Lurdes 24/12/2022
Stephen Dédalus em busca se si mesmo.
Este poderia ser um resumo ou um sub-título do livro, pois a narrativa é um fluxo de consciência do personagem, com muitas referências auto biográficas de Joyce.
Stephen, nascido em família abastada e católica, conta de suas lembranças desde tenra idade.
Este início é narrado em terceira pessoa e reproduz pensamentos e falas do pequeno Stephen em linguagem infantil.
Um período de descobertas, desde seus estudos no internato Clongowes College, mantido por padres jesuitas, no início do Séc XX.
Com o passar do tempo e a derrocada financeira de sua familia, Stephen muda de escola e depois completa seus estudos na Universidade.
Acompanhamos seu amadurecimento, a convivência com os colegas, cada qual com diferentes ideias, as discussões político religiosas entre seus próprios familiares, a descoberta dos prazeres carnais, condenados pelos padres, mas dos quais Stephen não deseja abrir mão, os primeiros amores. Lembremos também, do contexto da época, com a Europa e, em especial a Irlanda de Joyce, passando por muitas turbulências e mudanças advindas da crescente modernidade.
Todas estas experiências vão moldando o Stephen Dedalus adulto, que vai se libertando dos rígidos dogmas católicos e abraçando a arte como sua razão de viver, sempre impulsionado por sua sede de conhecimento.
Dedalo, na Mitologia Grega, em algumas versões é apresentado como o arquiteto que criou um labirinto para aprisionar Minotauro, e em outras, sugere que Dedalo acaba preso neste labirinto com seu filho Ícaro e, para se libertarem, criam asas.
Seja como for, nosso Dédalus, assim como o Dédalo mitológico precisa encontrar a saída correta do labirinto, não repetindo os erros daqueles que ficaram presos nele.
Nem sempre é fácil, mas é necessário, caso queira, verdadeiramente, ser livre.
Vamos ver onde as asas de Stephen Dedalus vai levá-lo em Ulysses, cuja leitura está em andamento.