Bruno @viagempelomundodoslivros 15/06/2021
O Bardo como sempre genial...
Como visto em outras obras do autor, Shakespeare não criou o seu enredo do zero, pois no século XII, Geoffrey of Monmouth conta a história de Lear como sendo parte da história da Inglaterra. Mesmo antes disso, a figura de Lear já era tida como lendária, presente em outras narrativas e poemas. A história começa com o Lear, o idoso Rei da Bretanha, querendo medir o grau de amor de suas 3 filhas, para então dividir proporcionalmente as suas terras, conforme o amor demonstrado. Ocorre que duas de suas filhas, Regan e Goneril, mesmo não possuindo tal amor pelo pai, mas sim interesse em seus bens, desfilam belíssimas palavras para o pai que fica muito satisfeito com as declarações. Por outro lado, Cordélia, a filha que de fato amava profundamente o pai, é sucinta em seu discurso, dizendo que o ama o pai como caberia a uma filha. Então, Rei Lear fica desapontado e ao mesmo tempo furioso com Cordélia, deserdando-a e dividindo seus bens apenas entre Regan e Goneril, erro este que depois ficaria claro aos olhos do Rei, porém não a tempo de evitar os tristes acontecimentos que estariam por vir. Tendo em vista se tratar de uma tragédia shakespeariano, vocês podem imaginar que muitas traições e mortes acontecem, de modo que o autor consegue trazer uma forte crítica a falsidade e o "puxa saquismo" de seu tempo. No outro núcleo da peça, temos o Conde de Gloucester sendo enganado por seu filho bastardo Edmundo, fazendo-o pensar que seu filho legítimo Edgar desejava a sua morte. Também neste núcleo temos traições e mortes causadas a partir do desejo descontrolado de poder. Não achei esta obra tão fluida como as dos meses anteriores, até por conta da complexidade da trama e suas reviravoltas em ambos os núcleos da peça, de todo modo achei uma excelente história contada de forma genial pelo Bardo.