Vitamin

Vitamin Keiko Suenobu
Keiko Suenobu




Resenhas - Vitamin


55 encontrados | exibindo 31 a 46
1 | 2 | 3 | 4


Mutante0 22/10/2024

Um mangá super pesado e necessário!
Vitamin é mais uma das obras sobre bullying da autora Keiko Suenobu.

Já li outra obra dela chamada Life e gostei tanto que comprei esse volume único pra conhecer mais do trabalho dela. Isso foi há 12 anos atrás.

Levaram 12 anos pra eu ouvir um podcast (Mangá ao quadrado) sobre a manga grafia da autora e relembrar que tinha Vitamin ainda lacrado na minha estante esperando ser lido. Eu pensei: "se não ler agora eu nunca mais vou ler."

Tô muito feliz com minha decisão. Essa obra é a síntese de todo o trabalho da autora. Sinto que todos os temas que ela gosta de abordar, tudo o que ela quer falar está aqui nessas páginas, de forma resumida, um ritmo um pouco acelerado pra caber em 200 páginas. Mas tá aqui.

Claro que não é a obra máxima dela, eu mesmo só li Life e gosto mais do que esse. Mas Vitamin me parece ser o resumo perfeito da mensagem que a autora quer passar com suas obras.

Fica o alerta de que é uma obra pra um público acima de 18 anos. Então tem sexo, tem abusos de vários tipos, muita violência, é uma história bem pesada, que dá vontade de parar de ler em vários momentos, mas que usa tudo isso de uma forma satisfatória no final. Não é só uma violência gratuita pra chocar.

A autora compila tudo isso em um volume único, pras pessoas conhecerem o trabalho dela em uma obra fechada de leitura muito rápida. E se quiserem mais ela fez vários outros mangás enormes que aprofundam esses mesmos temas.

Eu quero muito fazer algo parecido um dia. Até lá eu sigo fazendo o Autocuidado, meu mangá enorme que fala sobre tudo que eu queria falar pro mundo.
comentários(0)comente



efemeramente 13/02/2024

Até que interessante mas tudo muito meia boca ???????????????????????????????????????
comentários(0)comente



Ester.Branquinho 12/03/2024

Perfeito
Todo mundo tem que ler esse manga, principalmente aqueles que romantiza o Japão e a escola la, esse manga é exatamente como vários relatos de ex estudantes de la falam que é.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Priscilla 05/06/2024

Esse mangá tem uma temática pesada sobre bullying, mas sendo bem sincera eu não me senti tão impactada assim da primeira vez que eu li, anos atrás. Agora na releitura eu entendi bem mais o peso da história retratada.
A arte é simples e passa a mensagem muito bem sem ser muito fofinha ou poluída. A jornada de superação da protagonista é difícil, demora tempo e ela teve que encontrar um jeito de superar toda essa situação sozinha. Dá para sentir ela pedindo ajuda para qualquer um que pudesse ajudar, mas ver os adultos e o sistema tóxico não fazendo nada para ajudar e às vezes até atrapalhando revolta muito.
A releitura me deixou muito mais impactada do que minha primeira leitura e tenho certeza que é por que eu mesma tive que passar por um momento ruim e ninguém a minha volta realmente me ajudou a ?sair do fundo do poço?. Eu tive que aprender a me reerguer sozinha, com minhas próprias forças e determinação. A comparação entre o sofrimento da protagonista e esse momento da minha vida me proporcionou uma visão bem diferente da que eu tinha antes em relação a essa história.
comentários(0)comente



PatyLais 29/01/2022

Bom
No início fiquei com dó de tudo que ela estava passando, depois não estava compreendendo a ?rebeldia? dela. Mas entendo que é uma situação bastante complicada.
comentários(0)comente



Juliana 22/09/2018

Sobre bullying, superação e coragem para seguir um sonho
Ainda há uma enorme dificuldade por parte das pessoas, e principalmente das escolas, em refletir, discutir e lidar com o bullying no cotidiano. Isso, junto a falta de debates, torna-se um empencilho na identificação do bullying por parte das pessoas ou até mesmo levar a sério um problema que é a causa de depressão e até mesmo de suicídios.

Nesse sentido, obras engajadas são de muita importância para melhor visualização e identificação do problema. Vitamin não é didático, mas sim, escrachado. Publicado em 2001 e trazido ao Brasil em 2015 pela JBC, o mangá de volume único segue a vida de Sawako Yarimizu, uma estudante de 15 anos que é flagrada por um colega de turma após ser forçada a fazer sexo com seu namorado (lê-se estupro) e vê sua vida virar de cabeça para baixo e se tornar um inferno.

Antes mesmo da temática principal da obra, é válido destacar a relação de Sawako com o namorado e o quão problemática ela é. Ainda nas primeiras páginas, a autora expõe o desconforto que muitas garotas enfrentam em seus relacionamentos, sendo submetidas a relações sexuais forçadas e tendo suas vontades ignoradas em prol das do parceiro. O bullying que segue não é por causa da sua aparência, do seu cabelo ou do seu corpo, mas sim, porque Sawako vive em um sociedade que não tolera a liberdade sexual das mulheres. Mas essa questão acaba aí, uma vez que isso era parte de uma discussão que não tinha espaço no ano de publicação do mangá. O foco da obra vai totalmente para os problemas que ela enfrenta sem abrir essa discussão - um problema que a sociedade japonesa enfrenta ainda hoje, como foi visto no caso da cantora Minami Minegishi.

O mangá segue de maneira fluida e muito rápida, mas não menos marcante. As cenas de violência contra Sawako são abertas e muito explícitas, o que gera um necessário desconforto no leitor e expõe batalhas diárias vividas por muitos estudantes não só japoneses que, mesmo quando denunciadas, não recebem a atenção que merecem. Quando seu professor diz que "os jovens de hoje em dia são muito sensíveis" expõe a banalização do problema pela direção e corpo docente das escolas, que só dão a devida atenção ao problema em casos extremos - de suicídio.

Sawako, ainda sem revelar a seus pais o que realmente está vivendo na escola, abandona os estudos temporariamente. Nesse tempo em casa, deixa de lado as preocupações com notas baixas e com a necessidade de aprovação em uma boa escola para cursar o ensino médio e redescobre uma paixão a qual passa a se dedicar: desenhar mangás. Através da arte, Sawako descobre um meio de canalizar e expressar a dor do bullying enfrentado na escola, fazendo das pessoas que tiveram real participação nesse momento - seja essa boa ou ruim - personagens de uma história que realizou seu sonho, algo que sugeriu que os fatos narrados em Vitamin talvez não tenha sido uma mera ideia vinda da cabeça da autora, mas uma vivência dela.

Mas Vitamin não se vale somente do sofrimento de sua protagonista, mostrando também que é possível florescer em meio a dificuldade, que a vida vale a pena assim como descobrir - ou redescobrir - as coisas que realmente importam. Apesar de todas as qualidades, a obra não explora a perspectiva do bullie, que muitas vezes pratica violência contra outras pessoas por desequilíbrios emocionais e problemas pessoais.

Vitamin tem uma arte em traços finos que não ameniza a dureza das situações vividas pela protagonista. Com fluidez, as páginas passam de forma que o leitor mal percebe. É um mangá cuja leitura se faz muito importante em um momento em que a causa tem ganhado a devida importância, mas que ainda faz muitas vítimas que, em muitos casos, não veem luz no fim do túnel, seja por falta de apoio familiar, seja por descaso da escola.









site: https://cafepoetisa.wordpress.com/
comentários(0)comente



Téh Moura 09/01/2016

Muito bom!
Não vou mentir, eu tive alguns problemas com o mangá, no começo. Absolutamente todos os personagens me irritavam, incluindo a protagonista, pois ela era muito passiva. Só que eu fui pensando melhor e vi que isso de forma alguma era um demérito. Eu mesma já fui um pouco passiva na minha vida, e existem outras trilhões de pessoas passivas nesse mundo, novas e velhas. Passado esse incômodo, aproveitei muito bem o mangá. A leitura é bem fluida, apesar de ser bem pesada em algumas partes. Os sentimentos da protagonista e o seu desenvolvimento foram muito bem trabalhados. Toda a dor dela, o medo e a ansiedade são muito palpáveis. O único real problema que eu vi nesse mangá foi a passagem de tempo, que não ficou muito bem marcada em algumas partes. De um quadro para o outro, simplesmente passaram-se semanas. Não é algo que realmente tenha piorado a experiência de leitura, mas eu acho que a mesma teria sido bem mais proveitosa se essa passagem de tempo fosse mais explícita e perceptível.
comentários(0)comente



Ricardo 25/01/2016

Libertação
Sim, Libertação é a palavra adequada que me veio a mente quando terminei de ler a última palavra da última página, os problemas apresentado por esse mangá são problemas apresentados por pessoas em todo o mundo, a história comovente cria uma identificação com o leitores que sofreram e sofrem com Bullying até hoje, e mesmo com as dificuldades em casa sem o apoio de sua mãe, Sawako Yarimizu encontra forças para lutar de frente com seu problema.
Com uma Trama que te prende do inicio ao fim do mangá, a história flui e sua conclusão é excelente, uma grata surpresa.
comentários(0)comente



Lekatopia 30/03/2016

Tão pesado quanto sensível
Vitamin, mangá em volume único de Keiko Suenobu (a mesma de Limit, cujas primeiras impressões vou postar em breve!), foi um dos lançamentos mais importantes da JBC ano passado e demorei mais do que devia para colocar minhas mãos nele. É um título que, como todo o trabalho da autora, trata de bullying no ambiente escolar.

Se você ler a premissa de Limit e Vitamin, com certeza vai achar que Limit é a obra mais pesada entre as duas. Em termos de premissa pode até soar dessa forma. Mas a brutalidade de Vitamin, que para mim é uma obra muito mais densa e soco no estômago, está justamente no fato desta ser uma história como qualquer outra, um slice of life. Não exige uma situação extrema. Exige dia a dia. Exige estereótipos sociais que perpetuamos sem perceber. Exige slut-shaming. Exige aquele fenômeno engraçado de insensibilidade dos grandes grupos (em que ninguém assume responsabilidade, sempre acreditando que outro irá fazê-lo). Podia ter sido na sua escola ou podia ter sido com você. E qualquer um de nós poderia fingir que não tem nada a ver com a gente se acontecesse no nosso grupo social. É saber que a insensibilidade podia ser sua (ou minha) o que desconcerta, e esse é o grande trunfo de Vitamin.

Vitamin conta a história de Sawako, uma estudante do ensino médio que leva uma existência normal até o dia em que um colega de classe a flagra transando com o namorado em uma sala de aula (aqui a gente precisa abrir um parêntese para eu dizer que fiquei em dúvida se era consentido ou não a conclusão óbvia é que se há dúvida, é porque não é). Depois disso e por esse simples fato, a vida de Sawako se torna um inferno de slut-shaming com desenhos e palavrões no quadro-negro, a camisinhas espalhadas pela sua mesa e agressões no vestiário feminino. O namorado que, claro, termina com ela e ainda diz a todos que não era ele que havia sido flagrado com Sawako passa por algo similar? ÓBVIO que não, afinal Sawako é a garota, ela é que não poderia ser fácil desse jeito. É como as vítimas de estupro, que não deviam ter usado minissaia em primeiro lugar...Esses absurdos parecem familiar com o que a gente escuta por ai?

Não vou contar toda a história, mas Sawako passa por muitos abusos, físicos e mentais, e as cenas são bem chocantes. Tão chocantes, na verdade, que logo após a leitura esse era um dos pontos que eu pretendia colocar na resenha como algo que não me agradou tanto por parecer irreal, um exagero da parte de autora. Ia dizer que se a autora tivesse usado situações menos extremas a história de Sawako talvez ressoasse ainda mais com as pessoas. Mas não vou falar nada disso, sabe por que? Antes de começar a escrever a resenha, fui pesquisar um pouco sobre bullying no Japão porque tem me chamado a atenção a quantidade de obras de TV (doramas) e mangás a respeito e ao que parece o bullying nas escolas japonesas costuma assumir uma nuance muito mais violenta do que estamos acostumados a ver nas escolas brasileiras. Eu fiquei chocada ao ler uma história que recebeu muita cobertura na mídia japonesa, sobre um garoto de 13 anos que se suicidou após ser queimado com bitucas de cigarro, obrigado a furtar em lojas e até a simular o próprio suicídio pelos colegas de classe. Não estou dizendo que não há bullying no Brasil e que ele não toma proporções severas ou violentas, ok? É claro que há e claro que ocorre de várias formas diferentes. Mas me surpreendeu a quantidade de matérias e debates falando sobre o problema no Japão (atualmente a maior causa de mortes no Japão no grupo de 10 a 19 anos é suicídio), o que me fez achar que as coisas realmente assumem um contorno diferente por lá e o retrato de Keiko Suenobu em Vitamin não seja algo tão extraordinário quanto eu imaginava.

Mas voltando a nossa protagonista. Ela resiste, luta, mas eventualmente fica deprimida e não quer mais ir à escola, sair da cama...O único conforto vem dos mangás que ela adora desenhar. Esse apoio da protagonista nos desenhos e o relacionamento dela com os pais são arcos de grande importância na história também. E sendo um único volume de três capítulos apenas, me surpreendeu quantos temas a mangaká conseguiu trabalhar e conectar, sem nunca parecer raso ou algum tipo de pregação.

Eu saí da escola há muito tempo e me formei na universidade há alguns anos, mas não há como não se deixar afetar por Vitamin.

A obra me fez chorar e fazia MUITO tempo que eu não chorava lendo um mangá. Talvez a última vez tenha sido em Fruits Basket, há quase dez anos. Enfim, faz tempo. Mas que sensação boa, catártica sou dessas, adoro chorar em ficção. Chorei com Sawako, quando ela era humilhada, mas chorei principalmente ao ver o relacionamento dela com sua mãe que é realista, difícil, mas cheio de amor.

Não é um mangá perfeito, mas é muito bom. As falhas na verdade não chegam a ser falhas, mas são principalmente restrições impostas pelo número de capítulos da obra (três). Se fosse mais extensa, certamente a autora conseguiria dar mais profundidade aos algozes de Sawako, que para nós são rostos sem nome e sem contexto. Por outro lado, essa talvez tinha sido a intenção da autora desde o começo o bullying é algo, afinal, que está relacionado também a esse sentimento de indiferença ou histeria coletiva que a massa permite, na qual ninguém se responsabiliza ou se sente parte do problema, que sempre é o outro e "do outro".

Leia Vitamin. Não é uma obra para todo mundo, mas é uma experiência ficcional que deveria ser para todos - mesmo que você conclua que não gostou.


site: www.lekatopia.com
comentários(0)comente



Laryssa.Pinheiro 05/04/2016

A vida de Sawako é perfeita, ela tira boas notas, tem muitas amigas, pais amorosos, é bonita e ainda por cima tem um namorado lindo e muito popular. Apesar disso, ou exatamente por conta disso tudo ela é insegura, buscando sempre agradar a mãe e a aceitação das pessoas á sua volta, mesmo que isso envolva suprimir seus verdadeiros sentimentos. Sua vida escolar segue tranquila, até que um de seus colegas de classe a flagra fazendo sexo oral em uma das salas de aula da escola, e sua vida muda para sempre.

Capa, Arte, Finalização: A capa é simples e não dá nenhum indício da trama em si, eu inclusive não havia lido a sinopse e me surpreendi muito com o conteúdo, achei isso ótimo - surpresas literárias são sempre boas, já ajuda a acabar com o tédio, por outro lado não sei bem se gostaria de ler se soubesse o que o mangá abordava, o tema para mim já está um tanto saturado. A arte é comum mas bem feita e isso se explica enquanto lemos a história, o protagonista desse mangá é a trama em si, e ao background, traços e etc... São consequências disso.

Concluindo: Inicialmente eu não gostei muito da leitura como um todo, até pensei em parar na metade, e confesso que conclui a leitura mais por obrigação do que por vontade, mas do meio para o final a história se tornou inspiradora e Sawako se mostra guerreira, tomando o controle da trama e a atenção do leitor. A única ressalva que acho importante comentar é que tendo uma censura de 18 anos, teoricamente esse mangá não seria dirigido ao seu público alvo, ou seja, adolescentes - apesar de não acreditar que os postos de venda respeitem as faixas de censura.

site: http://trechosdelivros.com/vitamin-keiko-suenobu/
comentários(0)comente



shesmarshmallow 19/10/2016

Qual a sua vitamina?
Um mangá incrível que aborda de forma muito competente e respeitosa o Bullying e como pode afetar uma pessoa, mas também sobre autoaceitação, superação e busca de um sentido para viver.
Todos deveriam ler para ter mais empatia sobre o assunto.
comentários(0)comente



Luiza 19/10/2016

Ache sua vitamina
O mangá, basicamente, mostra a mudança na vida de uma menina a partir de um posicionamento. Ela deixa de tentar agradar os outros - o que a deixava infeliz e causou um grande sofrimento - e passou a ser dona de seu próprio futuro descobrindo e insistindo em fazer algo que a satisfazia - protagonizando uma incrível "virada de jogo".

Importante leitura!
comentários(0)comente



Paulo 15/01/2018

O tema do bullying já foi abordado de diversas maneiras diferentes por autores diferentes. Sempre é um tema de impacto, dependendo da maneira como o autor explora o tema e como ele direciona o desenvolvimento da história. Keiko Suenobu dirige a temática para a história de uma menina que precisa enfrentar situações bem complicadas. Através do seu problema com o bullying ela vai percebendo outros problemas de sua personalidade.

O roteiro é bem fechadinho. Temos aqui uma história em volume fechado com uma clara delimitação entre início, meio e fim. A autora amarra todas as pontas soltas apesar de eu achar que ela poderia ter explorado melhor as descobertas que a Sawako faz sobre si mesma. Os problemas da personagem com o bullying são bem trabalhados e o leitor vai acompanhando a escalada dos acontecimentos. O roteiro da autora é bem verossímil e realista. Alguns alegam que determinadas situações são fortes e não condizentes, pois eu digo o contrário: a autora até pegou leve. Achei o encerramento da história bastante satisfatório; não chega a ser um final ideal, mas é um final adequado para a personagem. No fundo a história acaba passando uma mensagem bem positiva, sem qualquer lição ou moralismo barato.

Entretanto, eu não gostei do traço da autora. Mesmo para um shoujo, o traço dela é esticado e estereotipado demais. Alguns momentos passa até uma ideia de que não houve uma arte-final, principalmente no segundo capítulo. O que eu gostei muito é como a Suenobu trabalha com a expressividade ou a falta dela na história. Sawako é muito expressiva; ela não esconde os seus sentimentos. Já na escola vemos como a autora trata os colegas da protagonista como se fosse um coletivo: sem expressão, sussurrando pelos corredores, olhando por sobre o ombro. Esse efeito de "manada" ficou sensacional e revela como o ambiente da escola pode ser opressivo. No segundo capítulo, os cenários chegam a ser claustrofóbicos. Até mesmo o quarto bagunçado da Sawako passa essa impressão. Temos algumas cenas de sexo (poucas e não tão explícitas), portanto, fica de alerta para aqueles que não curtem esse tipo de cena.

A autora trata do tema de uma forma bastante madura. Em alguns momentos passa a impressão de que ela teria vivido aquilo (no pós-créditos ela não comenta a respeito). Como a narrativa é muito focada na Sawako, a gente tem uma história bastante intimista em como uma personagem que antes era popular e cercada de amigas, subitamente se vê sozinha e sendo atacada por todos os lados. O bullying é angustiante e a gente fica pensando o tempo todo que vai aparecer alguém para ajudar a personagem. Ficamos esperando isso acontecer (se vai ou não, aí já é spoiler e eu não vou contar). Esse é o aspecto vira páginas da narrativa. A gente quer que tudo se resolva da melhor maneira possível porque Sawako vai entrando em uma espiral de depressão que chega a momentos bem críticos. E isso é revelador de o quanto o bullying pode acabar com a vida social de uma adolescente e causar mudanças graves na cabeça deles. E olhe que se tratou apenas de um rumor.

Vemos todos os lados do bullying escolar: o rapaz que finge que nada fez, os colegas que atacam de uma hora para outra, o professor que não compreende a situação e tenta minimizar. Quem já passou por uma situação semelhante ou em menor grau sabe do que estou falando. Muitas vezes aquele que sofre com o bullying precisa resolver ele mesmo a situação, isso quando consegue. Normalmente os mais afetados por este problema são os mais frágeis. Aqueles que vivem em uma redoma de vidro e não conhecem como o mundo pode ser um lugar selvagem. Não há exageros aqui; como disse acima, já vi casos piores tanto no aspecto físico como no psicológico. Crianças e adolescentes podem ser bem maldosos quando assim desejam. Muitos de nós temos a falsa impressão de uma inocência infantil que nem sempre é verdadeira. O universo escolar é um universo à parte onde existem os populares e os desfavorecidos. Alguém pode sair de um status para o outro da noite para o dia, sem mais nem menos.

Gostei também de como a autora trabalhou o sistema familiar da Sawako. Apesar de ser um ambiente fortemente influenciado pela cultura japonesa, nós temos exemplos de famílias no Brasil onde essa situação se repete. É o caso do filho ou da filha seguindo as tradições ou o "emprego" da família. Uma criança impressionável ou carente pode ter o mesmo tipo de desejo que a Sawako: apenas um sorriso ou um voto de aceitação. Lutar contra a maré, expor aquilo que realmente se deseja não é uma atitude comum e exige muita força de vontade. Podemos ver na história o quanto a Sawako precisou sofrer para conseguir pôr para fora aquilo que ela realmente sentia. E pudemos acompanhar o quanto a mãe não era capaz de compreender o real desejo de sua filha. Muitas vezes o que achamos que irá fazer bem é apenas uma prisão. Claro que não podemos liberar geral e permitir tudo, mas perceber quais são as vontades e o quanto podemos contribuir para que um sonho possa se realizar. Há de se ter cuidado para não projetarmos os nossos desejos em nossos filhos.

Vitamin é uma história emocionante sobre uma situação muito real que acontece diariamente em muitas escolas de várias partes do mundo. Com uma narrativa bastante emotiva e uma personagem fascinante, só me incomodou o traço da autora que não me agradou muito. Mas, as discussões feitas na história são bastante pertinentes e merecem um debate mais amplo.

site: www.ficcoeshumanas.com
comentários(0)comente



55 encontrados | exibindo 31 a 46
1 | 2 | 3 | 4


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR