Lua 03/06/2021
Amadah???
Uns 5 anos atrás eu li o meu primeiro livro do Sidney Sheldon, e só agora tive oportunidade de ler algo do autor novamente. Mas os dois livros me deixaram a mesma impressão: boa trama, mas com um desenvolvimento sem sentido em vários pontos. Só que esse, na minha opinião, foi ainda mais irritante que o primeiro. Começando pelo fato de que a protagonista, Mary, é extremamente ingênua. Vi um comentário aqui falando que muitas vezes o autor força demais em alguns acontecimentos, e eu concordo totalmente com essa opinião. Pois ao mesmo tempo que temos uma Mary inteligente, que consegue solucionar problemas de uma forma muito criativa e perspicaz, ela também consegue ser absurdamente ingênua e estúpida na maior parte do livro. Sério, tinha horas que eu queria ser capaz de entrar no livro e dar uns tapas nela, porque não é possível o tamanho da burrice!
Eu acho interessante o fato do autor trazer uma protagonista feminina, nos mostrar o ponto de vista dela e o esforço que ela tem que fazer para sobreviver (literalmente) em um ambiente predominante masculino. O problema é que ela ao longo da trama recai no mesmo clichê que é frequentemente usado para inferiorizar as mulheres: a Mary é muito ingênua, frágil, manipulável e é atraída facilmente pelos encantos de um homem. E não é dizendo que ela seja fraca, pelo contrário, ela é bastante forte para aguentar tudo o que passou e manter-se de cabeça erguida, o problema são essas características que contrastam com a pessoa que ela devia ser dada as circunstâncias.
O livro é muito previsível, teve apenas uma revelação no final que me surpreendeu e eu gostei bastante dessa parte. Mas a conclusão da trama não me convenceu, tem muita coisa que acontece que, quando você para pra pensar, n faz sentido nenhum.
O livro é dividido em três partes, mas acho que segunda parte nem deveria existir, foi enrolação pura. O autor deveria ter aproveitado esse espaço para desenvolver melhor os diálogos, visto que muitos acontecem rápido demais, sem naturalidade. Um monte de coisas são resolvidas com diálogos extremamente simples, às vezes a sensação que dava era que o autor tinha preguiça de escrevê-los.
Ah, por fim, é importante notar que o livro é uma baita de uma propaganda dos EUA, lançado ainda na Guerra Fria. São numerosas as vezes que o autor põe os EUA como o grande salvador, ao passo que os países soviéticos são retratados de uma forma bem negativa.