O Amor nos Tempos de Cólera

O Amor nos Tempos de Cólera Gabriel García Márquez




Resenhas - O Amor nos Tempos do Cólera


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Ana Campos 19/04/2021

Uma resenha simples e direta: um livro bom da porra!
Mais uma obra na perspectiva visceral de amor de gabo, belíssima.
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Bruna3810 21/11/2021

As pessoas costumam incentivar a leitura, não importa qual seja, dizendo que todas agregam à forma como enxergamos o mundo e lidamos com as experiências impostas pela vida. Eu concordo plenamente, mas também acredito que há livros que exigem maturidade e o momento certo para estarmos abertos e atentos à toda vastidão que eles podem nos proporcionar.
E o amor nos tempos do cólera é um desses livros que eu desejo que cheguem na mãos das pessoas no exato momento, no perfeito período em que seus corações estejam tão moles, fazendo com que as precisas e AFIADÍSSIMAS palavras do GABO lhe atravessem como uma lança rápida e certeira.
Desde a primeiro paragrafo do livro considero que fui arrebatada, não pestanejo em dizer que ele escreve de maneira única e inimitável e que cada paragrafo parece uma poesia que fica pairando no ar, tão real em descrever situações cotidianas, mas com tanto lirismo, que até as observações mais tolas se tornam poesias dignas de ocuparem um mural.
O amor nos tempos do cólera me fez refletir sobre a passagem do tempo e junto com Florentizo Ariza eu me senti por vezes suspensa e inatingida pela sua passagem, quando notava já era madrugada e todos os afazares haviam sido colocados de lado, pois mais importante era descobrir como o amor se transformaria e encontraria um caminho de retorno sem desmerecer aqueles que já haviam passado.
Sei que nunca vou me esquecer desse livro e levarei reflexões de todos os personagens, reconheço um pouco de mim em todos eles e agora sei que todos eles vivem em mim
E também. Obrigada GABO, seu livro transformou meu mundo e sua escrita me impactou irreversivelmente.
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isabela.coronelli.augusto 15/08/2024

Incômodo; mas não de um jeito bom
Primeira obra de GGM que leio e, sinceramente, não me deixou com vontade de ler muito mais. A escrita é belíssima, sem dúvidas, e é um dos poucos méritos dessa obra pra mim. A narrativa é poética e as descrições, apesar de longas, são lindas e emocionantes, muito fluidas. Marquei diversas páginas com passagens que achei elegantes e cheias de sentimento. No entanto, algumas descrições, especialmente sobre os corpos das personagens femininas, em particular quando adolescentes, me causaram um mal estar enorme em relação ao autor.

Quanto a historia, acho preocupante que ela continue sendo vista como um conto de amor através do tempo, quando em nenhum momento Fermina Daza amou Florentino Ariza, senão se acomodou a ele e acabou sendo vencida pelo cansaço de seus assédios. Ariza é obcecado, totalmente egoísta e narcisista, sem falar em criminoso e nojento ao se envolver com uma menina pela qual ele se interessou quando ela tinha 12 anos e ele mais de 70. As problemáticas da narrativa por vezes quase exterminaram meu interesse em continuar. Fermina Daza começou como uma personagem interessante, confiante e geniosa; achei incrivel a existencia de uma personagem de epoca feminina sem qualquer interesse amoroso. Mas quando ela é racista com a amante do doutor Urbino, não consegui mais sustentar nenhuma simpatia por ela. Por fim, o médico de classe alta acabou por ser o unico personagem principal minimamente decente.

Os personagens secundários, por sua vez, acabaram por me interessar muito mais, com destaque para a tia Escolastica, a viuva de Nazaret, as amantes de Florentino em geral, suas historias foram por vezes as minhas partes favoritas.

Enfim, uma leitura com seus momentos, mas na qual se sobressairam os incomodos e a vontade de terminar logo.
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Ana Val 14/11/2023

Esse livro não é sobre amor
Fiquei dividida por não conseguir decifrar com convicção se as coisas que me incomodaram no livro (personalidade possessiva do Florentino, obsessão disfarçada de amor, cenas de p*dof*lia e e*St*pro, falas raciais ambiguas, etc) foram intencionais, para incomodar e chocar o leitor, ou se Márquez só meteu o louco escrevendo mesmo (de qualquer forma é polêmico).... Enfim, a leitura não fluiu tão bem quanto outros livros dele, e terminar foi quase um parto. De qualquer forma, esse livro é sobre várias coisas, mas amor não é uma delas (quem achou o romance entre os protagonistas uma história de amor linda eu recomendo fortemente terapia) 2.5/5 ?
Nati 19/11/2023minha estante
Hahahahahha!!!! Siiimmm! Finalmente encontrei alguém que pensa como eu. Não achei nada de romântico e lindo nesse ?amor?.
E a parte da insinuação a ped0f!li@ me causou repulsa! Tive que reler o trecho para ter certeza q não estava ficando doida. Fiquei procurando um significado já que estamos falando de Garcia Márquez. Porém, ao fazer uma breve pesquisa, vi que faz parte do estilo dele? afinal a outra obra ?memórias de minhas putas tristes? tb se refere a pedóf. Ainda não li, mas vi menções a respeito.
Enfim? apesar de achar o Florentino um psica? e repugnar alguns trechos, eu curti a leitura. A Fermina em sua versão adulta, tem muito a nos ensinar.
Vou começar a ler Cem anos de solidão. Espero que eu goste! Rs


Carol 14/12/2023minha estante
Tô lutando pra terminar, concordo com tudo que você falou! E eu amei cem anos de solidão..




filho de zeus 28/06/2021

Inventando o amor com amor
Minha primeira experiência com o autor e posso dizer que foi inesquecível. Gabriel Garcia Marquez consegue contar muitas histórias diferentes nesse romance, que diga-se de passagem, não se prende a moralismos, talvez propositalmente, por conta da época em que se passa.
Num contexto de guerra e morte, absurdos são naturalizados na vida cotidiana e é inevitável desviar o olhar disso. Mas ainda assim, a história de Fermina, para mim, foi interessante de acompanhar, do começo ao fim. Apesar dos seus vários defeitos, é uma personagem intrigante, principalmente pela maneira como se opõe a regras sociais, mesmo que timidamente.
Mas o que mais gostei sobre esse livro é a maneira que o autor consegue traçar uma linha do tempo muito bem descrita da vida de cada um dos personagens. O tempo é o grande protagonista pra mim. Pois tudo na história depende dele. E acontece, apesar dele.

?E se assustou com a suspeita tardia de que é a vida, mais que a morte, a que não tem limites.?
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regifreitas 05/07/2020

O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA (El amor en los tiempos del cólera, 1985), Gabriel García Márquez; tradução Antonio Callado.

São muitos os clássicos da literatura aclamados como grandes histórias de amor, mas que retratam esse sentimento pelo lado seu lado mais doentio, obsessivo e trágico. Vide ROMEU E JULIETA, a clássica história de dois adolescentes que vivem um relacionamento relâmpago, tornando-se um paradigma dos amores contrariados. OS SOFRIMENTOS DO JOVEM WERTHER, considerada a primeira produção da escola Romântica, conta a obsessão do protagonista por uma mulher comprometida. O MORRO DOS VENTOS UIVANTES, DOM CASMURRO, SÃO BERNARDO, não faltam exemplos para ilustrar a questão dos amores obsessivos. Nascida da genialidade de Gabo, O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA também pode incluir-se nesse rol de obras.

O que esses romances trazem de extraordinário, e o que os torna clássicos, é a construção dos personagens. São seres complexos, por vezes perturbados, que dedicam suas vidas, forças e ambições para a concretização do desejo e/ou da posse do objeto afetivo. Contudo, não podem ser reduzidos a lindas histórias de amor ou de confirmação de como é poderoso esse sentimento que literalmente consome amados e amantes. Eles retratam personalidades fascinantes, mas o sentimento que estas carregam ao longo dos anos não pode ser considerado algo absolutamente saudável.

É o que acontece com Florentino Ariza. Ele se apaixona por Fermina Daza ainda na juventude e, mesmo suportando uma longa espera de mais de cinquenta anos, sonha com a reconquista do “amor” dessa mulher. Florentino acaba nos despertando um misto de compaixão e raiva. Até porque conhecemos os pensamentos de Fermina e, exceto por um breve momento da adolescência, esse sentimento não foi recíproco durante todo o tempo que Florentino se consumiu por ele.

É magnífico enquanto obra literária! Na vida real, Florentino careceria de uns bons anos de terapia.

Para o Desafio Livros & Sabores de junho: Colômbia.
Silvana (@delivroemlivro) 05/07/2020minha estante
"Florentino Ariza, por outro lado, não deixara de pensar nela um único instante desde que Fermina Daza o rechaçou sem apelação depois de uns amores longos e contrariados, e haviam transcorrido a partir de então cinquenta e um anos, nove meses e quatro dias."


Marta Skoober 06/07/2020minha estante
Um desses livros que geram imensas expectativas.


regifreitas 07/07/2020minha estante
no meu caso foi uma releitura. tinha lido no final da adolescência, logo após o Cem anos de solidão, mas não tinha me pegado tanto. mas é ótimo. mesmo assim, o Crônica de uma morte anunciada ainda está na frente na minha preferência.


Marta Skoober 07/07/2020minha estante
Eu tenho ele, acho que já tem uns 15 anos ou mais. Nunca li, já comecei algumas vezes, mas acabo deixando pra lá. Não que seja ruim, mas acabo desviando para outras leituras...




DIRCE18 26/03/2023

Misturei alhos com bugalhos
Não consigo entender o porquê de eu ter gostado tanto desta obra na primeira vez que a li. Gostei tanto que fui até assistir ao filme no cinema.
Ainda que se considere o humor e a leveza da escrita do escritor, e a forma que ele trata o desdém pela América Latina, as guerras civis que se sucedem, a miséria da população ignoradas pelos políticos, a corrupção etc...etc... e que a inspiração para o romance tenha partido da estória de amor dos seus pais, o amor do Florentino Ariza por Fermina Daza, para mim, não passou de uma caricatura.
51 anos , 9 meses e 4 dias ( Op s!) Olha um déjà-vu : 41 anos e 43 dias ( As Brasas- Sandor Marai, data da publicação 1942, logo...
Deixarei de lado o blá, blá, blá e partirei para a justificativa da minha implicância com o romance. Fermino Ariza teve um amor platônico pela Fermina Daza por mais de meio século, porém, ele foi um enamorado traíra como jamais visto. Até pedófilo foi. E mais: teve a cara de pau de dizer a Fermina que permaneceu virgem para ela. Que asqueroso! Ah! Mas ele enganava a alma com a carne. Explica, mas não justifica.
Creio que o que corroborou para esse meu desafeto, foi o fato de que durante a leitura do romance , assisti , concomitantemente, a 6ª temporada da série “This is us” e, lá, também temos dois homens que amaram uma mesma mulher. O primeiro casamento vemos o arroubo da juventude, a dificuldade de se lidar com os 3 GRANDES ( três recém-nascidos) a dificuldade de lidar com vício do álcool , porém tudo isso só serviu para consolidar o amor entre Rebecca e Jack , foi um amor além da vida ( creio que eram almas gêmeas ). O segundo casamento, já na meia idade, foi um relacionamento lindo. Um amor sereno, com a rotina presente e repleto de cuidados: o modo como Miguel cuidou de Rebeca, mesmo sem ter condições, é enternecedor.
Talvez em uma terceira leitura, sem a influência da série eu fara uma leitura totalmente diferente do "O amor nos tempos do cólera", mas sei de antemão que não haverá um terceiro repeteco.
Tenho que me desculpar pelo fato de que nesse meu comentário, misturei alhos com bugalhos, entretanto, sou vítima da minha imaginação intempestiva.
Que heresia! 3 estrelas para o Grande Gabo.

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EuGabes 24/07/2021

Se tornou meu livro favorito
Gabo se tornou meu escritor favorito, a jornada de Florentino e Firmina foi uma das coisas mais linda da literatura, eu senti o amor, a tristeza a passagem do tempo, tudo de forma tão natural e verdadeira e me apaguei até o fim nos personagens. O amor realmente não tem idade e resiste por todo o tempo. Leitura indispensável!
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Lídia 14/08/2021

O amor é amor em qualquer tempo
Gabriel Garcia Marquez retrata o amor nos tempos do cólera como um maestro que coordena e dirige uma orquestra sinfônica.
A linguagem do livro não é fácil. Palavras desconhecidas que parecem inventadas aparecem pelo texto o tempo todo. É preciso conhecê-las e entender seu contexto. Porém, Gabo apresenta o desenrolar da história tão magistralmente que queremos continuar lendo, aprendendo com ele novas palavras, rindo de suas pitadas de humor.
Não é só o humor que encontramos no livro. Filosofia, arte, descrições impecáveis da vida cotidiana, da natureza, dos sentimentos, da pobreza, da riqueza e do cólera, doença que levou incontáveis vidas mundo afora.
É um livro que nos faz pensar na vida e na morte. Nos faz pensar no quanto esperamos por alguém, se realmente amamos ou só nos sentimos seguros.
Enfim, uma ficção de tirar o fôlego.
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pulsaodemorte 09/12/2020

Sei lá o que dizer, existe livro bom, livro ruim e existe livro escrito por Gabo. Esse livro é TÃO que a gente se envolve profundamente com um romance que teve 90% de sua comunicação por cartar sem fazer a menor ideia do que diziam cada uma dessas cartas. A gente entende e vê nas personagens os efeitos dos acontecimentos sem nem que sejam expostos. Enfim, não dá pra dizer muito mais pq a gente sente tanto que até as palavras ficam pequenas, assim como o amor de Fermina e Florentino
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Leonardo 27/06/2020

O amor em cada página
Ler Gabriel García Márquez é sempre um deleite, e esta obra me deleitou. Segundo o próprio autor, escrever este livro foi um dos momentos mais felizes da sua vida e, se tristeza, desilusão e pessimismo costumam ser combustíveis para obras grandiosas, “O Amor nos Tempos do Cólera” é um exemplo onde felicidade pode ser tão potente quanto em termos de inspiração.

No livro acompanhamos mais de meio século de uma história alimentada por diferentes visões do amor. No centro, Fermina Daza, amada por dois homens, Juvenal Urbino e Florentino Ariza. Lendo o livro, é comum que o leitor penda para o lado de algum destes homens. Neste embate de opiniões, faço de Machado de Assis em “Ressurreição” as minhas palavras: “Decidam lá os doutores da Escritura qual destes dois amores é melhor, se o que vem de golpe, se o que invade a passo lento o coração. Eu por mim não sei decidir, ambos são amores, ambos têm suas energias.”

De fato, o amor de Florentino Ariza por Fermina Daza é aquele que veio de golpe, enquanto que o de Juvenal Urbino foi construído a passos lentos. E esse com certeza é um dos pontos altos da história: todos os personagens são cativantes e demasiado humanos dentro deste contexto de realismo fantástico. Sem falar nos diversos personagens secundários também muito bem construídos e aprofundados que narração nos apresenta e despede constantemente. Temos a impressão de que Gabriel García Márquez de fato conviveu e cresceu com todas estas pessoas (o que é verdade em parte, já que seus pais foram inspiração para o livro).

“Se coisas assim se faziam por tantas razões imorais, e até indignas, Florentino Ariza não via por que não seria lícito fazê-las por amor.”

Recomendo fortemente a leitura e apreciação desta obra para que entendam todo o deleite que senti.
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kleyson 08/10/2021

O Gabo sempre vem com uma maneira extraordinária de contar histórias, amei também essa, de amor. Fermina Daza e Florentino Ariza, quanta história! Nos mostrando de alguma forma que nos encontros e desencontros, muito se pode florescer.
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Andreia Santana 15/10/2011

O amor nos tempos do cólera: o livro e o filme
O amor nos tempos do cólera é um dos meus livros favoritos de toda a bibliografia de Gabriel Garcia Marques. Embora escolher o melhor romance da vasta produção de GGM seja muito difícil, esse é um dos que mais gosto, ao lado de Crônica de uma morta anunciada e do clássico Cem anos de solidão.

A primeira conclusão a que cheguei quando li o livro, alguns anos atrás, era de que detestava Florentino Ariza. Acho que sentia por ele a mesma repulsa que Fermina Daza. Um amor tão servil, uma devoção tão obssessiva não são motivo de orgulho para uma mulher independente! Lógico que, nenhuma quer ser desprezada, mas ser amada como “deusa coroada” é um fardo. Ninguém é perfeito, todos tem bons e maus momentos. Mas o amor servil de Florentino na sua juventude era irritante. Quando alguém se humilha tanto por amor e ainda por cima sem esperar nada em troca, não parece humano. Não me parecia na ocasião. E Florentino, com suas cartas, sua paixão recolhida, sua falta de coragem de conquistar Fermina e sua lista de mulheres a quem levava para cama enquanto esperava o marido da sua amada morrer, me enojava. Ele era grudento demais, socorro!

Mas Gabriel é sábio, ele conduz os leitores, principalmente as leitoras, para uma armadilha: no final, todas gostariam de ter tido um Florentino Ariza em suas vidas. E nos pegamos apaixonadas por ele. Na velhice, Ariza é tão digno, já não parece tão apagado, sem sombra, sem alma.

No Cinema - Assisti ao filme baseado no romance de GGM recentemente. E pretendo reler o livro. Talvez agora, mais madura, quando li a primeira vez era muito nova, já não sinta tanta repulsa por um amor devotado e alucinado como o de Ariza. Com a idade vem a compreensão de que o amor tem formas e formas de manifestar-se. E Ariza, ao permitir que Fermina vivesse toda uma vida que era só dela, para finalmente, mais de 50 anos depois, viver o que restava da vida ao lado dele, foi generoso. A generosidade é uma prova de amor que comove depois que a gente abandona a impetuosidade da juventude.

No ano de lançamento do filme, 2007, não fui ao cinema assistir. Também não li as críticas. É uma das minhas birras pessoais. Quando se cria expectativa demais sobre alguma coisa, eu ignoro. Só mais tarde, depois que a poeira baixa, me permito contemplar e tirar minhas próprias conclusões. O amor nos tempos do cólera foi mais que badalado, Fernanda Montenegro vivia a mãe de Florentino, que por sua vez foi interpretado pelo novo latin lover Javier Bardem. Gosto do Bardem de Mar adentro, Lunes al sol, e No country for old man (Onde os fracos não tem vez). Acredito que ele podia riscar algumas coisas do currículo como o padre herege de A sombra de Goya.

O filme tem uma fotografia belíssima, os cenários são deslumbrantes. O diretor tentou ser o mais fiel possível à história – tarefa inglória, porque deve ser muito complicado roteirizar a narrativa de GGM -, mas cometeu a heresia de não filmar na língua de Cervantes, a mesma em que escreve Gabriel. Um filme baseado em romance de um escritor colombiano e gravado em inglês, ainda por cima com sotaque portenho?! Fiquei frustrada. O inglês não combina com a passionalidade da história. Assim como os modos de dândi do doutor Urbino, o marido de Fermina, também não.

Estamos na Colômbia, na América Latina selvagem e miserável, assolada pela cólera e pela pobreza, explorada por algumas poucas companhias inglesas ou americanas, mas a população habla espanhol! Os romances de GGM tem essa força, esse arrebatamento típico, mas o filme passa ao largo. Javier Bardem, que é um ator competente, até faz um bom Florentino Ariza, mas na minha imaginação, o personagem é menor, mais delicado, quase incorpóreo, enquanto Bardem é um homem enorme, com um rosto muito marcante para passar despercebido.

Fermina Daza, em certo momento, define Ariza como a sombra de um homem. Dificil pensar em Javier Bardem como a sombra de um homem. Já Benjamim Bratt, que vive o marido de Fermina, no romance é um homem forte, rico, bem-sucedido, viril e é essa força dele, em contraste ao perambular incerto de Ariza pela vida, que conquistam a mocinha. Sendo que no cinema, a atriz que faz Fermina Daza é delicada demais para viver uma das mulheres fortes criadas por GGM.

O filme não é de todo ruim, tem momentos muito bons. Mas o livro é infinitamente superior, é a magia latina de Gabriel.
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iana c. 01/09/2018

Este livro muito me inquietou durante todo o processo de leitura e ainda me inquieta agora que o terminei. Estava determinada a declará-lo como um livro que absolutamente não era romântico, mas agora eu o vejo como uma incógnita.
Não consegui entender como amor a espera pelos tantos anos, meses e dias que conta Florentino Ariza. Achei, na verdade, perturbador que alguém tenha ficado tanto tempo a espionar alguém que se casou com e teve filhos com outra pessoa. E não me parece um simples caso de "casal de adolescentes separado por forças maiores" porque houve uma rejeição consciente da Fermina Daza - quando volta de viagem, depois de muitas cartas trocadas, e o encontra na feira, mas ao vê-lo de perto, conclui que o encanto acabou. Estamos falando de um homem que foi rejeitado e se manteve persistente na ideia de reaver a mulher até o fim da vida. Isso me parece mais uma obsessão do que qualquer outra coisa. Além disso, há, mais de uma vez, a comparação entre os sintomas do cólera e os sintomas do amor, o que, a meu ver, é uma clara abertura para a interpretação de que nesta obra o amor seja uma doença, tal qual o cólera.
Não entrarei em pormenores sobre o final para evitar spoilers, mas nem ali consigo ver romantismo. Vejo comodidade, resignação, talvez até certo desespero. E eu preferiria que tivesse sido outro completamente diferente porque me pareceu forçado e talvez até um pouco incoerente com o comportamento de um alguém específico.
Talvez como arremate das ideias, eu posso dizer que a escrita de Gabriel García Márquez é impecável, mas o enredo me intrigou de maneira mais negativa que positiva. E talvez isso seja mais culpa da expectativa que outros leitores criaram em mim, porque fui na espera de algo que não encontrei, e até agora me pergunto quem é que está fazendo a interpretação equivocada. Então eu gostei e não gostei. Mas recomendaria a leitura de todo jeito.
Lorenna 08/05/2019minha estante
esse era o tipo de interpretação que procurava, achei totalmente sem cabimento tratar florentino ariza como um romântico, ele é louco que fugiu da própria vida no comodismo ilusório de reconquistar a fermina daza!!


@Estantedelivrosdamylla 25/10/2019minha estante
Sua resenha simplesmente é perfeita. O que Florentino Ariza sofre, é de tudo, menos de amor. Só me foi suportável ainda a forma como Gabo escreve, mas de resto...nem recomendaria o livro. Também fui iludida achando ser uma verdadeira estória de amor, o maior romance do séculos, mas tá longe.


Flávia Pasqualin 06/02/2020minha estante
Tive a mesma impressão que você.


Tina 21/09/2024minha estante
Finalmente, uma resenha realista sobre o perturbado Florentino Ariza; tenho uma imensa dificuldade de enxergar amor nessa história.




Mafê 13/03/2023

O amor nos tempos de cólera
Foi o primeiro contato que tive com o modo de escrita de Gabriel García, me surpreendi por não ser tão rebuscada quanto eu imaginava. Posso nem comparar a escrita dele com a do último livro que li (depois, leia a resenha de "Mil beijos de garoto") é infinitamente superior.
Confesso que estranhei o tamanho dos capítulos, as divisões são longas, mas é justificável já que cada parte conta um período, no passado ou presente, da vida de Juvenal Urbino, Fermina Daza e Florentino Ariza.
A história é cativante e instiga do início ao fim, o leitor fica ansioso para descobrir o desfecho, se eles ficam juntos ou não. Os personagens são únicos e suas características contribuem com a trama.
O envolvimento da fé católica me chamou atenção, a maioria dos personagens são praticantes e seguem as doutrinas da Igreja. Em contrapartida, Florentino representa a subversão completa da moral humana em oposto ao Urbino. O seu comportamento só muda quando está sob influência do seu amor por Daza.
O final cumpre com o prometido e nada mais, não é chocante, é previsível, mas ainda assim com sua simplicidade é bonito pois mostra o quanto o amor deles suportou.
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