Victor 27/12/2009Não será a última vez...Este era o tipo de história que nossos pais e avós custumavam ler quando eram pequenos, e creio que para nós seja impossível sentir o que eles sentiram quando puseram as mãos em "A Ilha do Tesouro", a menos que esqueçamos a época em que vivemos. A infância de hoje está muito menos ingênua, bombardeada por enredos de proporções incríveis como Harry Potter, uma diversidade surreal de séries de TV, desenhos japoneses frenéticos, videogames e etc. Hoje, as nossas imaginações normalmente já têm data marcada para se tornarem visões reais em filmes entupidos de efeitos especiais. Não que eu ache isso ruim, pra mim foi demais assistir ao "Senhor dos Anéis" no cinema! O que quero dizer é que histórias como "A Ilha do Tesouro" estão cada vez mais afastadas da realidade das crianças de hoje e por isso não consigam causar o envolvimento que causavam num passado onde a criatividade e a imaginação eram indispensáveis para viagens de longuíssima distância - metaforicamente falando.
Só fui lê-lo aos meus 23 ou 24 anos, e talvez por isso tenha gostado tanto. Consegui me distanciar do século XXI e compreender (mesmo que não tão bem quando um garoto do século retrasado) o que era deitar a cabeça no travesseiro e quase ouvir o som das ondas do mar, o barulho do piso estalando e sentir o sol arder nas bochechas. O livro alçou o patamar de "clássico" não foi à toa. Assim que virei a última página tive certeza de que não seria a última vez que o leria.