ka mcd 09/04/2013
Insurgent
A primeira coisa que fiz ao terminar de ler Divergente foi correr para o computador para dar um jeito de conseguir Insurgente e, quinze minutos depois, lá estava eu com o ebook dele em meu kindle. Eu comecei com gás total, louca para saber como aquela situação com a Erudição e a Audácia poderia se resolver. E, apesar dos pesares, esse gás não diminuiu em momento algum da minha leitura.
Quando penso agora em Insurgente, me lembro de ter passado por mil fases diferentes. Angustia, medo, tristeza, desconfiança, raiva, felicidade, surpresa e ódio foram algumas delas - e as mais marcantes. Veronica conseguiu escrever tudo de uma forma tão real que é como se realmente estivéssemos ali e fizéssemos parte daquela guerra. Tudo parecia tão real e arrebatador; eu ria, me irritava e entrava em pânico com as personagens.
Então vocês já podem imaginar que Insurgente me impressionou. Completamente. Mas, ironicamente, também me decepcionou.
O plot de Insurgente é como o de Divergente e – talvez ainda melhor. Temos a guerra que está dividindo as facções, a revelação dos verdadeiros motivos por trás das atitudes da Erudição, os sem-facção sendo verdadeiramente apresentados à nós (com uma surpresinha de brinde), acordos políticos e o final do mistério sobre o que aconteceu com o resto do mundo. Todos esses acontecimentos transformam o livro em algo frenético e viciante.
Mas esses são acontecimentos que envolvem a sociedade inteira, mas ainda temos aqueles que envolvem Tris especificamente.
E agora chegamos ao que me decepcionou no livro: Tris.
Ela foi, como disse na minha resenha de Divergente, uma personagem deliciosa de se acompanhar, mas se mostrou completamente o oposto neste livro. Ela virou uma pessoa fraca, medrosa e deprimida - traços que ela antes desprezava. Chorou até secar (lembram como ela morria de medo de expor suas fraquezas?), deixou de se proteger por medo de usar uma arma e arriscou sua vida várias vezes para ver se a morte a encontrava. Eu quase não consegui reconhecer a garota que aprendi a gostar em Divergente, mas ela aparecia raramente.
Em suma: a Tris de Insurgente não faz jus a Tris que conhecemos em Divergente.
Entendo que ela precisasse passar um período de luto e dor na consciência pelos acontecimentos anteriores, mas não podia se deixar levar pela dor, afinal ela está no centro de uma guerra. Ainda assim, ela mostrou que ainda é aquela garota extremamente inteligente e astuta - mas foram poucas as vezes em que simpatizei com ela... e também com Four.
"As pessoas, eu descobri, são camadas e camadas de segredos. Você pode acreditar que as conhece, que as entende, mas seus motivos sempre estarão invisíveis para você, enterrados em seus corações. Você nunca as conhecerá de verdade, mas de vez em quando você decide confiar nelas."
Four parecia estar aguentando bem as coisas no começo do livro, mas depois de certos acontecimentos tudo que ele sabia fazer era deixar seus preconceitos impedi-lo de enxergar a verdade. Ele se deixou ficar cego pela ignorância e bateu de frente com Tris mil vezes antes que percebesse como estava errado – se bem que ele também esteve certo em alguns momentos, mas, no geral, os dois brigaram por coisas bobas que poderiam ter sido evitadas com um pouco mais de conversa.
Mas posso jurar a vocês que eles se redimiram lindamente no final (lá pelas ultimas 4 ou 5 páginas do livro). Ah, sim, o final.
Aquele final que pode ser perfeitamente descrito como a cereja do bolo de Insurgente. Ele é chocante e revelador, respondendo toda e qualquer dúvida que poderíamos ter tido antes e abrindo espaço para milhões de novas perguntas e que nos deixa numa expectativa sem igual para o terceiro e último capítulo da história de Tris.
Como em toda trilogia que se preze, em Divergente Veronica Roth nos apresentou ao seu mundo e em Insurgente ela o explodiu de vez, revelando a verdade inescrupulosamente e nos preparando para lidar com a realidade aterradora que nos receber no último livro.
http://blogminha-bagunca.blogspot.com.br/2013/04/resenha-insurgente.html