Mariana 12/06/2024
Infância, racismo e outros temas
O sol é para todos é um livro interessante, foi de fácil leitura, achei a escrita fluida e, por vezes, engraçada. Ao retratar a perspectiva de uma criança, conseguimos mergulhar em seu mundo e ver as relações, o cenário, as desigualdades e injustiças através de seu ponto de vista - por vezes confuso e pouco crítico. Scout é a narradora, uma "menina muleca" que convive com seu pai Atticus e seu irmão Jem, além de amizades da vizinhança pacata de Maycomb, uma cidade do Alabama. Situada no passado, em uma época de extremo racismo, em que os negros e brancos sequer conviviam, havia segregação de espaços, trabalho e moradia, Scout se depara com seu pai, branco e advogado, defendendo um negro de um crime de estupro, o qual ele foi acusado injustamente. Para além dessa situação, Scout, seu irmão e o amigo Dill vivenciam peripécias na vizinhança, fazem "bullying" com Boo Radley, um vizinho que não sai de casa, e eles próprios vivenciam também uma situação de crime, relacionada ao processo que o pai estava defendendo.
É curioso tentar enxergar esse cenário pela perspectiva de uma criança branca, que por vezes escutava comentários preconceituosos quanto aos negros, os repetia e sequer sabia porquê estava repetindo. Pensei um pouco em como se constrói os preconceitos e o ódio a uma raça. Ao abordar brevemente Hitler, em uma aula na escola, é possível perceber uma falta de compreensão dos alunos sobre as motivações de Hitler. Atticus é um dos personagens mais interessantes da história, na minha opinião, pois ele é muito reflexivo, crítico e acima de tudo respeitoso. Até mesmo para abordar Hitler ele o faz de forma sagaz, quanto mais ao abordar o processo, o vizinho Boo Radley, etc.
Gostei bastante da história e do final. Recomendo!