Dhiego Morais 30/03/2017A Guerra dos Tronos HQ #1Ano passado as minhas leituras precisaram sofrer umas pequenas mudanças, devido principalmente ao famigerado TCC. Desta forma, comecei a optar por livros mais curtos e sequências de séries ainda não finalizadas. Com isso veio a inusitada — para mim — vontade de me arriscar em alguma HQ ou similar, pela descontração e pela novidade, mesmo. Então surgiu a oportunidade de ler a graphic novel de A Guerra dos Tronos.
Lançada pela editora Barba Negra, um dos braços da LeYa, o volume um reúne 6 capítulos, dos 24 desenvolvidos lá fora. São 240 páginas de ilustrações e extras bem planejados e produzidos por uma equipe muito boa de profissionais.
“Meu irmão tem sua espada, o rei Robert, o seu martelo de guerra, e eu tenho a minha mente, que precisa de livros para se manter afiada. Por isso leio tanto, Jon Snow”.
Em A Guerra dos Tronos – volume 1, o leitor recebe uma pequena introdução, um prefácio, na verdade, de George R. R. Martin, onde o autor conta um pouco sobre a sua infância e carreira, bem como suas ligações com as histórias em quadrinhos, graphics novels, ou simplesmente funny books, em suas palavras, literalmente.
A edição inicia da mesma forma do livro, com o capítulo onde Will, Sor Waymar e Gared estão cavalgando ao norte da Muralha. Já é neste capítulo que podemos ter os primeiros vislumbres dos Outros e seu misticismo. Um ponto bem positivo nesta parte em específico é que ela é bastante visual, o que se encaixa perfeitamente nos moldes da HQ.
Com um roteiro adaptado por Daniel Abraham, indicado aos prêmios Hugo, Nebula e World Fantasy, além de vencedor do Horror Guild, fica fácil aos leitores fiéis de Martin notar e assimilar cada detalhe extraído muitas vezes em sua forma literal do texto original. Frases famosas, cenas importantes e essenciais de A Guerra dos Tronos estão ali, na graphic. Algumas delas, inclusive, que não estiveram presentes no seriado da HBO, das quais Martin sentiu falta.
O ilustrador escolhido pela equipe foi Tommy Patterson, que encantou com suas visões de Ned e Tyrion. Particularmente, eu adorei os traços usados para apresentar Khal Droggo, Arya e Bran, além do próprio Tyrion, é claro. O que pode ser complicado para alguns leitores é se livrar das imagens que o seriado da HBO colou em nossas mentes. Então, não se desespere e nem fique chateado se as personagens estão diferentes do que você se lembrava, mas dê uma oportunidade. Muita coisa sobre a criação das ilustrações e a coloração foi acompanhada pelo autor, e, tudo isso está anotado nos extras da graphic novel.
“Nunca se esqueça quem você é, porque com certeza o mundo não se esquecerá. Faça disso sua força para que nunca se transforme em sua fraqueza. Proteja-se nela e isso nunca será usado para machucá-lo”.
Houve um cuidado em evidenciar flashbacks e em separar pensamentos de personagens, descrições de tempo e espaço e as falas, utilizando cores selecionadas para os balões. Dessa forma, amenizam-se dois problemas furtuitos: o perigo das quebras de narrativa e o de acabar confundindo o leitor que entra em contato com a obra de Martin pela primeira vez.
Enquanto eu lia cheguei a pensar se seria mais recomendado ler primeiro o livro ou a graphic novel. Para quem já tinha lido o livro — meu caso —, a HQ é um belo complemento, ajudando a relembrar alguns fatos, além de trazer um sentimento legal de nostalgia. Para quem nunca leu o tijolão, a graphic é uma boa estratégia para tentar capturar uma legião ainda maior de novos leitores. Então, acredito que há vantagens das duas maneiras.
Neste primeiro volume da HQ temos muitas passagens interessantes que encerram com um gancho legal para o volume dois.
Se você ainda não leu, tá aí uma boa oportunidade enquanto aguardamos o sexto livro e a sétima temporada de Game of Thrones!
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