Camis 15/10/2013Lily Sanderson seria só mais uma adolescente descabela e apaixonada da cidade praiana Maresia, se não fosse pelo fato dela ter uma barbatana, calda de sereia, respirar dentro d’água e ainda ser a princesa de um reino secreto no fundo do mar. Sim, Lily é uma sereia, herdeira do trono de Thalassinia, e está completamente apaixonada há 3 anos por Brody Bennet, o garoto popular do seu colégio e que acaba de ficar solteiro.
Por estar próxima do seu aniversário de 18 anos, Lily deverá escolher o mais rápido possível um parceiro ao qual irá se ligar, já que para subir ao trono, a herdeira deverá possuir um rei ao seu lado. A ligação é uma espécie de casamento para os marinhos (sereias, tritões, etc.), que acontece logo que o casal dá o primeiro beijo. Entre dois marinhos a ligação é bastante comum e simples, no entanto, entre um marinho e um humano as coisas são um pouco diferentes. Quando um ser marinho beija um humano a ligação começa acontecer, e para que ambos estejam juntos até o fim de seus dias, o encanto da ligação acaba tornando o humano em um marinho também, dando-lhe guelras, barbatanas e todas as habilidades de que precisa para sobreviver embaixo d’água em Thalassinia, junto com seu amado.
Agora que Brody finalmente estava solteiro, Lily só tinha um pensamento na cabeça: conquistá-lo, beijá-lo e reinar Thalassinia ao seu lado. Mas as coisas saem um pouco errado, e totalmente fora do esperado. No dia em que Lily deveria supostamente ter revelado o seu segredo para Brody e o beijado, ao invés do amado ela acaba beijando seu vizinho insuportável Quince Fletcher, o último garoto na terra (e no mar), ao qual ela gostaria de estar ligada.
Quince sempre foi, por uma razão desconhecida, apaixonado pela ideia de atormentar a jovem sereia. Desde que se mudara para Maresia para a casa da tia, Lily tem sido atormentada pelo loiro, lindo e impossivelmente chato, Quince. Agora, no entanto, ela terá que se revelar para ele, porque Fletcher está passando pela transformação e, para sobreviver a ela, ele deverá ir para o fundo do mar o quanto antes.
Mas eles têm uma solução: Lily pode pedir ao pai para que convoque o conselho e quebre o encanto da ligação. Contudo, para isso, ela terá que levar Quince ao seu reino e ainda passar por uma espécie de “terapia de casais” no qual o conselho determinará se a sereia e o humano são ou não incompatíveis. Para a sereia estava bem claro que eles eram mais do que um o oposto do outro, mas a medida que ambos vão convivendo e se conhecendo mais intensamente a dúvida começa aparecer. Mesmo amando Brody, ela poderá estar se apaixonando pelo garoto que sempre odiou, ou isso só será um dos efeitos da ligação?
No Fundo do Amor é um dos meus livros ultra-desejados de todos os tempos. Há anos eu queria lê-lo, mas nunca encontrava em uma livraria, quando finalmente ele chegou aqui em casa como cortesia da Editora iD eu mal pude acreditar. A capa é simplesmente linda e, embora a diagramação seja um pouco simples, a revisão da tradução/editora foi muito bem feita.
Lily é uma personagem muitas vezes insuportável. Em vários momentos vemos o quanto ela é ingênua e inocente demais, e até cheguei a pensar que Thalassinia estaria com um baita problema com uma princesa como ela no poder. No entanto, à medida que a estória vai se desenrolando, vamos acompanhando a evolução da personagem e o seu amadurecimento.
A autora Tera Lynn Childs conseguiu desenvolver uma narrativa bem light. Embora eu não seja muito fã da forma como a autora escreveu, intercalando o tempo do passado com o presente, ou seja, uma hora a Lily narra como se ela estivesse vivendo a cena naquele exato momento, e dois parágrafos depois ela narra como se a cena já tivesse acontecido, no passado, ainda assim tenho que ressaltar que no todo o livro me conquistou. Tera conseguiu criar um mundo subaquático completamente único e criativo. Os seres marinhos, os poderes de Lily, as expressões marinhas (ex: “Pelo amo de Poseidon”, ou “Estou pirando a barbatana”), enfim, todos os detalhes que a autora acrescentou na estória me fizeram mergulhar no reino de Thalassinia e não querer sair de lá. Tera conseguiu até mesmo dar um significado novo às supostas Ruínas de Atlântida para que elas se encaixassem na estória de Lily.
O livro só não ganhou a nota máxima por um único motivo: quando Lily revela sua verdadeira natureza para as pessoas, todos os humanos pra quem ela conta simplesmente aceitam o fato da garota ser uma sereia como se ela tivesse dito que adora comer maçãs. Esse foi um lado no qual a autora pecou, fazendo com que essa grande revelação de Lily fosse aceita pelos outros como um fato comum, o que fez a cena não ter lógica nenhuma. Se alguém chegasse pra você e dissesse “oi, sou uma sereia”, você por acaso diria “Você deveria ter me contado antes”, ou você diria “E eu sou uma semi-deus, prazer”? Entendeu o que quero dizer?
Enfim, no geral o livro é uma delícia de ler. No Fundo do Amor faz o leitor viajar durante a leitura completamente, e esquecer que na verdade o mundo está sobre a terra e não sob o mar. Mal vejo a hora de continuar a leitura da série, com o livro Eternas Escamas.
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