Júlio 16/01/2015
Como esse foi o meu primeiro livro do Pynchon houve algumas dificuldades em relação à fluidez do texto, ele não escreve como nenhum outro autor que eu tenha tido a oportunidade de conferir, e sinceramente isso acaba sendo parte da graça por trás da obra, é questão de tempo se acostumar com a forma errática, não-linear e extremamente densa que ele expõe a história. Eventualmente essa forma única de escrever deixa de ser um empecilho para se tornar um dos principais pontos positivos do livro, não é dificuldade desmotivada, é outra forma de expressão. Além da prosa outra dificuldade que o livro pode apresentar é o número gigantesco de referências. Por ser um romance histórico boa parte dessas referências estão relacionadas à Europa e aos Estados Unidos do século XVIII. Na era da internet é fácil procurar as personagens históricas citadas no livro (que são muitas) e os aparatos utilizados pelos astrônomos e agrimensores, inclusive existe uma wiki destinada somente para esse livro, o que facilita em muito a imersão/compreensão. De qualquer forma eu não recomendo tentar ir atrás de significado por trás de tudo que o Pynchon cita e diz, essa tarefa seria gigantesca e o livro oferece recompensas mais diretas e extremamente gratificantes sem precisar ler o livro na frente do computador ou de uma enciclopédia.
Por trás do texto denso e das inúmeras referências temos uma história com dezenas de temas como racismo, ciência, fé, perdas, melancolia, a confiabilidade da “verdade” histórica, feng shui , conspiração sino-jesuíta e, principalmente, amizade ficam lado a lado com eventos fantásticos e mágicos que provém da narração não linear (e não confiável) do Reverendo Cherrycoke, que inclui na história cães falantes, patas cibernéticas, queijos gigantes, golems, um castoromem e a aparição de diversos personagens famosos (como Benjamin Franklin, Thomas Gefferson e George Washington).
É um livro denso, grande, poético e que poucas vezes é totalmente claro por mais do que uma ou duas páginas, mas a recompensa final é enorme e confio que a saga dos dois amigos esta fadada a se tornar um clássico.