Livros da Julie 14/07/2020Eu fico com a pureza da resposta das crianças-----
"eles me olhavam com a ingênua certeza de que com a familiaridade vem a compreensão."
-
"Você só consegue entender uma pessoa de verdade quando vê as coisas do ponto de vista dela."
-
"às vezes a Bíblia na mão de um determinado homem é pior do que uma garrafa de uísque na mão de [outro]"
-
"Tem gente que... se preocupa tanto com o outro mundo que não sabe viver nesse aqui"
-
"Nunca sabemos como realmente vivem as pessoas."
-
"As pessoas sensatas nunca se orgulham do próprio talento."
-
"às vezes temos que encarar as coisas da melhor maneira possível e saber como nos comportar quando as coisas vão mal..."
-
"antes de ser obrigado a viver com os outros, tenho de conviver comigo mesmo. A única coisa que não se deve curvar ao julgamento da maioria é a consciência de uma pessoa."
-
"Coragem é fazer uma coisa mesmo estando derrotado antes de começar.E mesmo assim ir até o fim, apesar de tudo. Você raramente vai vencer, mas às vezes vai conseguir."
-
"talvez precisássemos de uma força policial formada por crianças"
-
"às vezes precisamos mentir em determinadas circunstâncias, especialmente quando não podemos fazer nada."
-
"só existe um tipo de gente: gente."
-
"Se só existe um tipo de gente, por que as pessoas não se entendem? Se são todos iguais, por que se esforçam para desprezar uns aos outros?"
-
"A primeira coisa que a gente aprende quando trabalha na casa de um advogado é que não dá para ter certeza de nada."
-
"Cheguei à conclusão de que as pessoas eram estranhas. Por isso, mantinha distância e só pensava nelas quando era obrigada."
-----
O sol é para todos foi o livro escolhido para o mês de junho pelo clube de leitura #zapeandoclassicos, criado pela @zapeandoentrepaginas.
O livro acompanha a infância de Scout (Jean Louise) e Jem, filhos do advogado Atticus Finch, em Maycomb, uma pequena cidade do Alabama, nos Estados Unidos dos anos 30. A história começa de forma leve e despretensiosa, enquanto nos divertimos com os relatos das travessuras dos dois irmãos e Dill, o amigo que passava o verão na casa ao lado.
O dia a dia contado pela perspectiva de Scout, a caçula de 6 anos, encanta e prende a atenção. Mesmo pequena, ela já percebe que as pessoas têm uma forma toda própria de lidar com os problemas e que o sistema pode ser mais perverso do que imagina com a inocência dos seus primeiros anos. Na escola e na rua, pequenos acontecimentos deixam clara a divisão de classes e enfatizam os rótulos criados por uma comunidade em que todas as famílias se conheciam.
Aos poucos, Scout começa a se dar conta da repercussão gerada pelo seu pai ter assumido a defesa de Tom Robinson, rapaz negro acusado de estuprar Mayella Ewell, uma mulher branca. Os irmãos ouvem e sentem o preconceito arragaido dos indignados com a situação e acompanham de perto o desenrolar do julgamento.
A leitura é tão fluida e convidativa que é possível se sentir parte da família Finch. A compreensão dos acontecimentos pelos olhos de Scout dá leveza e humanidade às cenas. A forma com que Atticus usa cada pequena situação para educar seus filhos é de uma doçura e de uma grandeza memoráveis. Sua fala ao júri deveria ser gravada em bronze e memorizada por todos os homens da lei neste mundo.
O sol é para todos tem um modo tocante e comovente de deixar entrever a maldade em um cotidiano aparentemente tranquilo. Mas também é capaz de causar tamanha dor no peito que ela não mais sairá dali e será revivida a cada nova ou antiga injustiça até o fim dos tempos. Essa é simplesmente uma das histórias mais bonitas que já li.
site:
https://www.instagram.com/p/CCoR2Y3DdmZ/