Rosem Ferr 29/09/2012
O Genial Olam -cronicas de luz e de sombras
Quando vamos ler ou adquirir um livro, principalmente quando trata-se de um autor desconhecido, fazemos uma breve leitura da sinopse e contra capa, contudo, o que ira determinar se o levamos ou não para nossa estante, sem duvida, são as duas primeiras paginas, ou seja, o prologo, é nele que iremos sentir e decidir, se nos atrai : o enredo , ritmo e estilo do autor e, se o conteúdo se adequa ao marketing da sinopse.
No caso de Olam, o prologo arrastado, pesado, é a própria cortina das trevas que não deixa entrever a fantástica aventura que se desdobrara diante de nossos olhos, nos vinte e um capítulos seguintes.
A jornada do herói, cantada em todas as mitologias, é descrita com maestria por L.L. Wurlitzer, através do jovem Ben “ O guardião de livros”.
De aprendiz de lapidador, a guerreiro da luz, Ben e seus amigos Leannah e Adin percorrem o caminho da iluminação, na tentativa de salvar a terra de Olam da destruição pelas forças das trevas.
“Quatro etapas a seguir é o caminho da iluminação.
Para o poder redescobrir, é preciso guardar o coração.
Uma só verdade a luzir, por um caminho sublime.
A tarefa não ira se cumprir, ate que a alma se ilumine.”
A principio, aparentemente, é o ato de vingança de um guerreiro da luz – Kenan – que ira colocar a terra de Olam em perigo, no entanto forças anteriores já estavam em movimento, como observa-se no prologo, o destino de Ben, há muito tempo, já estava traçado para participar de uma guerra mais antiga do que ele ou Kenan poderiam ter dado causa:
“...Olhou para o chão do deserto aos pés da grande muralha com um sentimento de ansiedade que não escondia certo remorso. Sabia que logo estaria cheio de carros, cavaleiros , aríetes, torres e todo tipo de soldados sombrios.”
Espadas e cristais mágicos, a magia do primeiro amor, conhecimentos arcanos são desvendados com enfase na cultura hebraica:
“...Cheiros se associavam com acontecimentos na memoria, tornando a lembrança de alguma coisa mais intuitiva.”
Emboscadas, armadilhas, batalhas com reviravoltas sensacionais nos esperam a cada capitulo, em um ritmo de tirar o folego.
“ Então o piado de Evrá soou terrível sobre a floresta. As imagens do sonho voltaram vivas à mente de Ben. Ele olhou para a curva do caminho e enxergou a emboscada. Cavaleiros-cadáveres. Vários deles. Num instante Ben soube tudo que ia acontecer.”
Mas, Olam também é poesia, a sensibilidade do autor na descrição dos lugares nos transporta para um território de sonho:
“O solo mesclado com luz e sombras tinha vida própria, se mexia com a brisa suave que carregava as folhas de bétulas. A luz do sol dançava como um grande mosaico em movimento sobre a terra, e o chão parecia uma tapeçaria do criador onde cada pequena parte tinha importância e beleza.”
E claro que também há romance :
“Desde a primeira vez que o encontrara no templo, carregando desajeitadamente os pergaminhos de Enosh, Leannah soube que o amaria por toda a vida.
As personagens evoluem em todos os sentidos conforme aumentam os obstáculos que enfrentam, quer seja nas batalhas que travam com monstros e demônios, ou nas intempéries do território desconhecido que desbravam, elas se questionam, duvidam, acreditam, desistem, se descobrem, se revelam mutáveis, se emocionam e nos emocionam, são extremamente reais, pois para alcançar o objetivo, também precisam conhecer seu lado sombrio.
Enfim, o maravilhoso Olam, romance de estreia de L.L. Wurlitzer, é uma daquelas joias raras, que uma vez visto, jamais é esquecido.
Fiquei absolutamente fascinada por Olam, no inicio não conseguia entender, a estoria me pegou pelos arquétipos – pensei - são muito fortes; mas não era só isso – refleti – havia um algo a mais que eu queria decifrar. Talvez o mapa do inicio e o conteúdo de tradução dos termos em hebraico no glossário tenham me remetido a Tolkien, que foi meu autor de cabeceira na adolescência, mas ainda não era isso, o ritmo de Olam é outro, mergulhei mais fundo e, descobri o motivo do fascínio que me envolveu, meu aporte foi para a infância, Olam me levou de volta aos contos árabes, para as cidades mágicas do oriente, a rota da seda de Marco Polo, Simbad, um mundo de monstros, gigantes, de magia, a “verdadeira magia”, que a muito eu não tocava.
“ O mundo é um lugar mágico.” Essa é a primeira frase do 1º volume de Olam – Cronicas de Luz e Sombras, que El ilumine seu criador para que a aventura de Ben continue nos próximos tres volumes da serie, e que L.L. Wurlitzer possa criar muitos outros heróis para nos encantar.
Embarquem também nesta aventura, para a inesquecível Terra de Olam, leitura recomendadíssima.
Beijim,
Rosem da Casa de Ferr.