Carla.Parreira 18/10/2023
Seus pontos fracos
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Eis um pouquinho do que mais gostei (vou aqui adaptar para primeira pessoa): Quem manda em mim sou eu mesma! Eu posso ser o que eu quiser ser. O verdadeiro barômetro da inteligência é uma vida produtiva, feliz, vivida a cada dia e a cada momento presente de cada dia. Eu sou feliz porque vivo cada momento pelo que ele vale, então me considero uma pessoa inteligente. Saber solucionar problemas constitui útil complemento à minha felicidade, mas eu estou ciente de que, apesar de minha incapacidade para resolver uma certa questão, ainda é possível escolher a felicidade, ou pelo menos me recusar a escolher a infelicidade.
Essa é minha maior inteligência. Quem reconhece os problemas como parte da condição humana e não mede a felicidade pela ausência de problemas são os seres humanos mais inteligentes e também os mais raros. Eu confio em minha própria capacidade para sentir, em termos emocionais, seja o que for que eu quiser sentir, em qualquer momento de minha vida. Essa é uma idéia radical, mas que eu adoto.
Os sentimentos não são apenas emoções que me acontecem, eles são reações que eu escolho ter. Vejo cada emoção como uma escolha e não uma condição de vida, nisso está a essência da minha liberdade individual. Eu sou livre e saudável pois aprendi a pensar desse modo. Quando consegui modificar meus pensamentos, comecei a experimentar novos sentimentos e dei o primeiro passo no caminho da libertação do meu próprio eu negativo e oprimido.
A questão principal é que ser feliz é fácil, mas aprender a não ser infeliz pode ser difícil.
Um pensamento se torna uma convicção quando se dedica a atuar sobre ele repetidamente e não quando se tenta uma vez e apela para a incapacidade inicial, usando-a como argumento para desistir. Assumir controle de mim mesma envolveu mais do que simplesmente experimentar novos pensamentos; requereu a determinação para ser feliz, e desafiei-me a destruir todos e cada um dos pensamentos que eram causa de minha paralisante infelicidade.
Só eu mesma podia melhorar a minha própria sorte ou construir minha própria felicidade e dependia apenas de assumir o comando de minha mente e começar a praticar sentimentos e comportamentos escolhidos por mim mesma. Um dos segredos foi absorver tudo de cada momento e me desligar do passado que já acabara e do futuro que sempre chega na devida hora. Meu conselho é para aprender-se a agarrar o momento presente, consciente de que é tudo o que temos. Além disso é preciso lembrar que desejar, esperar e lamentar constituem as táticas mais comuns e perigosas para fugir do presente.
Um corolário da escolha do crescimento como força motivadora é o domínio de mim a cada momento presente de minha vida. Domínio significa que sou eu quem decidiu meu destino; não me cabe enfrentar, esforçar-me ou ser alguém que se adapta ao mundo, mas sim continuar escolhendo meu próprio mundo particular de vida. Ao ser segura de mim, não quero e nem preciso que os outros sejam iguais a mim.
As coisas começam a fazer sentido. Eu aprendo a amar a mim mesma e de repente me vejo capaz de amar aos outros, de dar, de fazer algo pelos outros, fazendo primeiro por mim mesma.
Jamais confundo meu próprio valor (que é um dado) com meu comportamento ou com o comportamento dos outros em relação a mim. Repito que isso também não é fácil; as mensagens da sociedade são opressivas.
Os hábitos de raciocínio da infância não são fáceis de superar. É provável que minha auto-imagem ainda tenha por base as percepções dos outros sobre mim, mas estou liquidando isso aos poucos, dia após dia. Embora seja verdade que as primeiras auto-imagens sejam aprendidas a partir das opiniões dos adultos, não é certo que eu deva carregá-las para sempre. Aprender a dar e receber amor foi tarefa que começou em casa, comigo mesmo, partindo da decisão de pôr fim a todo comportamento de menos-valia que porventura tinha se tornado estilo de vida. Atualmente não deixo que os outros decidam por mim o que considerar atraente. Disponho-me a gostar de meu eu físico, declaro-o precioso e atraente para mim e assim rejeito as comparações e opiniões alheias.
Eu posso e sei decidir o que me é agradável e faço da não-aceitação de mim mesma uma coisa do passado. Nem sempre é fácil ser honesta comigo mesma nessa área e levei tempo para aprender a distinguir entre o que me dava prazer e aquilo que a publicidade ou os outros me diziam que me daria prazer. Ao me amar de verdade, deixei de queixar-me aos outros, que nada podiam fazer. O que era uma atitude totalmente insustentável agora não mais existe. Agora, ao perceber em mim e nos outros aspectos que me desagradam, dedico-me a tomada ativa das medidas necessárias em vez de me lamentar.
Amar a mim mesma tem significado que gosto de mim e não exijo o amor dos outros, não tendo assim necessidade de convencê-los a nada: basta a aceitação intrínseca de mim mesma. Isso é algo que nada tem a ver com os pontos de vista alheios.
Foi dessa maneira que eu me convenci de que a busca de aprovação se transforma num ponto fraco quando passa a ser uma necessidade em vez de um desejo. Quando a procura da aprovação se torna uma necessidade, desaparecem completamente as possibilidades de verdade. Se eu preciso de elogios, e emito esse tipo de sinais, então ninguém pode agir direito comigo. Nem eu mesma era capaz de expressar, com confiança, aquilo que pensava e sentia, em momento algum de minha vida, pois o meu eu era constantemente sacrificado às opiniões e predileções dos outros. Mudei esse ponto e continuo lidando nessa correção.
Não pode haver verdade quando a pessoa que fala é instável e move-se em torno dos assuntos numa espécie de manobra habilidosa, que tem em vista agradar a todo mundo. Assim era eu. Esse tipo de comportamento é fácil de identificar-se nos políticos e não foi difícil de reconhecê-lo em mim também.
Hoje percebo nitidamente que a unidade familiar estimulou-me, sob forma de boas intenções, a dependência e a necessidade de aprovação (e talvez isso ainda continue atualmente). De toda forma, em casa eu sempre mantive mais o comportamento de rebelde do que de mocinha comportada em busca de aprovação, mas na rua eu continuo ainda precisando de coragem para ser autentica e não pensar em mais ninguém que eu mesma.
O ponto significativo não é que a aprovação não seja importante, mas sim que ela deve ser dada livremente e não concedida como uma recompensa pela conduta adequada. Uma criança nunca deveria ser encorajada a confundir sua própria auto-estima com a aprovação de quem quer que seja. Além disso, a religião organizada apela para as necessidades humanas em busca de aprovação. O governo é outro exemplo de instituição que usa a busca de aprovação como uma motivação para a conformidade. Os comerciais de televisão fazem um apelo especial a nossa maneira de pensar condicionada pela busca de aprovação. Isso precisa acabar e estou começando comigo mesma a dar fim nessa realidade trágica.
Saber que sempre terei desaprovação relativamente a tudo aquilo que sinto, penso, digo ou faço foi o caminho para eu sair do túnel do desespero.
As pessoas que parecem conseguir a maior aprovação na vida são aquelas que nunca a procuram, que não a desejam e que não estão preocupadas em alcançá-las. Isso não parece irônico? Foi pensando nisso que comecei a manter-me em contato comigo mesmo e usando como conselheira a imagem positiva de meu eu, muito mais aprovação eu encontrei vindo ao meu encontro. Naturalmente que eu não vou obter aprovação de todas as pessoas para tudo aquilo que fizer, mas sentindo-me valiosa na minha auto-aprovação eu evito a depressão de não conseguir a aprovação alheia.
A desaprovação é encarada por mim como uma conseqüência natural de viver nesse planeta, onde as pessoas têm suas percepções individualmente e eu as respeito. Em vez de mudar inconscientemente de opinião com o objetivo de colher alguns benefícios em matéria de aprovação, agora eu digo em bom som: ?de um modo geral, eu seria capaz de mudar agora de posição, para fazer com que você gostasse de mim, mas creio realmente no que disse e você terá que se arranjar com seus próprios sentimentos a esse respeito?. Ou então: ?sei que você gostaria que eu modificasse o que acabei de dizer, mas estou apenas sendo sincera comigo e consigo?.
O ato de definir a coisa assim é útil para me manter em contato com minha própria maneira de pensar e com o meu comportamento. Eu quebro a corrente que liga o que os outros pensam, dizem e fazem e a minha própria auto-estima. Falo para mim mesma quando encontro desaprovação: ?isso é problema dela(e). não me surpreende que se comporte assim.
Nada tem a ver comigo?. Essa abordagem elimina a automortificação que antes eu me infringia ao vincular o sentimento dos outros aos meus próprios pensamentos. Atualmente sei que as pessoas importantes ou que amo, ficam gostando mais de mim quando sou capaz de discordar delas sem me aborrecer com isso. É por isso que aceitei o fato simples de que muitos jamais irão compreender-me e que isso não tem importância. Em contrapartida, eu não vou compreender muita gente que me é muito próxima. Também aceito que não sou obrigada a isso. Toda vez que eu desejava escapar de certo tipo de atividade ou explicar um defeito de personalidade, podia simplesmente justificar-me com um ?eu sou?.
De fato, depois que eu usei bastante esses rótulos, comecei a acreditar neles e, nesse momentos, me transformei num produto acabado, destinado a permanecer como estava. Os rótulos me capacitavam a evitar o trabalho difícil e o risco de ter que mudar.
Foi assim que até então estava perpetuada a um comportamento que originara muitos de meus defeitos colocando-me num circulo vicioso.
Pode haver muitas razões para a timidez, algumas delas provavelmente recuando até minha infância. Sejam quais forem às causas do meu medo, eu decidi lutar contra meu constrangimento social e não ficar me justificando apenas com um ?eu sou?.
Meu medo de fracassar não é mais bastante forte para impedir-me de tentar. Eu posso acreditar que no presente momento, estou vivendo minha capacidade de escolher ser melhor independente de tudo o que foi até agora. Todos os ?eu sou? são padrões de fuga aprendidos. Nós podemos aprender a ser o que quisermos, se escolhermos fazer isso.
Em geral o fazemos de maneira inconsciente. Outra coisa que aprendi é que a culpa é um método eficiente para a manipulação das ações dos filhos pelos pais e o mero faro de alcançar o estado adulto não acaba com a manipulação dos pais através da culpa.
E assim a culpa pode ser vinculada a qualquer relacionamento e se repete tendo por base a infância. Outro ponto importante de analisar é que muito de nossa preocupação diz respeito a coisas sobre as quais não temos nenhum controle. A preocupação é um meio inteligente de manter-nos inativos e é claramente mais fácil, embora menos compensador, ficar se preocupando em vez de ser um tipo ativo, que participa das coisas. O válido para mudar isso é saber que podemos fazer qualquer coisa que queremos, simplesmente porque queremos e por nenhuma outra razão. Esse tipo de raciocínio abre novas perspectivas de experiência e ajuda a eliminar o medo do desconhecido, algo que geralmente adotamos como estilo de vida. Desde que acreditei que nenhum ato precisava ser praticado de alguma forma especifica determinada por outrem, então o fracasso em meus atos tornou-se impossível. Pode haver, contudo, ocasiões em que eu falho em alguma determinada tarefa, de acordo com meus próprios padrões.
O importante então é não equacionar o ato em termos de minha própria auto-estima. Não ter sucesso num esforço particular não significa fracassar como pessoa, mas simplesmente não ser bem-sucedido nessa prova em particular, apenas nesse momento e não em todos. Num exemplo simples sobre o assunto: os gatos caçam ratos e se falham numa tentativa, simplesmente procuram por outra. Não deitam e choram, lamentando-se por causa do rato que fugiu, nem têm um colapso nervoso porque fracassaram. Podemos destinar a nós mesmos algumas áreas significativas da vida nas quais realmente desejamos fazer o nosso melhor. Mas na grande maioria das atividades, ter que fazer o nosso melhor, ou mesmo ter que fazer bem, representa um obstáculo a fazer as coisas. O insucesso pode ser instrutivo. Pode ser um incentivo à exploração e ao trabalho. Pode mesmo ser encarado como um êxito, se mostrar o caminho para novas descobertas. Se deixarmos que os outros tenham suas próprias opiniões, que nada têm a ver conosco, podemos começar a avaliar nosso comportamento em nossos próprios termos e não nos dos outros. Acabaremos vendo nossas capacidade não como melhores ou piores, mas apenas como diferentes das outras. Foi desse modo que percebi que a síndrome do ?ter que fazer o melhor? é um mito. Nós nunca fazemos absolutamente o melhor que podemos, pois sempre haverá margem para aperfeiçoamento, uma vez que a perfeição não é um atributo humano.
Tudo isso reforçou a idéia de que não há certo e errado. As pessoas são diferentes e vêem as coisas de diferentes perspectivas. A única saída dessa armadilha é parar de pensar nesses errôneos padrões de certo contra errado, algo que desde muito efetivei em meu viver. Todos os certos e errados de qualquer tipo representam casos de ?devia ter feito assim?, de um tipo ou de outro. E esses ?devia? interpõem-se em nossos caminho, especialmente quando entramos em conflito com a necessidade de uma outra pessoa de igualmente se afirmar. Quem decide sobre o caráter certo das coisas? Essa foi uma pergunta que aprendi a me fazer e nunca pude responder satisfatoriamente. A lei não decide se a coisa é errada, apenas se é legal. Além do mais, tomei consciência de que ninguém está tomando nota do meu comportamento, nem vai punir-me por não ser alguma coisa que outra pessoa disse que eu precisava ser. Além disso, eu nunca poderei ser por muito tempo alguma coisa que não desejo ser. Simplesmente isso não é possível.
Antes me afastava das pessoas por conta disso, mas hoje aprendi a ter domínio da situação e os ?devia? não produzem nenhuma tensão sobre mim, uma vez que não tenho mais errôneas expectativas. A tensão não resultava do meu comportamento em si, mas da imposição do ?devia?. Não há lucro em rebelar-me apenas pela rebeldia em si, mas há grandes compensações em ser eu mesma e em viver minha vida de acordo com meus próprios padrões.
Agora entendo que não há um lugar para tudo e esse tudo não deve obrigatoriamente ter que ficar em seu lugar. Entendo que eu não devo obrigatoriamente combinar roupas de forma adequada à moda ou ao palpite do que os outros acham que ?cai? bem.
Não devo aprisionar-me pelas regras estabelecidas por alguém sobre o que comer e com qual tipo de bebida. Não devo estar obrigatoriamente presente em ocasiões formais para mostrar o que sinto.
Não devo fazer as coisas apenas porque está na hora de fazer ou por tradição se em verdade não tenho estimulo para tal. Não devo escolher funções na vida diária porque a cultura assim exige. Etc. É assim que tomo responsabilidade de minhas ações sem depois ter que ficar dizendo a mim mesma que ?devia? ter feito isso ou aquilo, assim ou assado. Por outro lado, isso também me mostrou algo importante: o que as outras pessoas fazem não é o que me incomoda, mas sim a minha reação às atitudes tomadas por elas.
Foi por isso que me tornei juíza de minha condita e aprendi a depender de mim mesma para tomar decisões imediatas. Deixei de procurar uma resposta numa existência de regras e tradições.
Entoei o meu próprio cântico de felicidade da maneira que escolhi, sem pensar em como se esperaria que ele fosse. Focalizar-me em mim mesma, em lugar de comparar-me com os outros, fez-me retirar da vida o aborrecimento colhido pela falta de equidade entre eu e os outros. Isso continua sendo uma tarefa para todos os dias. O pano de fundo para praticamente todas as neuroses consiste em fazer o comportamento dos outros mais significativos que os meus e isso é um erro absurdo.
As pessoas que realmente gostam de si mesmas não escondem ter ciúmes, nem permitem a si próprias serem perturbadas quando alguém mais não age com justiça. Outro fator a ser considerado é que todo desejar e esperar é uma perda de tempo, ou como diz no livro, a insensatez dos residentes no reino das fadas. Nenhuma porção de um ou de outro jamais realizou coisa alguma. São apenas condições convenientes de fuga à decisão de arregaçar as mangas e desempenhar as tarefas que decididamente são bastante importantes para fazerem parte das atividades da vida. Nos podemos fazer qualquer coisa que decidirmos fazer. Hoje sei o quanto sou forte, capaz e menos insegura. Quando adio as coisas para uma ocasião futura, estou cedendo ao escapismo, à duvida em relação a si mesmo e, mais importante ainda, a autodecepção.
Minha zona de adiantamento representa um movimento na direção oposta à condição de ser forte em meu movimento presente e no sentido da esperança de que as coisas melhorarão no futuro.
As coisas nunca se resolvem sozinhas. Permanecem exatamente como são. Na melhor das hipóteses, mudam, mas nunca melhoram. As coisas em si mesmas, circunstâncias, situações, acontecimentos, gente, dentre outros, não melhorarão sozinhas. Se minha vida está melhor, é porque fiz alguma coisa construtiva para fazê-la chegar a tal ponto. Além disso, gastar o tempo queixando de tudo aquilo que tenho de fazer, ou seja, protelando, faz-me ficar sem tempo de realmente executar o que é preciso.
Quando protelamos, estamos usando o presente para não fazer nada, como uma alternativa a fazer alguma coisa. Não fazer nada conduz ao tédio, e a tendência é atribuir tal sentimento ao ambiente.
Nas famílias focalizadas na independência, o movimento no sentido de alguém ser sua própria pessoa é visto como coisa normal, ao invés de constituir um desafio à autoridade de alguém.
O apego e a carência não são estimulados. Nesse tipo de família não existe a manipulação sutil, através de culpa ou de ameaças, para manter os filhos dependentes e responsáveis perante os pais. Assim também é com o casamento de sucesso, donde ambos os parceiros sentem amor verdadeiro, cada um estando disposto a deixar que o outro escolha por si, em lugar de dominar. A dependência é a serpente, no paraíso do casamento perfeito. Ela cria padrões de domínio e submissão e, finalmente, destrói os relacionamentos. Mais importante ainda, dependência não deve ser confundida com amor. O fato de se deixar alguns espaços numa união, ironicamente, consolida os casamentos. Por saber disso tudo estou aprendendo a não dar ao comportamento e às idéias das outras pessoas o poder de aborrecer-me. Através de um alto conceito de mim mesma e da recusa de deixar que os outros me controlem, eu sinto que evito mágoas ou ira. Estou me fortalecendo para eliminar os meus pontos fracos. Eu gosto da vida. Não se trata de fingir que gosto, mas de uma sensata aceitação daquilo que sou e de uma capacidade extraterrena de sentir prazer nessa realidade.
Tanto é que tenho dificuldade de responder do que não gosto. Tudo parece estar sempre bom na medida do possível e me tranqüilizo com isso. Sou amante da vida e aproveito todos os seus aspectos, tirando dela tudo que me é possível tirar. Gente sadia e realizada é livre de sentimento de culpa e de toda a ansiedade subsidiaria, que acompanha o uso de quaisquer momentos presentes na imobilização vinculada a acontecimentos passados.
Certamente que podem admitir que cometem erros e podem jurar que evitarão repetir determinado comportamento de alguma forma contraproducente, mas não vão gastar seu tempo desejando que não tivessem feito alguma coisa, nem ficado aborrecidos pelo fato de não terem gostado de algo que fizeram num momento anterior de suas vidas.
Completa liberdade de sentimento de culpa é uma das marcas de meu ser em saúde total.
Para mim, aprender com o passado é muito superior a lamentar-me dele. As pessoas livres de pontos fracos são, igualmente, gente que não se preocupa. Circunstancias que deixam frenéticas muitas pessoas, apenas tocam de leve nesses indivíduos. Não são nem planejadores do futuro, nem provedores dele. Recusam-se a ter preocupação e mantêmse livres da ansiedade que acompanha a preocupação. Tenho executado isso vivendo o agora, em lugar de fazê-lo no passado ou no futuro.
Não sou ameaçada pelo desconhecido e procuro experimentar experiências novas e com as quais eu não esteja familiarizada. É assim que adoro a ambigüidade. Prezo minha própria liberdade quanto a expectativas. Meus relacionamentos são estabelecidos sobre o respeito mutuo pelo direito que cada ser tem de tomar suas próprias decisões.
Meu amor não envolve a imposição de valores a ninguém. Privo a minha privacidade, o que pode deixar os outros com o sentimento de frieza ou rejeição. Gosto de ficar a sós, às vezes, e faço grandes esforços para garantir que minha intimidade seja protegida. Eu sei amar com profundeza e sensibilidade. Sou feliz e realizada tendo ausência fora do comum de aprovação. Sou capaz de funcionar sem a aprovação e o aplauso dos outros.
Não busco honras e sou livre da opinião alheia, sem me incomodar do fato de alguém desgostar do que eu tenha dito ou feito. Sou dirigida por razões interiores e não pelo julgamento dos outros sobre meu comportamento. Tenho verdadeira falta de aculturação. Não sou rebelde, mas faço minhas próprias escolhas, mesmo que estas entrem em conflito com todo mundo, principalmente com minha família. Posso ignorar regras mesquinhas, quando elas não têm sentido, e encolho os ombros diante de pequenas convenções que são parte tão importante de tantas vidas. Eu sei rir e provocar o riso.
Acho graça de coisas simples e de situações absurdas, tendo facilidade para criar humor.
Amo a incongruência e, contudo, não há hostilidade no meu humor. Nunca rio das pessoas, mas sim com elas. Aceito como sou e daí meu jeito natural de ser. Não me escondo atrás de artificialismos, nem me desculpo pelo que sou. Não sei como ficar ofendida. Aceito a natureza pelo que ela é em vez de desejar que fosse diferente. Nunca me queixo por causa das coisas que não mudarão. Aprecio o mundo natural. Adoro a vida livre na natureza, topando com tudo que é genuíno e original. Amo a flora e a fauna.
Sou naturalista, sem cerimônias, nem pretensões e amo a naturalidade do universo. Sou capaz de apreciar o que para os outros já se tornou sem graça. Os pequenos detalhes da natureza são sempre visões magníficas. Nunca fico perplexa ou embaraçada e aquilo que pode parecer, à maioria dos outros, confuso ou insolúvel, é com freqüência considerado por mim como uma situação simples e de fácil resolução. Não dou ênfase a problemas em meu mundo emocional, pois os vejo como obstáculos a serem vencidos e não como um reflexo daquilo que sou enquanto pessoa humana. Gente sadia, independente, não sabe como ser ameaçada e essa própria característica pode torná-las ameaçadora para os outros. Eu me sinto sadia emocional e fisicamente, tratando bem o meu corpo e fazendo exercícios regulares. Sou honesta e não dou respostas evasivas. Não finjo e nem minto sobre nada (estou tentando ao máximo efetivar isso cem por cento).
Considero a mentira uma distorção de minha própria realidade e não tomo parte de um comportamento auto-enganador. Embora prive a privacidade, evito ter que distorcer as coisas para proteger os outros.
Não censuro os outros, mas os ajudo.
Dou pouca importância à ordem, organização ou sistemas. Tenho autodisciplina, mas não sinto necessidade de ver as coisas e as pessoas enquadradas em minha própria maneira de entender o mundo e a vida. Graças a essa ausência de neurose organizacional eu sou criativa. Tenho níveis excepcionalmente altos de energia. A minha energia é sobrenatural, provém do amor pela vida e todas as atividades que ela encerra. Todos os acontecimentos da vida para mim apresentam oportunidades para fazer, pensar, sentir e viver. Sei aplicar minha energia em cada circunstância do meu existir.
Sou agressivamente curiosa. Nunca sei o suficiente e procuro saber mais, pois quero aprender em todos e em cada um dos momentos presentes de minha vida. Tenho simplicidade e naturalidade. Não me deixo seduzir pela necessidade de transformar em casos coisas pequenas ou grandes. Não gosto de discutir, nem sou debatedora exaltada; apenas exponho meus pontos de vista ouvindo os dos outros e reconhecendo a futilidade de tentar convencer alguém de qualquer coisa. Não tem lugar em mim para autopiedade, para auto-rejeição ou autodesprezo.
Não sou livre de problemas, mas sou livre da imobilidade emocional que resulta dos problemas.