Thiago Silva 07/10/2024
Não traiu, mas deveria?
Já começo esta resenha com polêmica: o livro é superestimado.
Que Machado é um gênio e um dos maiores escritores da história do Brasil, isso é incontestável. Porém, não é pelo fato do autor ser um gênio, que todas as suas obras o são. Não consegui enxergar toda a genialidade que muitas pessoas vivem dizendo nesta obra, é um livro bom, e ponto.
Na real, comecei a achar a leitura bem proveitosa na reta final do livro. Mesmo sendo um livro curto, ele se mostrou bem arrastado e entediante em vários momentos.
Neste livro, temos um narrador não confiável, visto que é em primeira pessoa, ou seja, só temos acesso à sua perspectiva, além dele ser incrivelmente insuportável. Ele manipula o leitor com trechos que dão a entender que Capitu o traiu, embora não tenha provas concretas. - Mas, na moral, se tivesse traído, eu passava pano, pensa num sujeito que merecia uma galha.
A história também demora a acontecer, Machado focou demais na mocidade do protagonista, muitas vezes colocando acontecimentos que nem faziam tanta diferença no enredo e na hora de abordar a vida de casado foi tudo muito breve e rápido.
Mas o que mais me chamou a atenção na obra não foi o dilema do: ?traiu ou não traiu??, mas a forma como o protagonista acabou, sozinho e solitário. Todas as pessoas que lhe eram importantes morreram, além de que se ele não tivesse optado pela separação l, talvez pudesse ter uma vida feliz ao lado de sua família e, quem sabe, os mesmos não tivessem morrido tão cedo. E por mais que ele não acredite na inocência de Capitu, a forma como ele se coloca em solidão proposital, talvez seja uma forma inconsciente de pagar por seus pecados.
E, para finalizar, eu acho que um narrador não confiável e um dilema de traição não são suficientes para alçar uma obra ao status de genial.