A jangada de pedra

A jangada de pedra José Saramago




Resenhas - A Jangada de Pedra


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Rodolfo Vilar 09/01/2017

Jangada de Pedra (Identidades) | Bodega Literária
​Em determinado momento da história da humanidade uma sucessão de fatos se desenrolam, provocando um acontecimento contraditório nunca antes assistido por alma viva, ou até, morta. Uma moça chamada Joana Carda, enquanto entrete-se com o lindo pôr do sol, têm em mãos uma vara de oumeiro que despreocupadamente a utiliza para desenhar um traço no chão. Outro indivíduo, de nome Joaquim Sassa, que também está enriquecido de olhar o pôr do sol, só que na praia, subitamente cria forças para jogar a léguas de distância uma pedra que segundo a física seria praticamente impossível que tal sujeito conseguisse sequer levanta-la do solo. José Anaiço, em outras paragens, um homem comum de sua província, sente-se como vigiado por mil olhos quando na verdade o que está a acontecer é que um bando de estorninhos, numa nuvem negra e dançante, o persegue em todas as direções, chamando a atenção de todos que assistem tal cena. Numa casa abandonada da zona rural perto do Alentejo, Maria Guaraiva, que está simplesmente a desfiar um dos pares de meia para enrolar o novelo de lã, percebe que o fio que está a puxar continua no estado de continuar a desfazer-se, parecendo nunca ter fim, o que é fato verídico. Por fim, mais dois personagens entram em cena, um deles Pedro Orce, o homem que depois de tantos fatos acaba se tornando um sismógrafo, onde qualquer pessoa que lhe toque sentirá o poder da terra a treme-lhe sobre a pele. E por fim, um cão abandonado e místico chamado apenas de Cão, que não tendo por vontade ou destino um lugar para ir, irá juntar-se ao grupo de indivíduos que presenciarão, por seus próprios olhos, a separação da península ibérica do resto do continente europeu. Um fato sem lógica, sem respostas e que levará a consequências drásticas e felizes.

Lançado em 1986, Jangada de Pedra é o sexto romance de José Saramago, que escrito num contexto histórico bastante conflituoso, demonstra o momento em que estava ocorrendo a ideia da Unificação da Europa, onde os países Ibéricos (tratados no romance como Espanha e Portugal) estavam sendo postos de lado nas decisões políticas e econômicas, fazendo com que Saramago criasse essa alusão dos países, num momento específico, separados do restante do continente, a boiar numa deriva como uma grande jangada de pedra, representando então a falta de consideração com tal povo que parecem, num momento, não terem sequer voz, muito menos identidade cultural ou econômica.
Durante todo o romance vamos caminhando junto com os personagens, evoluindo numa escala de fatos toda vez que um novo é inserido, demonstrando assim as consequências que a separação provoca nas pessoas, na economia, na ciência e até quiçá, nos amores. Em suma, apesar de tanta crítica a cerca das suas próprias opiniões políticas, Saramago escreve um livro sobre o destino, tratando desse fator como um dado universal que não é causado por coincidência, e se o é, faz com que suas consequências sejam lógicas. O engraçado é que futuramente esse livro seria tratado de certa forma como um agouro na vida do Saramago, já que, depois da publicação de “O evangelho segundo Jesus Cristo”, livro que causou polêmica no seu país levando o autor a se exilar na ilha de Lanzarotti (fato que o próprio negou severamente até sua morte). Muitos dizem que o próprio Saramago criou sua jangada de pedra, vivendo longe das criticas sobre suas obras, sendo pouco perseguido pela mídia e tendo uma vida tranquila ao lado de sua esposa, Pilar.

​Ler Jangada de Pedra foi estar em conflito com a ideia de um povo perdendo sua identidade, nesse caso específico, os espanhóis e portugueses vendo serem próprios banidos, por forças da natureza, de seu território. De forma mais profunda, a jangada de pedra simboliza o estado de inanição de um povo ou indivíduo que sente-se de mãos amarradas, não conseguindo ele(s) próprio(s) tomarem uma iniciativa na resolução do problema, ficando como no romance, a observarem o navegador dos acontecimentos e seu destino. José Saramago, que nesse ponto de seus romances está totalmente maduro, consegue mesclar suas opiniões e críticas ao que estava acontecendo no seu próprio momento histórico, mostrando o quanto ele era antenado ao assuntos políticos que lhe mereciam atenção. Ler Jangada de Pedra não foi somente uma diversão, onde ficamos esperando ver o que acontecerá com o destino de seis personagens, foi mais que isso. É entender um pouco de posicionamento politico, entender contextos e dar graças por existir escritor tão belo quanto José Saramago.


site: http://bodegaliteraria.weebly.com/biblioteca/jangada-de-pedra-identidades-jose-saramago
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Dani 11/12/2015

Livro denso, comecei diversas vezes até me vincular. A partir de uma situação hipotética (a separação da península ibérica da Europa) Saramago desenvolve sua história apresentando o comportamento humano perante as adversidades. O livro é feito por personagens com alguns aspectos fantásticos misturados a realidade peculiar dos sentimentos humanos.
No decorrer da narrativa o autor entrelaça a história dos personagens com questões profundas para incentivar o pensamento.
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ElisaCazorla 26/10/2015

Onde estão as fronteiras?
Como sempre acontece depois que termino um livro do Saramago, fiquei completamente impressionada com a habilidade, o controle, a criatividade, a mente grandiosa desse autor incrível!
A Jangada de Pedra nos faz refletir sobre muitos assuntos, tais como, fronteiras, responsabilidades, culpa, morte, significado da vida, prioridades, relacionamentos, o desespero, as hierarquias e, como não?!, o poder do Estado. Lemos um livro do Saramago não porque queremos saber quais serão as resoluções e as explicações para os problemas que vão aparecendo no decorrer das páginas. Lemos um livro do Saramago porque nos dá ideias que são boas para pensar.
Podemos nos enxergar em cada um dos personagens dessa história. Mesmo assim, eles não são estáticos, são dinâmicos, cheios de vida e profundamente humanos.
Não é um livro para ser lido apenas uma vez, como qualquer livro do Saramago, porque está repleto de detalhes e ironias que podem passar despercebidas numa única leitura.
Ler Saramago é um prazer inestimável. Um privilégio poder ter a língua portuguesa como nossa língua mãe e poder ler Saramago no original. Um verdadeiro tesouro.
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Yuri 02/06/2015

Viajando sobre uma pedra que navega



Esse é o segundo livro que eu leio do Saramago, sendo o primeiro Todos os Nomes. Não é tão bom quanto. O começo é um pouco lento, mas depois de umas páginas pega no tranco e vai como se fosse numa ladeira. Saramago escreve em blocos maciços em vez de tijolinhos de alvenaria, isso deixa a leitura meio cansativa, no geral, não atrapalha, é só não ter pressa. Do mesmo jeito de Todos os Nomes, temos a história, mas o que importa mesmo é a técnica narrativa, que bota muito em pouco e tira leite de pedra. Saramago, se quisesse e estivesse vivo, poderia descrever o mundo todo a partir de um barbante.

A história é essa: a península ibérica se desgruda da Europa e sai pelo mundo ter suas próprias aventuras. Os personagens principais são seis, contando o cachorro e tirando a massa de pedra, cada qual acredita ter, de modo diretamente indireto, contribuído com a separação. Acompanhamos, usando de muitas ironias, a situação política, diplomática e social que causa ao mundo o passeio, criticando de tudo um pouco, com justas justificativas. É inteligente, porém, em certa altura do livro, o leitor percebe que na risada não há graça. O final é súbito, dá gosto. O autor acaba quando bem acha que, mesmo havendo muito para se contar, já não dá mais. Em outras palavras, entediou-se, apesar do termo não ser exato, dessa história e não vai tentar estourar o elástico das tramas. Só se dá próximo ao fim, além do óbvio esgotamento das páginas, pois de tão cansado que Saramago estava, cansado está você também ao terminar de ler.


P.S

Uma comparação interessante é com Dom Quixote, citado algumas vezes durante a a história. São livros sobre jornadas inusitadas de pessoas um tanto fora de si. Até divide-se em episódios, como no Quixote, não muito absurdos individualmente, e sim no contexto amplo do que ocorre. O autor parece, por vezes, quando começa a citar em cadeia ditados populares à lá Sancho Pança, querer fazer saliente o paralelo.
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Volnei 02/05/2015

A jangada de pedra
O que aconteceria se um dia parte do continente europeu se desligasse e passasse a vagar pelo oceano tal como uma jangada? Por toda cordilheira pirenaica estalam os granitos, multiplicam-se as fendas e a península ibérica se desgarra do resto do continente. Quatro personagens se unem por conta de coisas estranhas que também acontece com eles numa viagem utópica. Este ? um dos grandes romances da literatura portuguesa.

site: http://toninhofotografopedagogo.blogspot.com.br/ https://twitter.com/VolneiCampos
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Bruna 20/10/2014

Um incidente geológico, onde a Península Ibérica se desprende do resto do continente e fica boiando pelo oceano. Uma epopeia, escrita por um gênio da literatura portuguesa, quiçá o maior.
No exato momento onde Joana Carda risca o chão com uma vara, Joaquim Sassa joga uma uma pedra ao mar, José Anaiço sendo seguido por milhares de pássaros estorninhos,Pedro Orce batendo os pés no chão e sentindo o estremecimento da terra,Maria Guavaira puxa o fio de lã que se estende em demasia,esses fato unem os cinco personagens principais que juntamente com um cachorro, saem em uma viagem poética.
O lado crítico de Saramago, foi bem usado com doses de ironia para expor comentários críticos de seu descontentamento com a comunidade européia.Um livro e tanto,eu diria.
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