Pedro3906 25/07/2024
Nothing just an inchident
Nesse dia do escritor, escrevo em nostalgia conturbada sobre esse livro quase cósmico ? dada sua órbita irregular em meus pensamentos. foi um antigo desejo suprido graças ao presente de uma querida amiga de letras: ela nada suportara, amolação enorme, e é mesmo, às vezes amola. mas erico amortiza os efeitos crônicos da tecnologia narcoléptica numa prosa fantástica, descritiva e minuciosa. pertenço àqueles cuja criação material importa e instiga se bem executada (me envolvi ferrenhamente com os mórmons de um estudo em vermelho), e aqui, a aura sensorial de antares se mostra terrível em sua atualidade ? "quinhentos anos de brasil e o brasil aqui nada mudou".
a população da cidade permeia a política aristocrática do país sob visão, em suma, dos agentes burgueses mantenedores, tão ridículos quanto se pode imaginar, riso de nervoso, chiliques de tibé vacariano. claro, o horror marca presença constante nas passagens desde o princípio, encarnado na rivalidade nociva de famílias. agonia, neurose.
os eventos do incidente em si deixo a cargo das impressões de cada leitor; exige sua meditação prolongada. fiquei a pensar que, amarrados os bons trechos, a obra permite transposição divertidíssima aos palcos.
joão paz e erotildes me tocaram, assim como o padre pedro-paulo e o mendes. mendes, ah!, mendes. os verdadeiros mortos-vivos somos nós.
o livro todo vale a pena pelo capítulo 28 da segunda parte.
?? quer dizer que o professor nunca encontrou um morto que se move, que fala e pensa, como se estivesse vivo? pois agora tem um aqui na sua frente, em avançado estado de putrefação física e moral.?