Cemitério de elefantes

Cemitério de elefantes Dalton Trevisan
Dalton Trevisan




Resenhas - Cemitério de elefantes


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Letícia 20/11/2010

Pessimista é pouco (?)
Não sei se eu gostaria desse livro se eu lesse hoje. Mas quando li (no Ensino Médio) eu tinha vontade de me matar. Não sei se é um livro que a escola deveria passar para adolescentes (o que foi meu caso), quero dizer, não sei se é um livro que os adolescentes podem digerir. Por isso não posso falar desse livro agora, mas na época detestei.
vero 13/08/2011minha estante
eu tb li no ensino médio, não entendi nada, mas depois gostei, li outro dele até.




Bekah Abreu 26/03/2016

Não é um livro fácil de entender. Assim como a verdade.
Vi a sinopse alguns anos atrás e curti demais, por isso logo corri atrás e comprei o livro para mim, sendo ele fininho e barato. Só que por causa de preguiça e afins, acabei deixando para ler agora.

O livro tem uma cara muito regional e os contos, mesmo sem ligação alguma, remetem a fatos de um triste cotidiano. Acho que cada conto poderia aparecer nesses programas da tarde que só falam de crimes. Mesmo os contos não retratando apenas crimes, sempre tem uma áurea pesada que, de certa forma, não gostei.

Em cada página, vemos escrito a violência contra a mulher, hipocrisia, problemas com bebida, desejos nunca realizados, ciúme, choque entre gerações e outros.

Devo dizer que mesmo não se tornando um dos meus favoritos, o autor foi muito corajoso em mostrar tanta realidade de forma nua e crua. Não há final feliz ou uma forma melhor de ser mostrado. É a verdade sem máscara, sem romantização.
Não me arrependo de ler esse livro, pois abre um pouco os olhos e sai daquele grupo de livros que sempre fecham seus olhos e te desligam do mundo.

Acho que esse contos não vieram para te fazer uma pessoa melhor ou fazer ficar triste. É mais um retrato do antigo/novo cotidiano. Coisas que acontecem e aconteceram e ninguém comenta. Aquelas coisas que temos vergonha de ter visto ou ouvido.

Como já disse, não me arrependo de ter lido, mas não leria de novo. Nem recomendo para adolescentes. Acredito que quem deve ler esse livro deve ter uma mente já amadurecida, para poder entender o que o autor quer passar (teve alguns contos que confesso, até eu fiquei meio interrogativa).
Outra coisa: esses contos devem ser degustados. Você não pode tentar passar os olhos e achar que não entendeu por que a leitura é sem noção. É um livro para ser vivenciado e sentido.


Resumindo, recomendo sim, mas não para todos.
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Drica Dicastro 30/06/2019

Muito confuso!
Apesar de ser um livro curto e de leitura rápida, o linguajar usado é muito complicado e confuso. Entendi da violência, dos abusos, vícios, feminicídio, mas também me perdi infelizmente, em cada capítulo, em cada história. Por mais que tentasse acompanhar a narrativa, eu não conseguia me prender e nem seguir uma linha de raciocínio linear. Muitas vezes não entendia, nem o mais básico, que seria as atribuições das falas e ações, não sabia quem fez o que. Isso pra mim foi irritante! Pois imaginava que no próximo capítulo seria diferente, mas era o mesmo emaranhado de confusão. A maioria dos contos, nem entendi. Sinto que tenho que lê-lo novamente, em outro momento não sei, talvez pra entender melhor. Pois a primeira impressão foi péssima. Acho que o livro independente da escrita, tem que ter a capacidade de nos abraçar e envolver por inteiro, isso não aconteceu comigo. Não indicaria pra ninguém esse livro. E pela premissa tinha tudo para ser muito melhor! Talvez merecesse um ramake literário moderno.
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Aécio de Paula 01/01/2020

Cemitério de Elefantes - Dalton Trevisan
Essa coletânea de contos é o segundo livro do escritor e foi publicado em 1964. O primeiro livro, Novelas nadas exemplares, de 1959, eu não gostei, e esse também, não. Nesse segundo livro, os contos são bem curtos, mas cá entre nós, tediosos e cansativos. Alguns achei interessantes, mas nenhum me cativou. São relatos que permeiam traições, mulheres traídas e traidoras, amores proibidos, etc.
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Jacque Spotto 09/02/2020

Peculiar
Antes de tudo, quem é Dalton Trevisan? Reconheço uma certa dificuldade de encontrar informações sobre esse escritor curitibano, ele é uma pessoa reclusa, tímida e não é um escritor que gosta dos holofotes, não para a pessoa dele em si e sim, para sua obra. É aquele escritor que consegue separar o autor da obra. Para conhecer um pouco mais sobre esse admirável autor fiz algumas pesquisas na internet, e encontrei um documentário bem interessante sobre sua vida (pouca coisa) do ponto de vista de pessoas que conhecem ou que já o conheceram, o que me deu um panorama mais amplo de suas influências e sua forma de escrever.

Primeiro livro que tive contato "Cemitério de Elefantes" contendo 23 contos e o último conto que dá título ao livro, publicado em 1964, porém minha edição é de 1998 o que pode dizer que já há diferenças dessa 14º edição para a sua 1º, mas por quê? De acordo com conhecidos do autor, Dalton faz mudanças em cada edição de suas obras, toda reedição haverá uma palavra cortada, uma troca de palavras, um enxugamento de texto. Dalton preza por repassar uma mensagem com o mínimo de informações desnecessárias, com ele você não irá encontrar o famoso "encher linguiça". O leitor de Dalton deve ser atento, eu por exemplo, li alguns de seus contos mais de uma vez, para conseguir conectar os sentidos, você deve ler nas entrelinhas e fazer a conexão com os acontecimentos. É um livro de apenas 103 páginas, mas tive a impressão de ter lido muito mais rsrs.

É evidente nos contos os temas familiares, praticamente todos com dilemas referente a conflitos de família direto ou indiretamente, Dalton expõe em seus textos assuntos que praticamente todos já passamos em nossas famílias, se não, pelo menos já ouvimos falar de algo como: alcoolismo, violência doméstica, patriarcado, traições, machismo, feminicídio, impasses entre pais e filhos, ciúme, vingança, desconfianças, honra, assassinato.

"Primeira noite ele conheceu que Santina não era moça. Casado por amor, Bento se desesperou. Matar a noiva, suicidar-se, e deixar o outro sem castigo? Ela revelou que, havia dois anos, o primo Euzébio lhe fizera mal, por mais que se defendesse. De vergonha, prometeu a Nossa Senhora ficar solteira. … Santina pediu perdão, ele respondeu que era tarde - noiva de grinalda sem ter direito." p. 07 (O Primo)

"Segunda vez, o filhinho choramingava, inquieto na cama. Miguel pediu que o ajeitasse, ela respondeu mal. Acertou um tabefe no olho de Elvira que rolou sobre a máquina de costura." p. 16 (Questão de Família)

Também presente em sua obra, temas como a prostituição, exploração de crianças e solidão. Dalton evidencia a tragédia humana, a banalização do ser humano, mostrando de forma dura a miséria humana, a indiferença ao outro. Não é fácil digerir tais histórias, algumas trazem desconforto durante a leitura, como o conto "Dinorá, moça do prazer", onde uma menina pobre e órfã de 15 anos é acolhida por uma cafetina que lhe engana e a transforma em uma prostituta sendo seu primeiro cliente um homem com mais de 60 anos. O conto é o relato da garota nesse momento em que é trancada no quarto com esse homem, toda sua angústia e o desejo pervertido do velho. Esse foi um dos contos que me deixou mais incômoda, pois ela se vê totalmente indefesa diante da situação.

"Apelei para todos os meios de defesa que reclama a honestidade. O cruel assassino gargalhou sinistro e, desfazendo-se do colarinho engomado, voltou à carga. Servia-se com desenvoltura das armas usadas em tais embates, as mais pérfidas que se pode imaginar e impossível seria descrever.
_ Mata-me, ó bruto apache! não possuo mais. Eu morro..." p. 53 (Dinorá, moça do prazer)

As histórias de Dalton são recortes de um momento, não há finais felizes, há apenas o corte de uma ação relatada, apenas a crua exposição como uma manchete de notícia trágica de jornal. Algo frequente nos contos é a mediocrização da vida em relação ao outro e a falta de empatia pelo ser humano. Muito evidente no conto "Uma vela para Dario", onde um senhor passa mal em uma calçada e de acordo que alguns param para "ajudar" os seus itens pessoais vão desaparecendo, muita gente começa se aglomerar e nenhum faz nada para ajudar realmente Dario. Esse é um dos contos mais difíceis de se ler, onde mostra tantas pessoas que poderiam acudí-lo mas só se vê barulho e nenhuma ação realmente eficiente. Dalton consegue mostrar a indiferença e crueldade humana de forma muito vívida.

"A velhinha de cabeça grisalha grita que ele está morrendo. Um grupo o arrasta para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem pagará a corrida? Concordam chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede - não tem os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata." p. 39 (Uma vela para Dario)

E como não falar do conto que levou o título do livro "O Cemitério de Elefantes", aqui se nota todo a repulsa ao que não se adequa aos padrões da sociedade, o conto que relata alguns bêbados que ficam nos fundos de um mercado de peixes, e se reúnem e se igualam em suas insignificâncias diante aos outros que os vêem apenas como vagabundos sem sentimentos e um fim. Mas esses bêbados carregam em si emoções e se mantém unidos pela única coisa em comum, serem a escória dos que não os querem que pertençam a algo. A alusão a "Elefantes" é dada pelos seus pés inchados e feridos por pernilongos como patas de elefantes.

"Elefantes malferidos, coçam as perebas, sem nenhuma queixa, escarrapachados sobre as raízes que servem de cama e cadeira. Bebem e beliscam pedacinho de peixe. Cada um tem o seu lugar," p. 101 (Cemitério de Elefantes)

É evidente a forma peculiar e única de Dalton Trevisan. Seu contos são curtos, diretos, mas longe de serem rasos, pelo contrário, ele tem a capacidade de colocar muita informação em 2 ou 3 páginas e que você consegue extrair uma compreensão tremenda do que ele tem a dizer, de forma direta e as sensações nas entrelinhas. Contos de pessoas normais, que poderiam ser seus vizinhos ou conhecidos, aquele fato que alguém te contou em uma parada de ônibus ou em uma conversa informal. Essa é a essência de seus contos, pelo menos o que pude captar, mas fico longe de tentar interpretar a genialidade desse grande escritor curitibano e que tive a honra de conhecer tão tardiamente.

Boa Leitura!

Documentário Citado:
Daltonismo - 2012
Direção: Célio Yano
End. Digital: https://www.youtube.com/watch?v=sTkzOqoiZVs


site: http://instagram.com/a_lusotopia
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juju194 02/02/2023

muito bom!
Esse livro retrata a tristeza da maneira mais sincera e crua possível, talvez por isso não agrade muita gente, mas fingir q esse sentimento não existe não faz com que ele deixe de existir.
Gosto muito do jeito que os contos do livro são contados e as vezes é necessário esse choque de realidade, até pq msm esse livro sendo antigo ele retrata coisas que até hoje acontecem.
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Guilherme.Eisfeld 24/05/2023

O que o vampiro de Curitiba esconde nos contos?
Atenção para o que Dalton escreve, mas principalmente para o que está oculto na supressão de um verbo, na composição de um silêncio. Os contos são curtos e carregados de imagens, sentidos e cotidianos marginalizados, muitas vezes com maior assimilação hoje do que no tempo em que a obra foi escrita.
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