Zeka.Sixx 21/11/2019
Um novela policial tensa, mas à sombra do filme
"O Invasor" tem uma história interessante, porque Marçal Aquino começou a escrever o livro no final dos anos 90; antes de terminá-la, contudo, acabou sendo convencido a escrever o roteiro do filme, sendo que o roteiro ficou pronto ANTES. Somente após finalizada a produção do filme foi que o escritor retornou ao livro e finalizou a obra, lançada em 2002.
A história de dois amigos, sócios em uma empreiteira, que resolvem contratar um matador para eliminar o terceiro sócio da empresa, que está obstruindo o andamento de falcatruas, é contada em alto nível de tensão, em primeira pessoa, sob a ótica de Ivan, um dos mandantes do crime. O maior mérito do livro é o seu alto grau de realismo, retratando os conflitos de um cara que levava uma vida comum, com falhas inerentes a qualquer ser humano, e que de repente toma uma decisão drástica que o suga para um abismo do qual nunca mais conseguirá se desvencilhar.
O problema do livro, por outro lado, é não conseguir se descolar do filme. Ao menos para mim, foi assim. Lendo o livro, eu só conseguia pensar na obra-prima de Beto Brant, um dos melhores filmes nacionais de todos os tempos, com atuações memoráveis do surpreendente Paulo Miklos, da gatíssima Mariana Ximenes, e dos sempre competentes Alexandre Borges e Marco Ricca.
Para mim, é daqueles raros casos em que o filme é superior ao livro (como Trainspotting, por exemplo). Mesmo assim, vale a pena a leitura desse belo exemplar de literatura policial nacional.