Angelica 28/03/2021
Será que você já construiu cativeiros? Ou será que já viveu em um?
Um livro importantíssimo para todos que estejam em busca de um autoconhecimento, de melhorar a si próprio e as suas relações. É sem dúvidas daqueles para reler de tempos em tempos a fim de nunca esquecer os seus ensinamentos.
O livro realiza toda uma sorte de reflexões sobre as nossas relações com o outro; tanto nas relações amorosas, quanto nas de amizades e familiares. Nos faz enxergar como, por vezes, somos sequestrados pelo outro e apagamos quem realmente somos; mas como também somos sequestradores do outro. Concluindo assim, que de algum modo, todo mundo em algum grau, já cometeu atos de abusividade com o outro. Perdemos a nossa essência, mas também sugamos a essência do outro, em maior ou menor grau.
No meu caso, ao mesmo tempo em que me vi como sequestrada em relações familiares, também me vi como sequestradora em relações amorosas. Acho que essa é a magia do livro, ele nos faz perceber que ambas as situações não saudáveis; e que, ao mesmo tempo em que precisamos nos desvincular de quem nos sequestra e nos anula; também precisamos lutar para não sermos os sequestradores, aprendendo a não olhar o outro como objeto de nossa idealização e de nosso prazer.
Percebi que por vezes deixei de ser quem realmente sou, de fazer o que realmente gostaria; me anulando em minhas crenças e comportamentos para agradar amigos e familiares; mas percebi que por vezes já fiz outras pessoas se anularem para caber no meu mundo também.
É difícil ser sequestrado, mas acho que mais difícil ainda, é tomar essa consciência, de que acabamos repetindo em outras pessoas as atitudes que doem muito em nós.
Ora, se dói em mim ser sequestrada, porque eu repito essa atitude sequestrando outra pessoa?
Entendi com o livro, que a solução para isso é a liberdade. Estar livre do que nos prende e nos faz prender o outro. Livrar-se do amor romântico, da idealização do outro, de enxergar o outro como objeto do nosso prazer, livrar-se de buscar a pessoa ideal; bem como, livrar-se também de querer satisfazer plenamente o outro. E aceitar as imperfeições, as nossas e as do outro. Buscar a liberdade para nós e assim libertarmos o outro também.
"Dos relacionamentos que você já teve, quais foram as ocasiões em que
verdadeiramente você foi modificado para melhor? [...] Quem foram as pessoas
que mais favoreceram seu crescimento afetivo, proporcionando-lhe uma relação em que
pudesse entrar em contato com seus defeitos, qualidades, e consequentemente lhe ajudaram no processo de tornar-se pessoa? O contrário também precisa ser perguntado. [...] Quantas vezes você pôde identificar em seu coração um jeito estranho de querer possuir o outro,
impedindo-o de exercer a sua liberdade? Será que você é lembrança doída na vida de alguém? Será que já construiu cativeiros? Será que já viveu em um?"