A vida submarina

A vida submarina Ana Martins Marques




Resenhas - A VIDA SUBMARINA


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Alê | @alexandrejjr 17/04/2022

Fantasias do verso

A matéria de toda a grande poesia é, indiscutivelmente, a sensibilidade. Quanto maior for esta habilidade - que é essencialmente humana - de quem faz os poemas, mais impressionantes são os resultados. E Ana Martins Marques é uma dessas privilegiadas.

“A vida submarina”, potente estreia da poetisa mineira, é um livro de poemas sonoros e táteis. Dividido em sete seções, o livro mostra como Ana Martins Marques consegue transmitir seu olhar aguçado para a linguagem e dele extrair o resultado almejado por todos os grandes poetas: a exatidão da palavra. Além disso, fica claro ao ler este livro que entre os principais interesses da mineira está a metalinguagem: refletir sobre o fazer e entender o processo de criar um poema e suas consequências ao colocá-lo no mundo. Bons exemplos disso podem ser encontrados na seção inicial, intitulada “barcos de papel”, que contém poemas como “Lição de casa” (Se as professoras soubessem/ dos riscos/ não mandavam escolares escreverem poesia.// Ao contrário/ nos livros de poesia/ deveria estar escrito:/ não tente fazer em casa.), “Relógios” (Certos poemas atrasam-se sempre/ enquanto outros adiantam-se sem remédio.// No poema, o ponteiro dos segundos/ é mais lento que o das horas.// Mas ao menos ao poema/ em geral não é preciso/ dar corda.) e “Lanternas” (Na noite/ aceso/ o poema se consome.). Outra característica muito forte nos poemas da Ana Martins Marques são os relacionamentos e seus percalços. Na seção “a outra noite”, por exemplo, um poema de tamanho médio que gostei muito foi “Conversações”, em que a poetisa repete o verso “falamos longamente e sem cuidados” que, utilizados em momentos distintos, exercem uma carga dramática interessante na leitura. Ainda no campo das desilusões amorosas, destaco “O aquário” (Por isso chego em casa tarde/ e triste/ e durante muito tempo olho/ como se olhasse dois peixes no aquário/ meus olhos alcoólicos no espelho// penso que os gestos que fizemos foram feitos/ tantas vezes// e penso em teu sexo/ quente/ calado/ em outra cama.).

Em sua estreia, Ana Martins Marques realmente trabalha em praticamente todos os campos estéticos interessantes do fazer poético e por isso, creio, ela pode ser o principal destaque da poesia brasileira contemporânea - que, aviso de antemão, conheço pouquíssimo. A docilidade presente em poemas que abordam a infância e a memória, como “Iceberg” (Nossa infância separou-se de nós/ como um iceberg/ nós a olhamos afastar-se/ lentamente/ o brilho cego do gelo contra o sol/ e tudo o que dizem que há por baixo.) e “Álbum” (Nunca estivemos juntos em uma fotografia./ Era sempre eu, os olhos baixos,/o sorriso desajeitado,/ ou tu, o olhar distante, quase antigo,/ sempre mais bonito do que és./ Assim não temos com que nos acusar./ De alguma forma, porém,/ meu embaraço te revela, como me revela/ tua beleza inexata./ Por via das dúvidas/ achei melhor queimar.), o primeiro na seção “a outra noite” e o segundo localizado em “exercícios para a noite e o dia”, respectivamente, é contagiante.

Em “A vida submarina”, Ana Martins Marques oferece mais de cem poemas dotados de urgência aos leitores. É através das fantasias do verso que a poetisa aponta nas banalidades o poético que perdemos no dia a dia. Ela fala da infância, da memória, dos desejos femininos e dos relacionamentos humanos de uma maneira muito particular. Aliás, algo que não salientei mas merece o lembrete: boa parte dos poemas se relacionam, de alguma maneira, à onírica imagem do mar e suas infinitas possibilidades. No fim, fica deste leitor a seguinte conclusão: ler Ana Martins Marques é deixar nossos olhares perdidos, aqueles que julgamos inúteis, ganharem uma nova função, que é a sensibilidade da observação.
Gisele 19/04/2022minha estante
Caro Alexandre, boa tarde! Meu nome é Gisele, trabalho na Editora Moderna e preciso entrar em contato contigo sobre autorização de direito autoral. Você pode entrar em contato comigo no e-mail gmanguino@santillana.com? Grata e fico no aguardo.
Abs,
Gisele Manguino


Katielly 24/04/2022minha estante
Que texto lindo, Alê! Lerei Ana Martins Marques para buscar o que você disse: "a sensibilidade da observação."


Alê | @alexandrejjr 25/04/2022minha estante
Obrigado pelos sempre carinhosos comentários, Kat. ?


Margô 26/04/2022minha estante
Afinal, quem escreve com tanta maestria, sobre sensibilidade e poesia , deve deixar a própria autora, saboreando a doce saliva do leitor... Você é um retado rapaz!!!????????


Alê | @alexandrejjr 26/04/2022minha estante
Obrigado pelos gentis comentário e elogio, Rúbia!




Luan Araújo 09/01/2022

Certos trechos ardem n'alma
Adquiri o livro pela apaixonante Livraria Quixote, onde a própria Ana autografou e dedicou a mim, se declarando marinheira de primeira viagem. Mesmo não sendo a primeira obra que li da autora, embarquei na jornada como quem se destina a oceanos desconhecidos.
Ainda que não tenha me causado tanta euforia quanto O Livro das Semelhanças (haja marcador), aqui a gente já percebe os traços da autora que mais tarde viria a conquistar os leitores - e alguns merecidos prêmios. A forma que a autora brinca com as palavras provoca bastante, faz a gente querer brincar junto, por vezes até me fez pegar uma caneta e um papelzinho e arriscar um poeminha torto. Isso é esplêndido, isso é o que faz dela cada vez mais cativante. Dá nem vontade de largar o livro de lado pra descansar.
Ju Duarte 14/01/2022minha estante
Comecei pela vida submarina mas depois desse seu comentário, já vou correndo adiquirir O livro das semelhanças


Luan Araújo 16/01/2022minha estante
É lindeza demais. Marcador não deu conta.




Aléxia 06/11/2022

Sobre desejo, poemas, términos, e mar
Depois de O livro das semelhanças ter ganhado meu coração, peguei esse que é a estreia de Ana Martins Marques. Cada parte é uma experiência sinestésica: você lê, mas vê cores e imagens, ouve sons e sente coisas.

O sentimento e a própria poesia são temas onipresentes, mas dividem espaço com outros ao longo das sete partes que compõem o livro.
Como o título sugere, o mar também é dominante. E foi por isso que eu decidi ler ele todinho na praia (o que foi incrível). É gostoso atrelar certas leituras a momentos específicos, e acho que esse funciona muito bem com sol, calor, areia e o mês de novembro.

Destaque também pra parte ?arquitetura de interiores?, dedicada a móveis e cômodos.

porta
a porta
como toda fronteira
é apenas para se atravessar
rapidamente ela já não serve mais
um corpo a corpo
e já se está do outro lado
Dela nascem o fora e o dentro
Ela que é seu vazio

Enfim, a voz da Ana Martins Marques muito me agrada por me fazer sentir que é acessível, que fácil, que é ?permitido? usar palavras desse jeito. Parece que ela abre uma nova portinha mental de possibilidades de interpretação, acessando justamente o infraordinário.
Alê | @alexandrejjr 08/11/2022minha estante
Nossa, gostei muito do conceito de "infraordinário", Aléxia. Obrigado por compartilhar as tuas impressões aqui no Skoob.




batepapowall 18/11/2023

Retrato de uma autora em chamas
Há poemas em A Vida Submarina que me tocaram profundamente. Eles estão devidamente marcados e serão revisitados muitas e muitas vezes. Gostei de diversos temas abordados em seus escritos - a iminência dos términos, a homenagem ao ato da escrita e a celebração dos objetos mundanos foram meus temas favoritos. A segunda metade do livro foi mais cativante para mim, e meu poema favorito foi o "Confissão".
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RobsBia 22/10/2023

Um livro tão gostoso de ler.

?Recado inconsequente:

Volta! ?

Três palavras e um emaranhado de sentimentos. Quem nunca quis o seu amor de volta?
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blue.uchiha 27/11/2023

"O peso do mundo é leve, mas não há quem o carregue."
"Fogueira
Quem me dera fazer com o poema
uma fogueira que ardesse só para ti."

Gostei bastante, apesar de não ser tão boa com poemas.

É literalmente fazer poético com a mobília, com o lado doméstico e rotineiro. Acho que isso que é o bonito, o bonito no simples. Uma sensibilidade sobre o mundo que nos rodeia.
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lila 30/11/2023

Confesso ter pegado pra ler sem nem saber nada sobre a autora ou suas obras, a capa e o título me ganharam logo de primeira, e digo, feliz: ainda bem! Amei muitas as poesias por aqui submersas comigo e a Ana Martins!
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The Serial Reader 31/12/2023

Um livro belamente doloroso
Há um bom tempo queria ler este livro, pois ouvi muitas coisas boas sobre ele, mas ainda assim fui surpreendida com essa leitura. Traz poemas tão lindos e ao mesmo tempo tão dolorosos. Já quero ler mais obras da autora!
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FellipeFFCardoso 26/02/2024

Talvez seja minha poeta favorita. Hoje, enquanto passamos tanto tempo discutindo se deveríamos chamar a autora de poesia de poeta ou poetisa, a Ana toma seu tempo em perceber o cheiro que há dentro do arbusto, da cola de sal que o mar deixa nas palavras, nos infinitos grãos de areia que vamos achando na memória, para escrever poemas que encontram o que sobra da pureza do projeto humano que fomos todos antes de sermos o que insistimos ser no teatro social que nos mede com notas de usuário, engajamento como selo de produtividade e valia. Sempre que a leio, pareço deitado no colo dela, enquanto ela penteia cabelos que não tenho e me dá uma fé que quase sempre está brincando na margem do abismo da descrença. Livro bonito demais. Demais.
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Gigio 19/03/2024

O peso do mundo é leve, mas não há quem o carregue.
Uma ótima coletânea de poemas que explora temas como a passagem do tempo, a natureza, a memória e a experiência humana, mergulhando o leitor em um universo de reflexões profundas e sensíveis. Os poemas exploram a complexidade das emoções humanas e nos levam a refletir sobre nossa própria existência. Com uma escrita delicada e envolvente, a autora nos nos transpora para um mundo submerso de emoções e significados, explorando as profundezas da experiência humana.

"ó mar (Eu também não sei onde começo)"

"Fogueira
Quem me dera fazer com o poema
uma fogueira que ardesse só para ti."
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Carol 30/03/2024

Poemas curtos cuja a temática é voltada para sensações do mar e oceano. Não acho que é o melhor libro dela, mas é um livro fácil e gostosinho de ler.
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Leitora Baixa Renda 27/05/2024

Ótima coletânea de poemas que exploram temáticas voltadas para a passagem do tempo, a natureza, a memória e a experiência humana, mergulhando o leitor em um universo de reflexões profundas e sensíveis.

São poemas lindos e dolorosos, que me fizeram enxergar a vida e os sentimentos por outra perspectiva, trazendo simbolismos e sensibilidade nas palavras, causando diversas emoções no leitor, como criatividade aplicada em meu caso.

Um livro com uma escrita delicada e envolvente, fácil e gostoso de ler, sensível e perfeito do início ao fim.
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sarah.taylors 31/05/2024

Um dos melhores livros de poema que eu ja li. não é clichê/brega, e sim profundo! gostei demais, ja vou procurar outras obras da autora
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Simone Pagliari 04/11/2024

A vida Submarina
Em A vida Submarina ela é uma jovem poetisa mostrando seu coração e emoções ao mundo de uma forma muito pura e nua, uma boa leitura.
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Laurinha 14/09/2024

Ana trás a literatura, o amor e a vida marítima como algo inerente um ao outro, com uma destreza palpável e chocante. o amor é ora leve ora fardo e isso fica muito frequente em sua escrita.
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