Bernardo.Baethgen 09/06/2018
deux portraits
judith guest escreveu um livro extremamente lúcido sobre uma família de middle class dos EUA. é uma tentativa de entender, mais do que a morte de bucky num acidente de barco no lago michigan, a tentativa de suicídio de conrad, o caçula.
ao mesmo tempo é uma parábola sobre o amor. conrad -como elio - é bastante sozinho. mas enquanto elio é muito amado pelos pais e é compreendido por eles, conrad vive num mundo elegante e completamente silencioso. árido, mesmo em lake forest, chicago - illinois.
conrad procura não sentir, não se expressar, manter o decoro. elio se entrega ao amor de corpo e alma. conrad tem emoções a saca-rolhas. a personagem do psicanalista dr. berger, fabulosa, faz o papel de saca-rolhas e consegue quebrar a barreira de gelo. calvin, o pai de conrad, consegue se aproximar do filho. beth, a mãe, não. vai embora, dando a entender que o casamento não aguentou o liberar da emoção.
depois de todos esses anos, vejo gente como a gente o meu primeiro contacto - tinha 13 para 14 anos quando li, em 1983 (o ano em que se passa call me by your name) e senti uma profunda identificação com o filme e com o livro, embora não haja nada, nada em minha família que se pareça com os jarretts.
o filme é simplesmente perfeito de a a z.
e o livro é extremamente detalhista ao descrever as emoções de conrad, embutidas, e as não-emoções - embora duvide hoje disso - de beth jarrett.
há um paradoxo em ordinary people: a tentativa de suicídio de conrad empurra-o para a vida.
já em call me by your name, o que acontece é outra coisa