Andre.28 06/10/2020
Intrigas, ingratidão e um amor de pai
Uma tragédia Shakespeareana da mais alta qualidade. Uma peça que une elementos da tragédia, com uma nuance narrativa épica. Eternizada na literatura e na dramaturgia, William Shekeaspeare nos brinda com uma epopeia, um clássico envolvente, instigante, fantástico. Em Rei Lear temos uma clássica tragédia. Originalmente escrita entre 1605 e 1606, baseia-se em um conto popular que se integra à história antiga da Inglaterra desde o século XII.
A peça conta a história do velho rei Lear, que pela sua idade toma a decisão de deixar o trono. Ele convoca as suas três filhas, Goneril, Regan e Cordélia, e os maridos das duas primeiras, os duques de Cornwall e Albany respectivamente, para escolher como sucessora a que mais o amasse ele. Entre louvores e dissimulação, e a mais nova, Cordélia expressa seu amor de forma mais simples, irritando o rei, ela é castigada por ele. Cordélia, a única digna de herdar trono, acaba por se casar com o duque da França. Depois de varias reviravoltas, o rei Lear descobre uma trama para matá-lo, coisa que envolve as suas duas filhas mais velhas. Ele se dá conta do erro que cometeu contra sua filha Cordélia, e entra um estado de uma “quase senilidade”. Entre tragédias e traições, redenções e fatalismos, a peça se encaminha a um desfecho trágico, um amor de um pai ante a cobiça de suas filhas.
Shakespeare confere à história uma visão muito pessoal, e apresenta ao público, cruelmente, uma experiência extrema de sofrimento, loucura e destruição. Rei Lear é uma das obras mais dramáticas de Shakespeare, onde o repertório, tanto de enredo quanto de construção dos diálogos e a estrutura são muito bem trabalhados. Enfatizando a ingratidão diante da ingenuidade, o enredo tem um final trágico. Shakespeare preenche os embates com uma carga dramática excepcional, as relações expostas e uma moralidade dúbia, que coloca a ambição e o amor, uma batalha entre a redenção e a fatalidade que a maldade dos homens imprime aos desejos mais ingênuos e emocionais de um pai. Com um final triste e melancólico, Shakespeare expõe as feridas, faz a crítica, contempla com melancolia as dores de uma história épica e triste. Shakespeare será eterno por eternizar uma análise do homem, trazendo beleza e dor as palavras escreve.