hlvrcralc 20/10/2022
simples e pouco aprofundado
"diga-me, Zara... quem, num momento de dúvida e desilusão... não se agarraria, ainda que inconscientemente, à mão que lhe oferece perdão e salvação...? quem, diante da morte, não almejaria um paraíso, mesmo sem saber se ele existe?"
antes de tudo: não li a obra original, apenas essa adaptação. então não sei dizer quanto à fidedignidade em relação a isso.
é bem curto, li em uma manhã (e com bastante calma). fala sobre a visão das pessoas de diferentes realidades sobre Deus e a religião/igreja. uma parte logo no início que ressalta bem isso é em uma das primeiras revoltas do Zara, quando ele encontra as crianças pobres e elas demonstram sua falta de conhecimento religioso + pensamento focado no valor material do crucifixo, também entendendo a religião como algo válido para conseguir "esmolas".
de início, já tive muita raiva do Zaratustra e morri de dó do Alex. sobre o pai deles, eu realmente o vejo como uma boa pessoa, apesar dele ser bem impositor às vezes (sem desculpabilizar o Zara pela forma que ele toma as atitudes), mas isso poderia ser pensado como algo parte do contexto da época. por muito tempo, continuei tendo compaixão pelo Alex, que continuou demonstrando ser bom mesmo depois de tanta coisa que o Zaratustra o fez.
não é uma leitura parada, na real, tem uns mini plots aí que não são grande coisa mas acontecem.
um probleminha que eu achei é que, querendo ou não, as atitudes do Zara só fazem reforçar ainda mais os estereótipos sobre os ateus na sociedade.
por muitas vezes, não entendi absolutamente nada do que estava acontecendo, mas as coisas logo se explicam (apesar de continuarem meio confusas). o Alex teve uma evolução bem estranha por causa de todos os fatores que o levaram por esse caminho e de fato eu não esperava como o pai "acabaria com isso tudo" (de novo e de novo...) dessa forma. achei BEM bizarro e no sense.
sobre a mulher esquisita, eu não entendi muito bem a intenção de representação do que ela seria ali. não peguei a metáfora, mas de fato deve ter algum simbolismo por trás.
achei o final bem bizarro também, mas entendi a analogia como algo relacionado às reencarnações? acho que o mangá não tem tanto aprofundamento dos conceitos e isso dificultou um pouco as coisas. talvez seja uma experiência melhor pra quem leu a obra original.