Luiza 05/11/2012
A busca pela essência
'A Disciplina do Amor', de Lygia Fagundes Telles é um livro de fragmentos. E, como ela mesma diz em um deles, que podem não aparentar uma ligação, mas ela (a autora) é a linha que os une. E isso basta.
O livro fala de sua viagem para a China, seu medo de avião, seu medo de dentista, sobre sua infância, sobre amor, sobre desamor, sobre marrecas selvagens, sobre disco voador, sobre qualquer coisa que lhe venha. Mas, sobretudo, seu livro trata da existência. Feminista assumida (desde pequena, ainda que tenha descobrido depois, mas com orgulho), Lygia se esforça por mostrar as coisas como elas de fato são, deixando de lado seus preconceitos e ideias. Afinal, a função do escritor é ser testemunha de seu tempo, coisa que ela o faz com maestria. Lygia explora o mundo de um jeito muito particular, mas preciso. Criando imagens de um todo que são aparentemente apenas isso: imagens de um todo; Mas só aparentemente. Em sua narração, Lygia vai mostrando a coisa estudada (por falta de expressão melhor) por partes e é dessa forma que nós temos essa imagem profunda (do todo) das coisas, buscando a sua existência íntima. Aos poucos, descobrir-se-há a essência.
Inquietante na sua veracidade, o livro é rápido e gostoso de ler. Confesso que fiz pausas para absorver melhor o texto - o que considero um ponto positivo. 'A Disciplina do Amor' é uma exploração da vida e um retrato de uma sociedade. Lygia não teme a verdade e a enfrenta com sua narração muito bem trabalhada - fruto, creio eu, de muito trabalho e escritos.
E, se ficou curioso sobre o título, deixo isso como mais um motivo para ler o livro.