Bartleby, The Scrivener

Bartleby, The Scrivener Herman Melville




Resenhas - Bartleby, o escriturário


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João Ks 12/09/2024

Bartleby, o escrevente - Herman Melville.
Bartleby é uma caricatura em pessoa; a gente realmente sente a sua presença em todas as cenas do conto, sabemos que ele está ali, quieto e compenetrado, mas é uma quase-presença, porque falta-lhe a vitalidade, o ânimo. Bartleby é um corpo que está, mas cujo espírito em todo caso está ausente.

Sua feição cadavérica, de rosto chupado e tez pálida, une-se à tibieza de seu comportamento para completar o quadro de desolação refletido em Bartleby. Esses traços físicos e morais já seriam suficientes para torná-lo um sujeito peculiar. Mas o extraordinário está em suas maneiras, na imperturbabilidade com que recusa todos os apelos dirigidos a ele para retirá-lo do estado de torpor.

Permanece irresistivelmente entregue a uma postura estática de silêncio e quase catatônico que por pouco não o levaria à inanição. Tudo porque ele “preferia não fazer isso”, “preferia não fazer aquilo” ou, em suma, “preferia não mudar nada” (I would prefer no to).

Por um momento pensei que ele teria parentesco com o Jeca Tatu, para que “não paga a pena” fazer isso, “não paga a pena” fazer aquilo. Mas a verdade é que há entre eles uma distinção fundamental: o Jeca não se “astreve” a nada por absoluta preguiça e comodidade; ao contrário do Bartleby, que, ao que parece, nunca negou fogo a serviço algum movido por preguiça ou por má vontade, mas sim por razões um tanto obscuras sintetizadas no seu bordão “Eu prefiro não”.

Mas embora caiba a Bartleby o simpático papel de protagonista desse conto, eu prefiro focar no narrador da sua história: o amável patrão de Bartleby (cujo nome ignoro). É de fato interessante observar a força de sua complacência rem relação às excentricidades de Bartleby.

O narrador-patrão reconhece a influência que a presença de Bartleby exerce sobre ele, de modo que, mesmo diante de todas as dificuldades impostas pelas atitudes de Bartleby, diante das quais qualquer outro patrão não hesitaria em demiti-lo, ainda assim o bom narrador foi capaz de tolerá-las movido por um sincero sentimento de empatia, de comiseração e por uma estranha força de atração que o levava a Bartleby.

O patrão de Bartleby foi tomado evidentemente por uma paciência de Jó capaz de aturar essa caricatura ambulante (nem tão ambulante assim, porque por demais estática) que a tudo “prefere não isso, não aquilo”.

De modo que as irritantes excentricidades e a profunda apatia de Bartleby só são compensadas positivamente pelo efeito que elas inspiram no narrador, isto é, os sentimentos de caridade, compaixão e ternura.

Agora, eu preferia parar por aqui.
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Etterno 06/09/2024

Fantástico!
Aquele livro que você lê num fim de noite tranquilamente. Se conseguir absorver a nuance de cada personagem e se colocar no lugar do narrador, irá sentir ódio e rir de várias situações ao mesmo tempo. Maravilhoso!
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leiturasdeana 28/08/2024

A Alienação Silenciosa de Bartleby
A história segue Bartleby, um escriturário que, após demonstrar inicialmente competência, começa a recusar suas tarefas com a frase "Preferiria não fazer". Sua postura enigmática desafia a compreensão e a paciência do narrador, refletindo temas de isolamento e a crise existencial no contexto do capitalismo. A obra levanta questões sobre a natureza do trabalho e a autonomia individual, oferecendo uma crítica penetrante à conformidade social.
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Dani 23/08/2024

Breves comentários sobre
Aqui temos a história de um advogado que tem funcionários peculiares em seu escritório.
Provavelmente muita paranoia da minha cabeça, mas o Bartleby tem muitos traços autistas (calma, sou autista e tenho o passatempo de achar autistas em histórias) e o fim me deixou melancólica.
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Geisi.Ferla 18/08/2024

Comportamento
Livro curto sobre comportamento humano sem muito a esperar. Li por recomendação, mas não indico muito
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Wash2 05/08/2024

Preferia não
Preferia não escrever essa resenha.

Só quem ler o livro vai entender essa afirmação =D
Livro com uma história curta, porém marcante, do mesmo autor do clássico Mobi Dick.

O final deixa margem a várias possibilidades de explicação e interpretação.
Lari ... 06/08/2024minha estante
Livro muito bom! ?




soles0 04/08/2024

Sociedade das Relíquias Literárias N° 14
"Em missões para salvar vidas, essas cartas se encaminharam para a morte.
Ah, Bartleby! Ah, humanidade!"

É uma obra que te deixa completamente perplexo, cheguei a ficar com raiva em vários momentos pela recusa de apresentar qualquer motivo mais profundo que a "não preferência", o que me fez ficar obcecada com o desenvolvimento da trama, claro que quem leu sabe bem que o excêntrico personagem acaba por não nos revelar nada mesmo. Foi uma leitura diferente de qualquer outra que eu já tenha feito, e me despertou diversos sentimentos e reflexões, não exatamente gostei do conto mas com certeza me prendeu em um nível considerável.
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gregbeverlyn 02/08/2024

Cara, eu não esperava isso
Tantos conflitos, pensamentos e emoções para um final que eu não esperava
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Monge 25/07/2024

A insólita frase: prefiro não fazer
A primeira impressão que se tem ao ler esta obra é: absurdo. O mais puro absurdo, de certa forma, um abismo. Eu fiquei cada vez mais perplexo conforme a obra foi revelada a mim pelo narrador. A sensação que tenho é de: ainda bem que li este livro. Simplesmente um dos melhores livros que já li até então e tão curto! Apesar de eu ter pouco contato com os textos de Kafka, senti certa semelhança. O desconforto gerado é parecido. No entanto, o autor escreveu isso na década de 1850 e ainda se faz tão atual! Quando, diante de condições de trabalho tão alienantes, bartleby diz "prefiro não fazer", tal como o narrador, fiquei surpreso (apesar de esperar por isso em algum momento do texto). O trabalho do copista tão entendiante, como descreve o próprio narrador, naquele prédio quase sem luz natural, com visão para uma parede. Uma repetição cotidiana que nada dá sentido para a vida. E neste trabalho Bartebly se dedica energicamente de início, mal parando para almoçar. O narrador nota esse estranho hábito, mas não o incomoda, afinal está "produzindo" muito. O trabalho desmedido de Bartebly é útil. Quando Bartebly decidi, obsessivamente, não fazer mais nada, só então é incômodo. De fato, torna-se uma situação absurda, como agir diante disso? O personagem paralisa diante da vida, preferindo nenhuma mudança mais. Em um estado de niilismo talvez diante da realidade. É neste tom desesperador que a obra vai tomando seu fim com um desfecho impactante. Bartleby, o escriturário é uma grande obra que ainda é muito atual. Capaz de discutir muitos temas atuais, como o trabalho alienante. Mas é uma obra que tem valor em si, enquanto construção de uma existência que abdica da mudança, prefere não. É uma obra em si, que causa um impacto absurdo ao leitor.
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Gisele 25/07/2024

I would prefer not to/ Prefiro não
Excelente livro! Nos faz refletir sobre a desistência de tudo ... Eu prefiro não! Célebre frase de Bartleby nos leva a questionar o porquê das atitudes e atividades, como cada pessoa no escritório reage a negativa de realizar o trabalho e a calma com que Bartleby o nega. Mas profundamente leva a percepção da desistência de tudo ao ponto da inércia.
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talita lima 23/07/2024

O fato de ele não explicar nada é tomar as suas decisões somente pq prefere assim me irritou com o passar das páginas, acho que eu queria mais do que uma preferência só o motivo, parece que ele só é teimoso. mas é uma obra que te traz sentimentos distintos ao longo de todo seu texto.
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nflucaa 03/07/2024

O ?tu não te moves de ti? em pessoa.
Em um escritório de escreventes em Wall Street, um funcionário novo, Bartleby, rompe com as ataduras invisíveis (porém, cruéis!) do capitalismo.

O trabalho do escrevente diz muito: ele é um copista, cópias e mais cópias, reproduz infinitamente, mas não cria nada, não se envolve com nada do que (re)produz. E reproduz o quê? Documentos de ricos, escrituras, burocracias, enfim, coisas que não lhe dizem respeito algum. Mas Bartleby é de algum modo diferente, ele simplesmente diz ?prefiro não? com a maior calma do mundo. Bartleby é a encarnação da negação, da recusa, da não agência. É o recusar-se ao assentimento, à aceitação da degradação no trabalho ? o resistir à desumanização.

Deve-se assentir a um trabalho que causa (reforça e reflete!) o alheamento? Ao status de ?não ser?, de ser-se, enfim, uma peça de engrenagem nula? São perguntas que a postura de Bartleby nos ecoam. É isso, a nulificação de si, o fim último da humanidade? Já não dizia o Pregador, no Eclesiastes bíblico, que o trabalho era enfadonho? Que diria o pregador desse tipo de trabalho? Em sua época, por mais maçante que fosse, o trabalho não era despessoalizado a este ponto.

Bartleby potencialmente simboliza um monte de coisa, mas uma coisa é certa: ele é encarnação da letargia diante do absurdo ? a personificação da recusa. É o símbolo de resistência, a voz muda que representa a todos nós que somos, em maior ou menor medida, vítimas dessa mesma desumanização do trabalho.
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Tiago.Cecconello 03/07/2024

Um livro profético
De Melville eu já tinha lido o espetacular Moby Dick, que mostra a genialidade e profundidade desse escritor que quase foi esquecido. Os homens de sua época não souberam compreendê-lo e, talvez, isso possa ser melhor entendido lendo Bartleby.
Trata-se de uma novela genial não só pela sua história criativa, satírica e milimetricamente escrita (sem excessos), mas, sobretudo, pela visão acurada dos males do capitalismo, ainda emergentes, e do que viria a se tornar o ser humano dentro desse sistema. Digo “viria” porque Bartleby parece muito mais com um sujeito que vive no semiocapitalismo financeirizado atual do que um sujeito que vivia no capitalismo industrial de sua época. De certa forma, podemos dizer que Melville foi profético.
Existem diversas interpretações para a obra. Muitas delas tratam Bartleby como um sujeito disruptivo, uma espécie de Messias que, com sua resistência passiva, conseguiu vencer o status quo e as imposições do sistema. Lembrando que, naquela época, ainda vivíamos em uma Sociedade Disciplinar (Ver Focault).
Porém, na minha visão, Bartleby é um protótipo do sujeito pós-moderno atual e, longe de ser um Messias, é o cúmulo da degradação humana. Existem três elementos no livro que ajudam a explicar minha teoria: o verbo preferir, o muro e boato de que ele trabalhava em um setor de cartas extraviadas.
Quando Bartleby diz ao seu patrão, após ser solicitado a fazer um trabalho, “prefiro não fazer”, a frase clássica e imortalizada na literatura, é importante compreendermos que preferir não significa necessariamente negar. Bartleby poderia dizer: - NÃO QUERO FAZER OU NÃO FAREI. Ele seria mais enfático, porém, ele usou o verbo preferir. Preferir significa escolher entre, no mínimo, duas coisas. E se você escolher uma opção, não significa que não gosta da outra. Eu posso gostar de sorvete e bolo, mas, se tiver que escolher entre um dos dois, eu prefiro o sorvete. Ao dizer prefiro não fazer, Bartleby deixa em aberto a possibilidade de que “pode gostar de fazer” ou que fará se o patrão insistir. Ele dá ao patrão a chance de resposta: “Você prefere não fazer, mas eu quero que você faça agora, se não fizer, adeus”. Porém, o patrão de Bartleby ficou desestabilizado com a resposta e aceitou a preferência do funcionário em não fazer. Talvez porque foi confrontado com o fato de que seus funcionários só o obedecem por obrigação. Por isso, o patrão fica, até o final da história, com peso na consciência. Peso que Bartleby, como uma espécie de absurdo existencial, coloca em sua cabeça.
Porém, o próprio Bartleby é um sujeito deteriorado e atomizado. Além de não ter vida social, ele literalmente faz do escritório e do trabalho o seu lar e sua razão de ser. Apesar de se negar a fazer o serviço de revisão do seu trabalho, pois o seu trabalho ele faz muito bem, Bartleby é um workaholic que só deixa de trabalhar quando é impedido por um problema de visão. Ele não tem amigos e passa o dia inteiro “contemplando uma parede”. A parede (wall) é uma palavra muito usada no texto e, a meu ver, simboliza o fechar-se, o separar-se do outro e do mundo, o alienar-se, um túmulo da vida! Tanto que Bartleby termina morrendo por inanição enroscado em uma parede.
O boato, no final do livro, de que ele trabalhava em um setor de cartas extraviadas, representa a extraviação do ser humano, como o próprio narrador diz no livro. Não tem nada mais triste do que separar cartas que jamais chegaram ao seu destino e enviá-las ao fogo, ao nada. É a mais triste representação da falta de sentido da vida, que acaba terminando em nada, sem um sentido, chegando a lugar nenhum.
Bartleby é mais que um personagem, é um processo de deterioração. É o fim assustador de todos o trabalhador explorado que, não sabendo fazer outra coisa na vida, acaba vivendo como um fantasma, um espectro, em seu local de trabalho (hoje, para muitos, sua própria casa). Um autômato que não sabe dizer não, negar! Que apenas prefere! Mas, se começarem a preferir não fazer, terminarão enroscados em uma parede (hoje, talvez em um celular). Resumindo: nesse sistema, o ser humano não tem saída, vai bater sempre a cara contra o mundo.
A frase final do livro é emblemática: “oh Bartleby, oh humanidade”.

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Manuela222 18/06/2024

Não foi o livro pra mim
Não sei se foi falta de sensibilidade ou desconhecimento do contexto histórico da época em que o livro se passa, mas não foi um livro ?uau?.
Achei uma leitura leve e engraçada, mas passou batido.
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