A ignorância

A ignorância Milan Kundera




Resenhas - A Ignorância


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GH 26/02/2017

A Ignorância

Em A Ignorância, Milan Kundera nos trás a história de Josef e Irena, namorados de adolescência que passam vinte anos longe de sua terra natal, ele na Dinamarca e ela em Paris.
Irene o reencontra por acaso no aeroporto de Paris e após conversarem, decidem retornar a Praga.

O livro tem como pano de fundo o regime comunista vivido em sua época e, 20 anos depois, nos trazendo a perspectiva nostálgica dos personagens numa Praga reerguida segundo as regras capitalistas pós queda do comunismo em 1989.

Sem grandes reviravoltas ou surpresas, esse é um livro para uma tarde ou no máximo dois dias, pois é curto, gostoso e fácil de ler. Aqui Kundera além de, claro, nos dar uma visão sobre os exilados da época, ele quer falar também de nostalgia, um sentimento comum entre a humanidade, independente de época. O surpreendente é que ele fala mal desse sentimento e com uma argumentação boa, se não perfeita. Para Kundera esse sentimento não passa de uma não realização do desejo de retornar para o local cujo você sente falta, saudade.

''A nostalgia é, portanto, o sofrimento causado pelo desejo irrealizado de retornar. '' (Pág. 8)

A visão é simples e objetiva, para o autor a nostalgia primeiramente é: a não realização de um desejo de retorno e mais, é também um desejo sob a perspectiva de uma falta informação do local, pessoa ou coisa que se sente saudade. Para sintetizar: é um objetivo que não será alcançado e que só se almeja tal objetivo por falta de conhecimento.

''Durante vinte anos de sua ausência, os habitantes de baca guardavam muitas lembranças de Ulisses mas não sentiam por ele nenhuma nostalgia. Enquanto Ulisses sofria de nostalgia e não se lembrava de quase nada. '' (Pág. 25)

O final do livro deixa bem explícito a visão do Kundera de acordo com todo desenvolvimento de sua própria teoria, a causa e o efeito da nostalgia, conforme a trama se desenrola entre Josef e Irena.
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Isabela Zamboni | @resenhasalacarte 10/11/2016

Mais um ótimo livro de Kundera
Como já esperava, mais um livro magnífico de Milan Kundera. Sou muuuuuuito fã do autor, com certeza é um dos meus escritores favoritos. Quando pego um livro dele para ler, já sei que vou amar, me emocionar, chorar e entrar em “crise existencial”. Não sei explicar, mas quase todos os livros do Kundera (exceto “A Festa da Insignificância”, que não me fisgou) me deixam ao mesmo tempo extasiada e desconcertada. É sempre esse sentimento de dualidade, parece que levei um soco na cara e depois comi um doce. Dá para entender? Hahaha!

Em A Ignorância, o autor conta a história de Josef e Irena, personagens que saíram da República Tcheca para morar na Dinamarca e na França, respectivamente. Ao saírem de seus países em uma época conturbada, tornaram-se expatriados. Depois da queda dos regimes comunistas do Leste Europeu, em 1989, eles retornam para um país que, para eles, não é mais um lar, mas sim uma lembrança do passado que há muito tempo está enterrado.

Os livros de Kundera seguem um padrão: quase todas as obras do autor utilizam diferentes personagens que se cruzam no percurso da trama, mas que servem mais como objetos de discussão. Ao utilizar os sentimentos de Josef e Irena, ele consegue dissertar sobre assuntos sociológicos e filosóficos. Aqui, ele disseca o sentimento de nostalgia, de uma forma bem diferente daquela que conhecemos.

Leia mais no blog Resenhas à La Carte!

site: http://resenhasalacarte.com.br/resenha/resenha-a-ignorancia-milan-kundera/
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dmeyrelle 30/06/2016

Simplesmente incrível
O título do livro está relacionado as escolhas que os personagens fizeram quando eram jovens e o quão ignorantes acabaram sendo por não ter a experiência e a sabedoria necessária, que só adquiriram apenas com o passar de seus anos.

site: https://opassaroverdeblog.wordpress.com/2016/06/30/a-ignorancia-de-milan-kundera/
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@capituloseguinte 13/12/2015

O que vou escrever aqui, não pode ser bem considerada uma resenha pois é uma opinião de apenas uma frase, pois ainda não me afastei o suficiente do livro para formar algo bem construído, mas enfim, achei "A Ignorância" um livro que tentou fazer um fluxo de consciência, mas por envolver tantos personagens a tanto tempo e, com Kundera querendo atribuir um sentido a sua história com a de Ulisses logo no início, acabou ficando mal feito, muito mal construída. De todas as vezes que li livros que utilizavam narrativas com fluxo de consciência, me lembro de sentir um baque enorme após lê-los e com esse só senti raiva porque não havia gostado do início, mas continuei uma vez que se trata de um livro pequeno e achei que iria melhorar, mas não melhorou.
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18/07/2015

"Estaria Skacel enganado ao falar em trezentos anos? É claro que sim. Todas as previsões se enganam, é uma das poucas certezas que foram dadas ao homem. Mas se erram em relação ao futuro, dizem a verdade sobre quem as formula, são a melhor chave para compreendem como viveram no seu tempo." (p. 13)

"Sobre o futuro todo mundo se engana. O homem só pode ter certeza do momento presente. Mas será realmente verdade? Ele pode conhecer verdadeiramente o presente? Será capaz de julgá-lo? Claro que não. Pois como é que aquele que não conhece o futuro pode compreender o sentido do presente? Se não conhecermos o futuro a que o presente nos conduz, como poderemos dizer que esse presente é bom ou mau, que merece nossa adesão, nossa desconfiança ou nossa raiva?" (p. 92)

"Josef se lembrou de sua ideia muito antiga, que havia considerado uma blasfêmia: a adesão ao comunismo não tinha nada a ver com Marx e suas teorias; a época apenas oferecera às pessoas a oportunidade de satisfazer suas mais diversas necessidades psicológicas: a necessidade de se mostrar não conformista; ou a necessidade de obedecer; ou a necessidade de punir os maus; ou a necessidade de avanças com os jovens em direção ao futuro; ou a necessidade de ter em torno de si uma grande família." (p. 99)

"'É a idade em que casamos, em que temos nosso primeiro filho, em que escolhemos nossa profissão. Um dia saberemos e compreenderemos muitas coisas, mas será tarde demais, pois toda a vida terá sido decidida numa época em que não sabíamos nada.'" (p. 105)

"ele não tem que se ocupar de nara, é o amor que se ocupa dele, o amor como ele desejou e que ele nunca teve: amor-repouso; amor-deserção; amor-despreocupação; amor-insignificância." (p. 121)

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Débora 25/11/2013

A certeza humana
Quanta provocação num estilo ainda que deixa uma névoa confusa de palavra, e o enredo é como se fosse uma ventania de fatos. Tudo disperso e as coisas são minuciosamente analisadas, entre objetividade e digna subjetividade. Além disso, a obra A ignorância, de Milan Kundera, transporta para uma visão de realidade quase necessária. Retrata o conceito da nostalgia, o grande retorno que está no palco filosófico faz bastante tempo. A memória limitada do homem, onde um amor interrompido regressa. Mas será que aquele passado é mesmo para ambos?

"SOBRE O FUTURO TODO MUNDO SE ENGANA. O HOMEM SÓ PODE TER CERTEZA DO MOMENTO PRESENTE."
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Marina128 09/09/2012

A ignorancia do nao lembrar...
A historia dos personagens principais do livro, Irena e Josef, e apenas pano de fundo para a abordagem primordiosa do escritor Milan Kundera acerca de temas inerentes a existencia humana.
Kundera trata com autoridade do exilio e suas divergencias, como a nostalgia e a saudade e muitas vezes a falta de memoria e consequentemente a falta de apego a terra natal e toda a pressao social causada pelo distanciamento sentido pelo exilado.
A obra ainda e rica em intertextos que vao da literatura, Odisseia, a musica, Schoenberg.

Como selecionar aquilo que nossa memoria armazena? Como culpar alguem por nao lembrar de algo nao retido pela sua memoria? Abreviedade da existencia e a baixa capacidade de armazenamento da memoria sao inerentes a todos nos, seres humanos. E ai, podemos dizer que todos somos ignorantes...
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Morgadasso 31/10/2010

"Em grego, retorno se diz nóstos. Álgos significa sofrimento. A nostalgia é portanto o sofrimento causado pelo desejo irrealizado de retornar". Segundo o dicionário Aurélio, etimologia é a "ciência que investiga a origem das palavras, procurando determinar as causas e circunstâncias de seu processo evolutivo". Ou seja, busca explicar o significado das palavras através da análise dos elementos que as formam. Nada é mais Kundera do que isso.
A nossa lingua compõe a nossa identidade, não só a identidade de um indivíduo mas de uma nação, que só se reconhece como tal através de sua língua. É nos afogando nesse universo que Kundera vai nos apresentar seus personagens.
E assim conhecemos Irena e Josef, exilados tchecos que com o fim do comunismo resolvem voltar pra sua terra natal. Lá se descobrem estrangeiros em sua própria terra. Josef, refugiado na Dinamarca, ao retornar, no primeiro momento, estranha a sua própria lingua, achando muito monótona e enfadonha. Mas é no momento de intimidade ouvindo palavões e obscenidades em tcheco que ele se excita e se reconhece como tcheco, pois estas palavras só tem poder em sua própria língua.
Irena ao retornar descobre um país que outrora obrigado a falar o russo em função do comunismo, agora se vê invadida pelo estrangeirismo através do capitalismo americano.
Então, quem será mais tcheco, os que ficaram e assistiram seu país perder a soberania e sua independencia ou os que foram embora e descobriram ao retornarem que apesar de terem saído da República Tcheca a República Tcheca nunca saiu deles.
O livro fala de reconciliação com o passado, mas o presente torna o passado irreconciliável, pois o que não foi não é. Não há como recomeçar de onde parou. Não se trata apenas ser complicado, mas, sobre tudo, de ser complexo. E a memória é a prova dessa complexidade humana. A memória de Irena não é a mesma de Josef. E se não há como se reconciliar com o passado, há, talvez, a possibilidade de se reconciliar com o presente, e a República Tcheca pode ser a imagem de uma casa de tijolos e um pinheiro esbelto tal como um braço levantado.
Então fica a seguinte pergunta: Voltar é regredir?
Não. Voltar nem sempre é regredir.
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Dani 21/12/2010

Não consegui me apegar a nenhum personagem, a história não prendeu, e única coisa que eu pensava enquanto lia era o quanto eu queria terminar esse livro logo. Só dou duas estrelas porque o autor escreve bem.
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