Pedro Leal 15/06/2021
Um livro para se ler nas entrelinhas
Esse livro tem uma importância enorme para mim, e estará para sempre no meu coração. Foi por causa dele que comecei a realmente ter interesse pela leitura e também pela poesia. No futuro, quando eu pensar no livro que mais marcou minha adolescência, certamente pensarei em A Língua de Fora.
Juva Batella, em sua obra, constrói um universo fictício bastante real, que é o universo da linguagem. A história se passa no Reino das Palavras Contadas, antigo Reino das Palavras Livres, onde seus moradores nada mais são do que os elementos que compõem a língua portuguesa. O autor, de forma inteligente, dá sentimentos e personalidades a esses diversos componentes baseado no que eles propriamente são, e assim nós podemos sentir empatia por aqueles que tanto nos assustam ou nos assustaram nas aulas de português.
Sintetizando, é uma grande aula de português bastante divertida e cativante, que faz com que olhemos com mais leveza para nossa língua. O livro é de uma riqueza enorme, um jogo de intertextualidades que faz referência a diversas obras da literatura, sobretudo a portuguesa. Machado de Assis, Camões, Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira são alguns dos nomes que têm suas obras inseridas no universo fantástico de A Língua de Fora.
No entanto, não são apenas os elementos que compõem a língua que participam da história. O conflito linguístico, contido nas entrelinhas, entre língua popular e língua erudita é um dos principais pontos do livro, e é nesse conflito, inclusive, que os nossos protagonistas, integrantes da Turma da Língua de Fora, estão inseridos. Além disso há vários outros conflitos, mas isso você terá que ler para conhecer.
A Língua de Fora é, nas suas estrelinhas, uma verdadeira luta por liberdade, pois afinal, o lirismo que não é libertação nós não queremos mais.