DMendesPr. 22/02/2023
Um ótimo debate sobre a dinâmica do ministério pastoral.
Antes de ser um livro, esta obra foi originalmente um evento patrocinado pelo Centro Carl F. H. Henry para Entendimento Teológico, na Trinity Evangelical Divinity School. As mensagens de Piper e Carson foram escritas e reorganizadas para transformarem-se nos capítulos deste livro. Na obra, Eles trazem considerações sobre a dinâmica de funcionamento entre as responsabilidades práticas e acadêmicas do cotidiano pastoral.
Primeiro, o livro concentra-se na figura do pastor como mestre, onde Piper revela sua história de peregrinação ao pastorado e mostra como a erudição recebe importância em seu ministério. Piper expõe como o estudante intelectual, tímido e emotivamente expressivo encontrou equilíbrio. Houve um caminho acadêmico desde o ensino médio, passando pelo tempo de seminário e acompanhando por alguns equívocos na vida. O doutorado trouxe receio para com aquilo que a erudição poderia causar. Os muitos anos de ministério mostraram a relação dessa erudição com a glória de Deus na tarefa de mestre por parte do ministro. Fugindo da hipocrisia e buscando satisfação em Deus, o mestre não fracassará nos perigos da erudição e da confiança no alicerce errado. Onde a fé é intelectualisada demais, muitos santos comuns e autênticos podem sentir o cheiro do erro.
Piper expõe o ponto em comum entre a necessidade da mente em harmonia com o coração, como o lugar onde o mestre adentra. O mestre conduz os fiéis ao conhecimento devido de Deus, para que assim, haja a resposta adequada a este, um sentimento correto com relação ao Senhor. O alvo para o pensar correto relacionado a erudição, é despertar e manter a satisfação em Deus que o glorifica. Piper mostra como o uso dos artifícios eruditos de maneira correta agrada a Deus, e revela como o próprio Jesus desaprova o uso errôneo da mente na interpretação e aplicação para vida.
A Bíblia revela que a erudição é necessária, a aptidão foi enxergada tanto em exemplo como em instrução bíblica. A igreja precisa entender, e o pastor é responsável por explicar. O mestre assume esse papel e esforça-se em preparação e execução assertiva e abrangente, o que é resultado, segundo Piper, não de uma busca desesperada pela erudição, mas de uma submissão completa a Deus, estando plenamente satisfeito nele.
Carson, por sua vez, tratando sobre ?o mestre como pastor?, abre seu argumento ao pensar na ambiguidade do presente título. Ele explica o abrangente caminho que existe na vocação acadêmica ou pastoral. De modo geral, expõe disciplinas eruditas, desde a ornitologia até à história da Europa e à exegese bíblica. Ele argumenta que os diversos dons dados por Deus podem se apresentar em diferentes proporções em cada ministério. Carson expõe seu caminho pessoal ao chamado e preparo pastoral. Mostra como este caminho não envolveu um desejo inicial de ser um grande acadêmico, mas somente cumprir o papel pastoral, o que acabou mudando com o seu investimento acadêmico subsequente, e conduzido à crítica de sua real qualificação.
Don Carson revela o perigo e tentação do mestre tornasse somente um ?intendente?, afastando-se da linha de frente no cargo pastoral e se perdendo. O mestre como pastor não se ilude pelo prestígio do cargo, mas foca no benefício que este produz, ele foge dos aplausos, encontrando em Cristo a única necessidade de aprovação. O mestre como pastor ama as Escrituras, ele não somente estuda ou ensina ela, mas também medita na Palavra. Ele dedica tempo aos irmãos, entende a dinâmica de dons variados e compreende o aprendizado distinto individual de seus alunos. O mestre como pastor tem sabedoria para ensinar todas as coisas com ênfase no que é primordial, a fim de não introduzir seus alunos em uma peregrinação indesejada, como o caminho da crítica. Carson destaca como a visão do mestre-pastor deve ser ampliada, seu caráter pastoral o conduz a pensar no que a igreja precisa e não no que solicita. Ele ama a igreja profundamente. Ele deve buscar uma erudição em comunhão, dividindo eventos e consultando colegas. O pastor-mestre sabe olhar para si mesmo com os óculos corretos, entendendo a importância do seu trabalho e pequenez da sua pessoa.
Ao fim do livro, David Mathis destaca a origem e o caminho traçado por Piper e Carson rumo a dinâmica do ministério como pastores mestres, ou mestres pastores. As variadas características que se sobressaem em cada um, não podem apagar o quanto as duas tarefas se completam no serviço. Os pastores são desafiados a tornarem-se ainda melhores que seus antepassados, sem abandonarem em suas vidas e seus púlpitos, no caminho da especialização, os princípios mais antigos e basilares da fé.