 1960. Um carro de leite faz uma curva fechada e derrapa, o carro blindado da Wells Fargo bateu no caminhão. Com esse incidente os funcionários do carro forte saem pra ver se está tudo bem com o motorista do caminhão. De repente a cena se desloca em câmera lenta.
Em um bairro de negros ao Sul de Los Angeles às 7h16 da manhã essa cena começa a se desenrolar. O motorista do caminhão de leite bate e cai, é um negro com aproximadamente 40 anos. Os funcionários do carro forte saem pra ver se está tudo bem, são três ao total. O negro está caído no chão com um talho na testa. De repente um estouro e uma fumaça começam a sair do caminhão. Três pessoas encapuzadas e todos com roupas pretas saíram de um Ford 62 todas cobertas, não dava pra identificar se eram homens ou mulheres.
Os guardas do carro forte foram dizimados. A carga roubada. Mas... algo deu errado eram 7h27 da manhã os três guardas estavam mortos. O entregador de leite, morto. Dois mascarados mortos e queimados. Um se safou. Um policial chegou antes que todos. “Era um homem grande. Usava um terno de tweed e gravata borboleta xadrez. Havia pequenos “14” bordados na seda. Tinha matado a tiros 14 assaltantes à mão armada”. Quem é esse policial? Só no decorrer da estória que é revelado.
Mas e a população, não viu nada? Viram. Esconderam-se, eram negros. A escória da sociedade. Mas alguém viu tudo. Alguém viu o que tiraram do carro forte. Dinheiro e esmeraldas. Alguém ficou interessado. Alguém foi ver quem era o ladrão que deveria estar morto e queimado e saiu correndo. Alguém viu tudo de cima da sua casa...
Ok, o “naquele tempo” foi, agora estamos no “agora”. Sim, esses joguetes de ir e vir são interessantes. O assalto ocorreu em 24 de fevereiro de 1964. O “agora” foi uma explicação do que viria a seguir. Esse livro mais parece um diário. Ou melhor, é um arquivo de memórias. Um arquivo de uma pessoa que não deveria estar viva.
Primeira parte – Suruba. Sim esse é o nome da primeira parte. Acontece de 14 de junho de 1968 a 11 de setembro de 1968. O porquê do nome? Simples. Vamos à apresentação dos personagens, finalmente! Wayne Tedrow Jr. Um químico brilhante que trabalhava para o FBI matou seu pai e ficou com sua madrasta. Porém, Janice estava morrendo... ela era a única pessoa com quem Wayne se preocupava. Contudo a morte de seu pai foi atribuída à outra pessoa. O FBI forjou um assassino. Com isso Jr. teria que voltar a trabalhar para o Bureau.
Seu amigo e irmão mais velho, Dwigth Holly, deu um “jeitinho” em tudo. Ele precisava dos serviços de Wayne. Jr. tinha matado muitos negros e iria matar mais. Mas fora isso muitas mortes pairavam contra o Bureau. Martin Luther King, JKF (John Fitzgerald Kennedy) e RFK (Robert Francis Kennedy), e todas as mortes foram executadas a mando dele. JEH o cara mais importante da polícia americana.
O diretor do FBI, John Edgar Hoover, ele odiava negros, odiava os Kennedy, odiava a todos. Queria dinheiro, prestígio e o mais importante para ele. Informações confidenciais de agentes, policiais, atores e atrizes, empresários, traficantes. Ele queria ser o maioral.
A mando dele várias pessoas morreram e vários se mataram. Tudo está ligado. Ele é a conexão. Mas falta algo. Serão necessárias marionetes para o trabalho sujo que ele pretende. Dwight já era um subordinado, havia muitos podres sobre ele. Wayne Jr. era o outro. Mas seria necessário mais. Assim surge um “merdinha” Donald Crutchfield, um voyeur que gostava de se sentir “o detetive”. Contratado de Clayde Duber para achar uma mulher que havia roubado um figurão. Crutch assim entra na estória.
Esses são os três personagens principais do livro. Dwight Holly, Wayne Tedrow Jr. e Don Crutch. Um é agente do FBI, o outro um químico e o último não era nada, era o merdinha que faria tudo para agradar esses dois.
Esse livro conta uma passagem dos anos 60 que é a era racial, onde negros não são nada, na maioria da população eram traficantes. Alguns se tornaram policiais como Marsh Bowen que terá uma participação super importante nessa estória. Fora a guerra racial de gangues como “Panteras Negras”, “EU – Escravos Unidos”, “ANT – Aliança da Tribo Negra” e “FLMM – Frente de Libertação Mau-Mau”, havia a guerra interna entre policiais. Policiais bons, policiais corruptos. Infiltrados. Nessa Marsh Bowen foi incluído por dois motivos. Primeiro: ele era negro. Segundo: Scott Bennet o odiava.
Scott era o bonzão do DPLA, o que ele fazia era lei. Ele tinha uma fixação. O assalto ao carro forte em 1964. Com o Bowen como infiltrado de Dwight, Scott e Marsh se uniram para arrumar mais provas sobre esse assalto...
Dwight tinha uma informante que era sua amante. Sim, Dwight não era casado... mas a Karen sim. Tinha duas filhas. Por causa dela Dwight conhece Joan, uma ativista que não media esforços.
Todos esses personagens têm um papel importante na estória. Conspirações, mortes, assassinatos, mudanças de identidades, fugas... um mistério revelado.
Nota da Milena: Adorei o livro, recebi esse livro da Editora Record para o evento policial que mediei com a Vivi do Filmes, Livros e Série, a Dani do Olhos de Ressaca, o Gui do Burn Books, o Diego do Li um Livro e o Rafa do Livro entre Amigos. Vale muito à pena ter esse livro, o início é muito confuso por causa de muitos personagens, mas na medida em que evolui a estória você se depara com um rico cenário norte americano de uma era que não vivi. A diagramação é muito diferenciada, tem relatos, transcrições de telefonemas, diários, cenários... É muito legal! Nota: 5