Caio.Crispim 16/11/2024
A língua é um soco no estômago
Logo na dedicatória ela dedica o livro a tudo, criaturas míticas e às pessoas que fizeram dela ela. Contudo, o livro é incompleto, pois é uma pergunta sem resposta, a qual ela dá ao leitor a missão de dar-lhe uma. E a minha é: um sopro de vida, à pergunta de: o que é isto.
Clarice toma a forma de Rodrigo S.M para cumprir seu dever, que pela primeira vez foi obrigada a contar (ou cuspir), visto que depois dele se sentiu em paz, soprou sua vida no papel e se foi, deixando-a gravada nas folhas da obra. Sua hora da estrela chegou ao começo com a obra, todo seu peso ela descarrega no narrador que convive com inúmeras Macabéas, cujas não descansam nem na hora da morte, posto que deseja-se morrer.
O fim de sua vida fútil, sem compromisso marca sua chegada no mundo. A vida foi um soco no estômago e desse soco surge a linguagem na vida de Clarice; uma linguagem sem precedentes, uma linguagem humana como Macabéa: esperançosa, curiosa, enigmática e ingênua, como Clarice e o povo brasileiro.