Helder 27/10/2022Mas um romance tem de ser necessariamente uma coisa bela?Engraçado como eu gostei deste livro!
Há tempos tenho vontade de ler este autor e esta semana surgiu a chance ao encontrá-lo como livro escolhido de um clube de leitura.
Acho que este livro não funcionaria nos dias atuais, pois precisa de uma ingenuidade nas pessoas que já não existe mais, porém eu li imaginando que estava assistindo um filme Noir da década de 60, quando ele foi escrito e foi uma boa experiência.
Beleza e Tristeza foi o penúltimo título escrito pelo autor e é um drama, mas para mim foi como ler um thriller, pois existe toda uma aura no texto que nos diz: Vai dar merda!.
Em Beleza e Tristeza conhecemos Iko, um homem de 55 anos, escritor, que está vaijando para Kyoto com a desculpa de ouvir os sinos de Natal em mosteiros (Um evento cultural que de acordo com o livro era transmitido nas rádios japonesas em épocas natalinas), mas cujo real motivo é encontrar Otoko, que foi sua amante em uma relação extraconjugal quando ela tinha 16 anos e ele 31.
Oki encontrou uma foto de Otoko no jornal, onde descobriu que ela se tornou uma grande pintora e reside em Kyoto.
O tempo passou, muitas coisas aconteceram, mas ele tem uma certeza de que este encontro será bom.
Machismo? Cultura oriental? Sei lá, mas ele realmente acredita que aquela situação foi algo ok.
Porém, quem vai ao encontro de Oki, na sua estadia em Kyoto, é Keiko, uma bela jovem japonesa, extremamente linda, e aluna das aulas de pintura de Otoko.
Em meio a descrições de artes e maravilhosos locais históricos de Kyoto, Kawabata vai nos enredando lentamente em uma dramática história que envolve mágoa, solidão, vingança, ciúmes e porque não dizer, amor. Louco ou sensato, é o leitor que escolhe.
Eu gostei muito do clima de crescente tensão que o autor trouxe para obra, em paralelo com um clima de erotismo latente, mas que quase nunca chega as vias de fato e as maravilhosas descrições de Kyoto que me faziam a todo momento querer parar a leitura e procurar aqueles lugares no Google.
Como li em uma outra resenha, parece que Kawabata foi pintando um quadro.
O final me deixou com um gosto amargo, e como disse, não acho que seria possível nos dias de hoje, mas foi completamente coerente com a história, cultura e época que foi escrito, portanto me agradou bastante.
Leitura recomendada e me deixou com vontade de procurar outros títulos do autor!