Heidi Gisele Borges 12/09/2012Mundo de Fantas http://mundodefantas.blogspot.com.brUma história fantástica!
Se alguém ainda acredita que não há bons autores nacionais de literatura juvenil, deve repensar. Ou melhor, deve ir correndo ler A grande criação de Nicolas (Llyr Editorial, 286 páginas, R$39), de Dennis Vinicius. A história não é apenas fantasia, tem também policial, aventura e bastante suspense.
Nicolas tem 12 anos e adora desenhar. E desenha bem! Vive com o irmão mais velho, Eduardo, e com a mãe, Solange. Na noite de Ano Novo os irmãos e os amigos resolvem ir pescar, meio receosa, Solange permite. Mas algo ruim acontece: um acidente de carro em que apenas Nicolas sobrevive, e se sente culpado por não se lembrar do que aconteceu. A mãe dá todo o apoio, mas não consegue evitar a tristeza.
Além desse acidente, outro aconteceu: o futuro governador foi assassinado naquela mesma noite. Começam investigações sem fim. Corrupção, mentiras. E histórias que não teriam ligações, mas se entrelaçam.
Quatro anos se passaram e Nicolas sofre de intensas dores de cabeça por conta do acidente, e continua também fechado em seu mundo de desenhos. Acontece que esse mundo começa a criar vida e um dos seus personagens surge como um defensor dos fracos. O Fantasma Vingador quer justiça.
Nicolas é um menino sonhador comum. Mas a vida lhe colocou muitos fardos e pesados, quase impossíveis de um garoto de 16 anos conseguir carregar. Por isso senti sua tristeza, o autor conseguiu me passar isso, principalmente por não se lembrar de como se deu o acidente com o irmão e os amigos. Há culpa.
“Espero que esse beijo o desperte e lembre de que você é doce, Nicolas. É de paz. Use a cabeça e o coração para resolver os problemas que está passando, sejam eles quais forem. Não traia mais a sua natureza”, disse a amiga, depois que Nicolas se revoltou com as provocações de um colega da escola.
O livro é todo intenso, quando se pensa que acabou, que nada mais pode acontecer, algo novo surge. O autor, Dennis Vinicius (1979), me deixou sem palavras várias vezes, mas com a a pergunta "como ele consegue?" É uma leitura totalmente agradável, e quem gosta de juvenil vai adorar.
“Não me culpe pelas mazelas da vida. Minha participação só se dá no final. Até então, vejo as peças se movendo. A vida é que separa as pessoas, eu apenas guio os que se vão. Sou temida, respeitada, odiada até, eu sei. Minha culpa – se há uma – é a de seguir as regras universais”.
A história é contada pela morte.
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