SamellaFonseca 22/05/2016Resenha exclusiva para o blog SammySacional
Por mais sonhadora que fosse com o mundo da música e levasse à sério suas composições, Roxanne Winchester nunca acreditou de verdade que tal sonho seria alcançado. Até sua mãe revelar que a havia inscrito em um concurso de música para estrelar uma nova série de TV e, em seguida, descobrir-se a grande ganhadora. Partindo, então, para Los Angeles, deixando sua mãe, seus amigos e sua velha Nova York para trás, a garota se vê realizando seu tão esperado sonho, seguindo como cantora e atriz principal de uma nova série adolescente que tem tudo para bombar em Hollywood. A vida não poderia estar mais perfeita para ela, então conhecida como Pixie Roxy, mas aos poucos, a nova estrela irá descobrir que nem tudo são flores no mundo da fama e que sua tão querida Hollywood, palco da realização de seu sonho, também pode vir a tornar-se um verdadeiro pesadelo.
Já fazia algum tempo que eu conhecia o livro de estreia de Bruna Fontes e havia ficado curiosa com o enredo, por mais que confusões entre famosos não seja um tópico que me atraia de verdade, mas uma vez que era a realização do sonho da protagonista, eu havia me interessado pela história à princípio. Esse interesse acabou por aumentar, por fim, quando passei a acompanhar as novas e mais recentes histórias da autora no Wattpad e, após me envolver completamente com seus enredos por lá, resolvi que nada melhor que não ler de uma vez o seu romance de estreia. E a verdade é que, com uma diferença de mais ou menos dois anos entre suas atuais publicações, a escrita de Bruna Fontes tem evoluído muito, o que não anula, porém, a fluidez e grande capacidade da autora para envolver o leitor em seus livros, quaisquer que sejam as tramas, personagens e pessoas de narração, e assim sendo, fui envolvida por La La Land e seus personagens da mesma forma que Sob o Mesmo Teto.
“— Bem-vinda a Hollywood, querida. Mentiras é o que há de mais abundante por aqui.”
Roxanne é uma garota americana comum, apaixonada por música e sempre acompanhada de seu violão, compondo à qualquer hora e lugar, sua então única fuga dos conflitos do dia-a-dia em uma escola em que ela, como bolsista, tem de aprender a sobreviver em meio às críticas e provocações da elite popular e rica até o Ensino Médio acabar. Quando tem seu sonho realizado, no entanto, a vida da garota muda drasticamente e de garota excluída do colégio ela passa para a estrela de TV e da música que atrai verdadeiras multidões de fãs por onde passa. Mas nada é perfeito, e Roxy começará a dar-se contar disso, aos poucos, com a entrada de Luke em sua vida, então filho de seu empresário e conhecido por ser um verdadeiro garoto problema de Hollywood, que deixa um rastro de corações partidos por onde passa. Sua primeira impressão à Roxy não é das melhores e, já conhecedora da fama do rapaz, ela nem se dá ao trabalho de lhe dar atenção, mas quando ele vira seu guarda-costas oficial à mando do próprio pai, os problemas começam a surgir. Sua escapatória acaba por ser um grupo animado e amigável de colegas de elenco, Justin, Emma e Freddie. Este último, no entanto, não vai facilitar muito a vida da nossa estrela, e acabará por envolver-se com ela, dando início a um triângulo amoroso que, juntamente com outros acontecimentos inesperados, irá virar a vida de Roxy do avesso.
“Alguns chamariam de negatividade. Outros de realismo. O fato é que eu estava pouco me lixando para o nome que davam. Eu morria de medo de falhar. Porque se existe uma coisa com a qual eu nunca soube lidar é com a frustração.”
Em meio ao turbilhão de acontecimentos que vira a vida de Roxy, realmente alternando entre tudo bem e tudo errado ao mesmo tempo, irritei-me um pouco com a personagem nesses momentos. Não me entendam mal, mas pela educação dela em Nova York com a mãe, por tudo o que ela presava em sua vida normal, à medida que ela vai vivenciando mais e mais esse novo mundo de fama e glamour, senti que sua personalidade foi sofrendo muitos abalos e por vezes certos erros que ela cometia eu não compreendia. Sim, ela era humana, acima de qualquer coisa, mas também tinha um jeito próprio de pensar sobre muitas coisas que muito havia me agrado e com o qual eu mesma havia me identificado no início do livro, mas com o passar da leitura, senti como se ela estivesse ignorando tudo isso e caindo de cabeça em determinadas e arriscadas situações por puro impulso e teimosia, e fiquei um pouco reticente com ela nesses momentos. Todos cometem erros e com ela não seria diferente, mas acho que, da forma como certas coisas ocorreram, ela sucumbiu a determinadas situações com muita facilidade para alguém que havia se mostrado tão firme no início de tudo.
“— Sabe, Roxanne, ao contrário das outras pessoas, eu não fico me lamentando pelos cantos. Isso vai fazer as coisas mudarem? Vai melhorar algo? Meu lema é ‘Encare a tristeza sorrindo’”.
Ainda assim, relevando brevemente esses momentos, a leitura conseguiu fluir bem. Principalmente quando, não bastasse o fuzuê que a vida dela já estava por si só, Corbin, seu melhor amigo de Nova York, acaba por marcar ainda mais presença na trama, indo para Los Angeles a fim de fazer uma busca pessoal que até então tem grande impacto em sua vida. Para isso, porém, ele precisará remexer um pouco o passado de toda a situação, em busca de respostas, e talvez nem todos os envolvidos nele de alguma forma gostem de reaver esse acontecimento e deixá-lo descobrir a verdade que tanto o confunde e angustia. Admito que, nesses momentos, a leitura se acelerou um pouco mais, já à caminho do final, uma vez que eu me via quase tão intrigada e curiosa quanto os próprios personagens por descobrir esse segredo aparentemente guardado a sete chaves, e foi aí que, aos poucos, vi-me não apenas cativada pelos personagens já apresentados até então, como, ainda mais, à Corbin e toda sua busca.
“Eu havia passado pelo meu primeiro terremoto de grande escala na Califórnia. Mas, diferentemente de qualquer outro, não fora a terra que tremeu. Fora a minha cabeça e a de todos aqueles que estavam ao meu redor.”
O romance, por fim, foi o único tópico que me deixou realmente dividida. Uma vez tratando-se de um triângulo amoroso, eu normalmente sempre acabo por torcer pelo lado mais óbvio ou mais seguro - na maioria das vezes, pelo menos -, mas dessa vez a minha escolha sofreu abalos diversas vezes. Eu simplesmente não sabia por quem torcer mais, Luke ou Freddie, porque a verdade é que ambos, cada um a seu modo, completam a Roxy de um jeito único; o primeiro de forma mais apaixonada e intensa, e o segundo de forma mais delicada e doce, como um porto seguro para ela, e por mais que eu tenha gostado muito de Freddie a maior parte do tempo, pela sua maior sensibilidade e carisma, Luke tinha, sim, seu charme e em determinados momentos ele sabia o certo a se falar mais do que ninguém, de uma forma tão firme e sincera, apesar de um tanto irônica, que não deixei de simpatizar-me com ele também. No fim das contas, eles são todos humanos, e por entre erros e acertos, qualidades e defeitos, o veredito final será do coração de nossa protagonista.
Enfim, La La Land - O Sonho Americano é uma boa pedida para quando se quer um bom drama adolescente, com um pouco de profundidade e bom humor, apresentando uma ambientação que certamente atrai a muitos leitores ao retratar, de forma quase real e muito crível, a rotina badalada e corrida de uma celebridade em ascensão, ainda que por entre seus perrengues naturais da vida como adolescente, com um grupo de personagens que, cada um a seu modo e momento, cativam o leitor de forma única e envolvente. Recomendadíssimo!
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