Suzane 19/12/2017A Ciência da Maldade: sobre a Empatia e as origens da CrueldadeA “maldade” nos atrai. Queremos sempre saber o motivo das pessoas fazerem o que elas fazem, principalmente as coisas chocantes, violentas. Devido à cultura religiosa, a maioria das pessoas tende a justificar atrocidades sob o domínio dessa entidade(s) que está no interior da pessoa ou a influencia: “o mal”.
Mas como poderíamos definí-la de uma forma científica? A proposta do livro “The Science of Evil: On Empathy and the Origin of Cruelty” (A Ciência da Maldade: sobre a Empatia e a Origem da Crueldade, 2011) de Simon Baron-Cohen, professor de Psicologia do Desenvolvimento na Universidade de Cambridge, é essa.
Simon define a “maldade” como a ausência de empatia. Empatia é “a nossa habilidade de identificar o que outra pessoa está pensando ou sentindo e reagir aos seus pensamento e sentimentos com uma emoção apropriada” (Baron-Cohen, 2011).
Na sua visão, ela não é algo 8 ou 80, mas ela se dá de uma forma muito variada em sua intensidade: entre o preto e o branco temos várias gradações de tons acinzentados. E ela também pode ser transitória, flutuante: em um momento somos empáticos e no outro nos percebemos em situações em que desumanizamos as outras pessoas e as transformamos em objetos. Álcool, fadiga e depressão, por exemplo, também influenciam a nossa capacidade de empatizar. Mas há também aqueles que podem estar permanentemente no lado extremo, nunca a apresentarão.
De forma didática, como referência, Simon cita níveis de empatia que vão do 0 (“Grau Zero”, sem empatia) ao 6 (pessoas sempre alerta aos sentimentos dos outros e reagindo a eles de forma adequada e acolhedora) .
Não deixando de lembrar que seres humanos são complexos e que sermos quem somos envolve variáveis biopsicossociais infinitas, o autor discute as descobertas neurocientíficas sobre as regiões cerebrais ativadas no processo de empatizar e sobre possíveis influências genéticas.
Baron-Cohen identifica características de grau zero de empatia em alguns transtornos de personalidade como o Borderline, o Narcisista e a Psicopatia. Nestes casos, ele chama de “Zero-Negativo” devido às péssimas consequência de seus comportamentos aos outros. Porém temos os “Zero-Positivos”, pessoas com dificuldades em empatizar, porém esta característica não as leva a agir de forma não ética ou imoral: os nossos queridos autistas!
O livro é bem sucedido em trazer uma reflexão aprofundada sobre este recurso humano tão valioso que é a empatia e também um alerta de como a temos ignorado, perdendo a chance de discuti-la nas escolas, com os pais, na polícia, na política, nos negócios, na Justiça.
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