spoiler visualizarLayla.verena 18/03/2024
"A desgraça nunca vem só"
Compartilhei uma semana com Anne e sua família improvisada pelas circunstâncias, li, ri, corei, chorei, me identifiquei e me angustiei com toda essa situação.
Comecei a leitura maravilhada com a forma que ela se desconectava do que acontecia ao seu redor e era capaz de ser somente uma criança, uma menina bem favorecida, cheia de caprichos e admiradores, pessoas ao seu redor, atenção constante. Como ela escrevia de forma tão aberta as suas descobertas acerca da vida e mais ainda do seu corpo (algo tão tabu especialmente para a época).
Porém, junto com o desenvolvimento do livro veio o dela, não quero nem espero de nenhuma criança esse nível de maturidade, sinceramente nem sei se aguentaria 1 mês nessa situação que dirá 2 anos, fora os 2 meses em um campo de concentração com o tifo levando de um a um. Ah, como penso em como ela sofreu, em como se sentiu um lixo nesse campo, em como as pessoas eram cruéis e vis com todos eles.
Anne, eu sinto muito, sinto mesmo, e me sinto um lixo quando penso que consigo me enraivar e me compadecer com sua situação mas algo parecido acontece hoje em uma realidade longe da minha e não tenho coragem de ir fazer nada, me sinto completamente desprovida de qualquer tipo de energia ou poder pra poder acabar com esse ciclo de guerra e caos.
Termino esse livro olhando mais pra mim e as escolhas que fiz/faço, essa minha apatia pelas coisas não deveria ser encorajada, não deveria ser normal vermos crianças em situações de rua e não fazermos nada por achar que essa condição lhes é normal. Fico me perguntando se fosse eu na situação dos amigos da família que os ajudavam, será que eu ajudaria? Porque eu tenho mais vontade de ajudar a uma menina que viveu a mais de 50 anos atrás em um lugar onde nunca pisei o pé do que a uma menina que passo e vejo na sinaleira, que humanidade é essa? Meu Deus, que humanidade é essa? Estou devastada, ótima leitura, péssimas conclusões acerca de muitas coisas na sociedade.
Um pouco das minhas reflexões e devaneios, efeito pós Anne Frank.