Isabela 10/03/2021
Ler e escrever na Educação Infantil?
Nesta obra, as autoras entram em uma das discussões recentes relativas ao fazer pedagógico: deve-se ensinar as crianças a ler e escrever na Educação Infantil ou esta é uma fase exclusivamente voltada para o brincar e o desenvolvimento físico e psicológico das crianças?
Assim, elas selecionam oito artigos que irão reforçar a necessidade da primeira posição, sem deixar a segunda pendente. Dessa forma, elas propõem que as crianças sejam apresentadas às práticas cotidianas de leitura e de escrita e que se intensifique o contato com textos escritos e lidos - neste contexto, elas podem aprender enquanto brincam e enquanto as necessidades específicas desta idade sejam respeitadas.
Gostaria de destacar, ainda, um trecho do primeiro artigo, no qual elas refutam uma das maiores críticas do trabalho com crianças pequenas: "O trabalho com a linguagem escrita nesta etapa não deve ser 'menos sistemático', como se costuma dizer, por se tratar de crianças pequenas. Ser sistemático não significa, portanto, ser enfadonho, repetitivo ou mecânico. A sistematicidade tem a ver com planejamento, com organização do tempo pedagógico, com intencionalidade. Nesse sentido, consideramos que, desde cedo, é necessário ter intenções pedagógicas e planejamento de atividades, para atingir as metas colocadas" (p. 30). Essa questão da intencionalidade e do planejamento são essenciais quando pensamos em valorização dos profissionais da educação e em sua formação continuada.
E, por fim, considero importante também tratarmos do direito das crianças de aprenderem a ler e a escrever, o qual legislativamente está estabelecido para o 1º e o 2º anos do Ensino Fundamental; porém, não deve ser restrita a esta faixa etária o acesso a obras literárias de qualidade, a mediação de leituras e o contato com a língua escrita e falada por diferentes gêneros textuais. Isto principalmente para as classes sociais historicamente afastadas da chamada cultura letrada.