Juliana3469 09/02/2024Uma ode amor carnal e naturezaCheguei a esse livro através do filme da Netflix, que me deixou com grande curiosidade ler o livro. O livro tem suas particularidades em relação ao filme, mas os dois se complementam.
No livro há espaço para o debate sobre luta classes - na oposição clara entre Mellors e Clifford, no jogo de poder/servidão entre mineiros e donos -, a abominação à modernidade/tecnologia e como elas afetam a natureza - sua destruição e modificação por meio da exploração e poluição, as relações humanas - como as pessoas passaram a focar mais no racional em detrimento do carnal, o que tornou as pessoas frias - e as estruturas (da antiga Inglaterra, das grandes casas e salões para dar lugar as casas de baixo orçamento).
E claro, um dos pontos mais debatidos na busca não só do prazer, mas também da compreensão de Connie, que encontra uma nova perspectiva de vida nas falas e ação de seu amante (apesar de o romance dos dois não me convencer tanto assim).
No fim, é um livro bem interessante. Pensei que seria mais maçante, mas acabou não sendo e trouxe algumas provocações.
Alguns quotes:
E vagamente ela se deu conta de uma das grandes leis da alma humana: que, quando a alma emocional sofre um choque incisivo que não mata o corpo, a alma parece se recuperar junto ao corpo. Mas isso é só aparência. é só o mecanismo, na verdade, da retomada dos hábitos. Lenta, muito lentamente, o ferimento da alma começa a se fazer sentir, como um hematoma, lentamente aprofunda sua dor terrível até ocupar toda a psique. E, bem quando pensamos que nos recuperamos e esquecemos, os piores efeitos subsequentes se manifestam.
Como ela odiava as palavras, sempre se interpondo entre ela e a vida! Eram elas que violavam as coisas, se é que algo o fazia: as palavras e frases pré fabricadas, que secavam toda a seiva das coisas vivas.
Não entendia a beleza que ele encontrava no toque em seu corpo vivente e secreto, quase o êxtase da beleza. Pois apenas a paixão é capaz de reconhecê-la e, quando a paixão está morta ou ausente, o pulsar magnífico da beleza é imcompreensível, até um pouco desprezível; a beleza cálida e viva do contato é muito mais profunda que a beleza da visão.
É essa a nossa civilização e educação: instruímos as massas a viver em função de gastar dinheiro.
E esse é único jeito de jeito de resolver o problema insdutrial: treinar as pessas poder viver, viver uma vida bela, sem precisar gastar.
Há tanto de você aqui comigo, na verdade, que é uma pena não estar toda aqui.