um cavalheiro de antigamente

um cavalheiro de antigamente Autran Dourado




Resenhas - um cavalheiro de antigamente


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Ana 08/09/2023

"Na infância as coisas nos marcam mais."
Waldomiro Freitas Autran Dourado foi um escritor, advogado e jornalista que nasceu em Patos de Minas, MG e viveu entre 1926 e 2012. Escreveu mais de uma dezena de livros e diversos contos e ensaios. Ganhou prêmios importantes como Camões, Jabuti e Machado de Assis.
O livro Um cavalheiro de antigamente é o terceiro livro publicado em 1992 que fecha a trilogia que conta a decadência da família Honório Cota. Acompanhamos três gerações dessa família. Lucas Procópio (1985) é onde conhecemos o início da maldição que assola Lucas e seus descendentes. O próprio autor disse que Ópera dos mortos deve ser lido como uma tragédia grega e assim como a dinastia dos labdácidas foi amaldiçoada devido a pecados anteriores. A família Honório Cota tbm foi amaldiçoada devido a pecados dos seus antecedentes.
Depois na cronologia da estória vem Um cavalheiro de antigamente (1992) onde conhecemos João Capistrano Honório Cota e finalmente Ópera dos mortos (1967) onde acompanhamos Rosalina, filha de João Capistrano e neta de Lucas Procópio.
Em Um cavalheiro de antigamente sabemos mais sobre como é a personalidade de João, como ele pensa e o que fez ele ser do jeito que é.
João Capistrano é um homem altivo, honrado, orgulhoso de seus antepassados e da sua ascendência. Ele venera sua mãe, Isaltina, e se orgulha do pai, Lucas Procópio. No entanto, uma lembrança vaga mas insistente o incomoda. Seu pai chicoteando sua mãe quando ele tinha 4 anos. Seu pai morreu quando ele tinha 10 anos e as memórias que tem dele são nebulosas. A mãe criou uma imagem honrada do pai para ele, e ele admira muito a mãe, mas isso cai por terra quando recebe uma carta anônima difamando sua mãe dizendo que ela teve um caso extraconjugal com um padre há muito tempo. A partir daí, João cai num buraco de dúvidas e vergonha. Tudo o que ele achava que sabia sobre sua família e seu passado não existe mais.
Essa estória da Isaltina com o Padre Agostinho é contada em Lucas Procópio e está aí o problema desse livro pra mim. É extremamente repetitivo!
João conversa com 3 personagens sobre a veracidade dessa estória. Com o médico Maciel Gouveia, com a mãe e com a negra Joana. Todos contam o que já tinham contado em Lucas Procópio. Inclusive quase com as mesmas palavras. Aí passamos dezenas e dezenas de páginas lendo a mesma coisa. É claro que João não sabia. Quem sabe somos nós, os leitores do outro livro, mas sinceramente a impressão que tive foi de um copia e cola.
Gostei do livro, pois conhecemos mais sobre a índole do João e os traumas que ele carrega, mas eu esperava mais. Esperava conhecer melhor a Genu, esposa do João e como eles lidaram com seus diversos abortos citados na Ópera dos mortos, esperava saber mais sobre a infância de Rosalina, que ela tbm cita na Ópera dos mortos, esperava saber mais sobre Quincas Ciríaco, melhor amigo do João. Enfim, achei um pouco decepcionante para ser sincera. E eu sei que naquela época era aceitável matar alguém para limpar a honra. E que o assassino era absolvido se provasse traição/difamação. Mas com tantos casos de feminicídio hoje em dia. Essas partes me incomodaram demais!!!!
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