@ARaphaDoEqualize 19/03/2013
[RESENHA] O Pássaro
RESENHA ESCRITA PARA O BLOG http://equalizedaleitura.blogspot.com.br/ PROIBIDA COPIA TOTAL OU PARCIAL
Em outubro/2011 eu escrevi aqui no Equalize as minhas primeiras impressões a respeito do livro O Pássaro. Na época, eu tinha acabado de conhecer a Sammy através do Skoob e por causa ainda de compartilharmos a mesma profissão, acabamos nos aproximando. Claro, teve muito mais do que isso, porque a autora é um ser muito querido, simples, humilde e com um coração enorme. E a Sammy acabou passando isso para suas palavras, refletindo no seu livro de estreia e trazendo uma história que me surpreendeu e que apesar dos dois capítulos iniciais que eu li há tanto tempo, foi uma surpresa concluir e descobrir tudo que a sua mente astuta imaginou para finalizar a história da Carol.
Enézio é um respeitadísssimo Barão, casado com Antonelle e pai de Elizabeth e Caroline. Carol será a protagonista da nossa história, lutando contra as regras rígidas de seu pai, contra o destino que está sendo traçado pelo mesmo para ela, contra as injustiças e lutará, principalmente, em busca da liberdade que sempre desejou. Em ser feliz fazendo o que desejasse, indo onde tivesse vontade, vestindo - se e portando como quisesse. Mas, como alcançar isso quando se tem o barão como pai, o homem que pensa que as mulheres são meros enfeites? Bernardo é o domador de cavalos que sempre a azucrinou. Mesmo sabendo das diferenças sociais, ambos acabam se apaixonando, e esquecendo disso, vivem em busca de um objetivo em comum, descobrindo o amor e lutando contra essa paixão arrebatadora. E não apenas contra ela, mas também contra as dificuldades que aparecerão. Com um toque de magia, você se envolve e devora o livro em algumas horas, mas contando as páginas e pedindo internamente que 'por favor, não acabe agora'.
É um livro surpreendente, em primeiro lugar. Quando eu comecei a ler não esperava tantas reviravoltas nem que a autora trouxesse a cultura cigana para dentro do contexto. Eu já estava apaixonada - é um romace histórico -, mas os elementos que são poucos utilizados na literatura em geral sempre me atrai e aqui não foi diferente. Eu particularmente adoro esse tipo literário (mas infelizmente são poucos os que têm), sou encantada com as vestimentas, o modo de viver, os tratamentos, como as famílias eram constituídas e a importância a determinados valores. Apesar de achar completamente ilógico (e odiar, na maioria das vezes) adoro ver como é retratado o modo como as mulheres deveriam agir: a submissão explícita para com o marido, a pressão para se ter um filho homem, a beleza e delicadeza que se era esperada das mulheres, a dedicação total e completa para a família. E tem todo esse balanceamento de fatores como riqueza/pobreza, patrões/empregados, segredos/mentiras, amores/impossíveis que me intriga e indigna... e encanta.
- Sim. Mas você se enganou. Meu nome não é Milady, é Caroline! – replicou, risonha.
- Meu pai me ensinou como tratar corretamente uma garota de posses. – dizia o garoto, numa formalidade que soava quase cômica em sua voz indefinida de quase-rapaz – Não recebem o mesmo tratamento que outras meninas. E a senhorita certamente é uma delas.
- Oras, se meu pai nunca me chamou assim, você também não precisa! Basta me chamar de
Caroline...
- Acontece que nós somos diferentes.
- Diferentes? Óbvio que não! – agora, ela ria com vontade – Você é igualzinho a mim! Só tem a pele um pouco mais escura, mas deve ser porque fica muito tempo debaixo do sol, como as jardineiras...
- Se somos iguais, Milady, então me diga: qual o tamanho da sua casa?
- Minha casa? É aquela ali. – apontou para o castelo, animada.
- Pois a minha casa é aquela.
Seguindo o olhar dele, ela viu o velho casebre de madeira ao qual ele se referia. Seu coração ficou apertado, como ela nunca sentiu antes.
- Lá, eu moro com meu pai e meu irmão mais velho. – ele explicou, com os olhos marejados.
O sucesso de O Pássaro se deve a forma delicada da escrita da autora, do tema, do reconhecimento com a personagem principal e com a descoberta de como a vida pode ser injusta, como as pessoas interferem nas nossas escolhas e mudam nossos destinos e principalmente, como tentamos de todas as formas encontrar a liberdade em nossas vidas, em vários estágios diferentes e para situações distintas. A Caroline lutou, desobedeceu, brigou e lutou por aquilo que ela acreditava ser verdade. Se ela consegue tudo? Ah, como eu gostaria de poder responder essa questão para vocês, queridos leitores.
Tem cenas levemente engraçadas e altamente triste. Mas não é aquele triste para você querer abandonar o livro. É triste pela situação em que se encontra. Eu recomendo o livro porque foi uma história linda... mágica, envolvente. Quando eu terminei , apenas tentei me colocar no lugar da Caroline e fico pensando que eu seria completamente igual a ela. Se a minha liberdade é algo que eu prezo agora fico imaginando como serei a minha vontade de viver como eu desejo na época da Caroline. Algo que eu destaco: ela era apenas uma garota de 17 anos descobrindo a vida, mas nem por isso ela era fraca como muitos pensavam. Autoras que escrevem livros com personagens principais femininas fortes, corajosas e determinadas já garantem o meu respeito e juntando com o conjunto inteiro? Pronto, tem o meu coração.
Sammy, queria dizer que meu coração literário é seu.