Phen0 19/01/2024
Eu diria que esse livro engana quem lê. Se eu fosse avaliar a história em si, ela não é nada de demais, e é exatamente por isso que engana. É uma história aparentemente despretensiosa, que mostra o dia-a-dia do protagonista, nada mais, nada menos. Esse tipo de narrativa, por mais simples que seja, sempre me agradou (seja lá por qual razão) mas quem achou entediante deve ter odiado o livro ou largado ele na metade.
Entretanto, conforme as páginas vão avançando, você vai começando a entender o ponto do livro, que não é em torno da história, mas sim da psiquê do protagonista. Desde as primeiras páginas do livro, a narração é feita por uma pessoa extremamente ansiosa, e eu me sentia ansiosa junto enquanto lia, pois as informações pulavam rápido de uma coisa a outra, sem conclusão, com diversas emoções envolvidas nesses vários pensamentos. A início, o livro aparenta mostrar realmente uma angústia da parte dele, já que a narrativa parece começar meio triste ou depressivo, mas conforme vão se passando as páginas, o foco parece mudar de angústia a uma vida apática, do apática ao ódio e do ódio ao desespero. Sinceramente, eu diria mais que eu sentia agonia vindo do personagem, do que mesmo angústia. Mas enxergo que a agonia e todas as demais emoções devem ter sido originadas da angústia, então entendo o título do livro (porém eu o mudaria para "agonia").
Além disso, o protagonista é complexo. Extremamente problemático, especialmente com seus problemas de raiva exacerbada, que beiram ao doentio, com sua perseguição, possessividade e obsessão. Você vai lendo acreditando que ele só é um sujeito decepcionado com tudo devido a vida normal que leva, já que a irritabilidade dele é normal no início, mas ela vai piorando e ele vai mostrando cada vez mais um lado sombrio, que parece demonstrar traços de sociopatia.