spoiler visualizarCristiane 30/05/2012
"Ao verme que primeiro roeu as frias carnes de meu cadáver"
Certamente esse livro é um dos mais marcantes na minha vida, desde essa dedicatória até a narrativa de Machado que dá vida (ou morte?) ao defunto-autor, Brás Cubas. No decorrer do romance, Brás Cubas revive seu passado contando como se apaixonou pela primeira vez e quando teve que viajar forçado pelo pai para esquecer Marcela, amor que valeu "quinze meses e onze contos de réis". No decorrer da trama, o personagem amadurece e, encorajado pelo pai, é empurrado a tentar carreira política. Na mesma época que conhece Virgília que é casada com um de seus "amigos".
Brás Cubas lembra também de seu amigo de infância, Quincas Borba, que mostra um lado mais questionador do livro onde seu amigo tem como principal filosofia de vida o "Humanitismo". Entre idas e vindas, seu romance com Virgília acaba esfriando e naturalmente os dois amantes se afastam. A vida política de nosso anti-herói também é tão fracassada quanto a vida no amor.
O final é amargante, consequências dessa fase realista de Machado de Assis. Ele faz uma crítica a sociedade da época questionando sobre política, classes sociais e, principalmente, mostra uma frieza diante da morte. O livro termina com a frase mais pessimista que já li em todos os tempos : "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria."
Posso dizer que tive que ler essa obra em várias fases da minha vida. Mas posso afirmar com total propriedade que só agora eu entendo, pelo menos, um pouco mais da metade da essência desse livro. E, em cada leitura, só consigo concluir que esse livro é simplesmente fantástico. Simplesmente adoro o humor sarcástico e sem dó que o personagem tem. Me sinto privilegiada quando Brás Cubas dialoga com o leitor. Para um livro tão antigo, essa obra contém elementos que obras atuais nunca poderão reunir: momentos trágicos, humor negro, sarcasmos e, principalmente, dinamismo.