Avalovara

Avalovara Osman Lins




Resenhas - Avalovara


7 encontrados | exibindo 1 a 7


Luiz Gustavo 05/12/2020

Osman Lins não é muito conhecido fora do meio acadêmico, e isso se deve ao refinamento e à complexidade de seu trabalho literário. Eu ouvia muito o nome dele nos corredores da faculdade durante a graduação, e havia sempre um tom de receio e assombro quando as pessoas falavam sobre ele e sua obra, o que acabou me deixando com medo e me fez evitar encará-lo o quanto pude. Contudo, não tive como fugir dele no mestrado, pois "Avalovara" estava na lista de leituras da última disciplina que cursei. Reuni minhas forças, enfrentei o livro, e, de algum modo, consegui lê-lo. O que posso dizer? Osman Lins era um gênio e um monstro (gênio monstruoso e/ou monstro genial). Todos os elementos do romance são impressionantes: a (meta)linguagem, a narração, as metáforas, as referências, os tempos, espaços, personagens, temas abordados, símbolos utilizados... Praticamente TUDO está de alguma forma presente no romance. O que mais impressiona no livro é, sem dúvidas, a construção da narrativa, perfeitamente geométrica, elaborada a partir de um poema místico em latim (que é também um palíndromo), um quadrado (composto por 25 outros quadrados) e uma espiral que percorre todo o quadrado maior. Sei que isso parece não fazer nenhum sentido, mas acredite: há uma lógica por trás de tudo, e é preciso ler o livro para entendê-la. O romance é fragmentado e possui 8 linhas narrativas que se alternam entre si e evoluem progressivamente com o avançar das páginas, tendo como eixo-central a relação do protagonista, Abel, com três mulheres; e o próprio processo de criação literária, suas dificuldades e possibilidades. Sem dúvidas foi o livro mais difícil que já li, mas também o mais impressionante e genial. Não é, de forma nenhuma, uma leitura fácil, mas é uma que vale a pena ser feita pelo menos uma vez na vida.
comentários(0)comente



Claudius 11/06/2012

Ontologia em Avalovara
Em Avalovara, Osman Lins, influenciado por leituras de Mircea Eliade e Jung, apresenta um herói, Abel, em busca de algo inapreensível. Para Abel as mulheres representam o amadurecimento da visão do mundo pelo escritor.As três fases(três mulheres) que enlaçam-no através do romance são Roos, Cecília e a Indizível (sem nome e apresentada no romance por um símbolo).
As personagens de Osman Lins são sempre aspirantes a escritores, o que dá um caráter de um narrador imerso em outro içado e controlado como fantoche por títeres. Os heróis de suas narrativas são angustiados, fechados na solidão, pois o ser está no mundo, próximo de si mesmo, como o herói de Heidegger. O traço ontológico do conflito não contraria a liberdade; pelo contrário, enfatiza-a. A relação homem-mulher em Avalovara é hierogâmica.Um retorno a unidade original.
comentários(0)comente



Ana Emilia 12/12/2013

A espiral e o quadrado
Osman Lins era um escritor diferente. Em "Nove, novenas" criou contos que pareciam novelas. Em "Avalovara", usa uma espiral e um quadrado para contar a história de Abel.

O romance conta momentos diferente da vida de Abel, de forma intercalada. Tal ordem é guiada pelo quadrado formado pela frase SATOR AREPO TENET OPERA ROTAS, criada por um escravo e que pode ser lida em qualquer sentido. Um quadrado formado por cinco linhas de cinco quadrados, contendo uma letra em cada, de forma que a frase pode ser lida na horizontal e na vertical, indo e voltando. A espiral sobreposta sobre o quadrado vai tocando cada quadrado, até terminar no seu centro. Cada letra representa um tema e à medida que a espiral toca a letra, o livro nos apresenta um capítulo daquele tema, que vai aumentando conforme a espiral diminui.

Um trabalho de muito rigor estético e linguístico. Não é um livro fácil. Feito para quem gosta de prosa poética, mas como não é meu estilo preferido, não dei uma estrela a mais. Porém um trabalho dessa magnitude merece respeito.

comentários(0)comente



Jose.Bueno 01/02/2019

Um livro não-linear
Um livro com muitas referências literárias, iconográficas e urbanas. O leitor deve se informar sobre tais referências para compreender a narrativa. Não é uma leitura para iniciantes.
Vale buscar alguns mestrados/doutorados sobre o Osman Lins e sobre o livro para auxiliar no entendimento da proposta do autor.
Não é uma obra de "consumo" rápido. É (também) para reflexão sobre a produção estética.
O texto foi escrito no início dos anos 1970, durante a Ditadura Civil-Militar. Apresenta, espalhadas pelo texto, algumas manchetes de jornal da época que são marcantes.

Existem vários percursos possíveis de leitura. Cheguei quase na metade do livro e senti-me perdido. Voltei relendo segundo alguns desses percursos para apreciar melhor a leitura.

Recomendo.
comentários(0)comente



Rodrigo.Silva 16/09/2024

É tudo isso que falam mesmo. Só não gostei do esteticismo exagerado, que acaba parando demais a história algumas vezes
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Filipe 02/08/2024

Resenha em vídeo.
Uma das experiências literárias mais sublimes da literatura nacional do século XX,
Juntamente a Grande Sertão: Veredas e A Menina Morta.

site: https://youtu.be/uQm41gcqXg0?si=7OFn33NhObhoW-Bx
comentários(0)comente



7 encontrados | exibindo 1 a 7


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR