Intimidade

Intimidade Hanif Kureishi




Resenhas - Intimidade


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Carlos Augusto Vasques 17/05/2024

Intimidade (Hanif Kureishi)
Lido em 30/08/2023
"É a noite mais triste, pois estou indo embora e não vou voltar."

Esta é a frase inicial do livro, primeiro pensamento expresso por Jay, protagonista de uma história sobre o fim de um relacionamento. A trama é contada na primeira pessoa, quando Jay se prepara para abandonar a esposa Susan e os dois filhos pequenos. A partir da decisão de terminar um casamento de seis anos, ele reflete sobre os motivos que o levam a tomar uma atitude tão drástica, chegando a hesitar em levar a cabo seu intento.

"Ferir alguém é um ato de relutante intimidade." Esta é uma das muitas reflexões que permeiam a narrativa, expondo as múltiplas dificuldades para se manter de forma minimamente saudável um relacionamento amoroso prolongado. A inquietação e a insatisfação do personagem principal conflitam todo o tempo com a perspectiva de que sua atitude irá ferir a mulher e os filhos, com consequências marcantes nas vidas de todos. Por causa desses sentimentos ambíguos, Jay vive em permanente estado de ansiedade e angústia, tentando se convencer que sua partida é a coisa certa a fazer (será mesmo?).

Hanif Kureishi, nascido em 1954, é um escritor britânico, filho de pai paquistanês e mãe inglesa. "Intimidade", seu terceiro romance, foi lançado em 1998 e tem pinceladas autobiográficas. Tanto o autor quanto o protagonista foram indicados para o Oscar como roteiristas e decidiram abandonar suas famílias abruptamente.

O livro não tem capítulos, a história é contada de forma contínua, estilo que normalmente me incomoda um pouco. Entretanto, a leitura até que fluiu de forma envolvente, graças a um texto provocador, repleto de divagações contraditórias e diálogos desconcertantes.
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Ronnie K. 28/09/2009

Simples e profundo ao mesmo tempo.
Kureishi na verdade é mais conhecido como roteirista de cinema. Porém como romancista não decepciona nem um pouco. Ao contrário, a julgar por esse, revela uma mão firme extraordinária. Esse é um breve romance que se lê numa tarde! A prosa é simplesmente transparente de tão límpida. Isso é o que mais impressiona. É um romance absolutamente fácil de ler, dá até pra desconfiar, pois não exige nenhum esforço mental para se apreender ou se imaginar o que está sendo narrado - o que, como se sabe, é o que ocorre com a grande maioria das leituras de romances. Narra de forma corajosa, em primeira pessoa, as agruras de um casamento falido, onde não há mais respeito nem amor entre as partes, mas que se mantém ainda assim, sobretudo por causa dos filhos pequenos. É um drama prosaico, como se pode imaginar. Desses que por exemplo faltam na literatura brasileira. Então aproveitemos esse. O livro é uma espécie de confissão em tom de crônica. Leve, apesar do tema espinhoso. Poderia ser uma obra-prima se fosse mais profundo, mas visceral, como o tema promete. Mas ainda assim, sem dúvida um livro recomendado. Principalmete para os casais cuja relação anda na berlinda!
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