Rafaella 02/12/2013Antes de começar a resenha propriamente dita, devo avisar que essa é minha primeira resenha, então como sou nova nisso ainda não sei se ficará boa, mas tentarei ao máximo para que sim.
Avisado isso então, vamos ao que interessa. O livro “O Contrário de Roma” do autor nacional Fernando Mendes, lançado na Bienal do Livro do Rio deste ano (2013) foi lido por mim e outros resenhistas para o Book Tour de divulgação, feito pelo próprio autor por meio do Facebook.
“O Contrário de Roma” conta a história de um personagem que mora em Romaria, uma cidade localizada entre Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Formada em meados do século dezoito após um encontro entre mensageiros da igreja e trabalhadores mineiros que passavam pela estrada real. O que seria apenas um encontro seguiu-se uma pequena discussão entre “capixabas e mineiros, devotos... e Mineiros” a respeito que todos são iguais perante a Deus e todos estão cumprindo Suas ordens, portanto não haveria razão para crer que nenhuma pessoa é inferior a outra. Após essa fala, dita por um mineiro, houve um momento de silêncio e os dois grupos seguiram juntos para o Sul. “Entre eles se dizia que naquele lugar nasceria uma comunidade que seria tão sacra e tão próspera quanto a própria Roma em seu ápice, com a realeza dos que vem da Guanabara, a riqueza extraída pelos de Minas, e a fé dos do Espírito Santo. Assim nasceu a cidade de Romaria”. (pág. 22)
Entretanto, não se deixe enganar pelas minhas parcas palavras, a construção da cidade não foi assim tão repentina, levou alguns vários anos, mas o ponto de partida foi esse. Passado alguns anos, após o sentimento de união que levou os três estados se juntarem e formarem uma única cidade, seus habitantes passaram a questionar e disputar a quem a cidade pertencia, e em meio a divergências de opinião e formas de comportamento dos habitantes da cidade e do nosso próprio personagem/narrador (sim, a história é escrita em primeira pessoa), ele conhece uma pessoa que o faz mudar um pouco seu ponto de vista e nesse momento “ele precisa precisa se relacionar com essa pessoa, com pessoas perto dessa pessoa, e, portanto, com a sociedade que tanto critica.”.
Nossa, eu já escrevi tanto e ainda nem comecei a resenha propriamente dita, mas vamos lá. “O Contrário de Roma” é um livro que fala de amor sim (acho que pelo próprio título percebe-se isso), mas é mais do que isso. É um livro que fala de fé, de religião, é um livro de questionamento, de não acreditar nem seguir fielmente aquilo que nos é dito para fazer, que sempre existe um outro modo de enxergar as coisas. Como é um livro narrado em primeira pessoa, ficamos enxergando o modo de o nosso narrador enxergar as coisas, a forma que ele pensa, o modo que ele age diante de uma sociedade dividida, em que algumas pessoas definem os outros perante sua naturalidade.
Também é um livro que trata muito de pré-conceitos, em momentos que mostram as diferenças entre os capixabas, que são bastante religiosos, que seguem fielmente a Deus; os mineiros que são pessoas trabalhadoras e os cariocas; pessoas preguiçosas e que só querem saber de festejar. Visão dos moradores de Romaria, não a minha. Além disso, existe uma intercalação entre esses termos, existem os capixabas mais capixabas, os menos capixabas, os capixabas um pouco carioca, e por aí vai.
Enfim, chegando à parte do romance, em um dia que nosso narrador está pescando no rio, ele vê um rosto se movimentando na ponte em que ele está e depois sumindo em direção a igreja. É a partir daí que o romance se inicia, primeiramente o personagem fica meio obcecado com relação a essa garota que ele passa a chamar de Vela. Essa parte pode ficar um pouco cansativa, pois ele só fala nela, e sonha com ela, e pensa em não pensar nela, mas é algo digamos que normal, e ele não fica obcecado por querer, ele mesmo entende que “Se você está obcecado, você não acha que tem que parar, logo você não está notando que faz como algo ruim.”. A partir do momento em que ele começa a falar com a Vela e conviver com ela, e posteriormente, namorar, essa parte de estar obcecado passa e o ritmo melhora.
A história em si, é bem parada, e o romance é bem comum, nada muito mirabolante, daqueles contos de fada em que todos são perfeitos. Nossos personagens são normais e vivem um relacionamento normal com todos seus bons e maus momentos.
Como já foi dito, o livro é contado em primeira pessoa e a narrativa é lenta, não possui muitos diálogos, mas em geral, isso não a torna arrastada, é uma leitura bastante fluida, e os capítulos são curtos, o que ajuda bastante a manter um ritmo. Durante a história nosso narrador, em vários momentos, para de contar os fatos que estão acontecendo para fazer algumas ressalvas ou divagar sobre várias questões. Algumas dessas partes foram bastante interessantes, entretanto em algumas eu me perdia, e quando voltava para a narração dos fatos, eu me perdia.
Repararam que em nenhum momento eu me referi ao personagem/narrador pelo nome? E que Vela foi apenas um apelido que ele deu para a garota? Sim, os nomes deles não são mencionados, e eu achei isso genial, e também durante o livro todo, os aspectos físicos deles não são quase dito. Isso nos faz perceber que nem tudo precisa ser caracterizado e nem toda a história se faz de personagens perfeitos, eles são apenas pessoas comuns no meio de pessoas comuns e que não precisam ter nome para terem uma história.
Resumidamente, o livro é bem legal, e apesar de não ter ação é uma leitura fluida, nos faz questionar e pensar sobre várias questões, foi um livro que eu queria sim continuar lendo para saber o que acontecia, mas não me fez devorar as páginas, talvez por não ser meu tipo de leitura. A romance é até bem previsível, mas não deixa de ser fofo. Foi um livro agradável de ser lido e valeu a pena e agradeço ao Fernando Mendes por ter disponibilizado o livro para o Book Tour. Recomendo.
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