Giaquelli 27/11/2023
Um romance completamente atemporal
Preparem-se para entrar na mente de um homem completamente perturbado!
Crime e castigo (1866) conta a história de Raskólnikov, um jovem do interior da Rússia que se muda para Petersburgo para estudar e formar carreira. Mas já no primeiro capítulo vemos esse jovem perambulando pelas ruas e refletindo sobre sua situação, onde ele abandonou os estudos, está sem trabalho, sem dinheiro pra pagar o quarto, e já sem comida. Conforme vamos acompanhando todo esse divagar do jovem, ele comete um crime (não é spoiler porque o próprio título já diz e na sinopse também, só não entrarei em detalhes) e , após esse evento, ele começa a apresentar sinais de doenças como a febre e até mesmo delírios, surtos, mudanças repentinas de humor, fazendo com que as poucas pessoas que o conhecem, começam a achar que ele está louco
Quando eu comecei esse livro foi totalmente no escuro, sem ler a sinopse, antes da resenha eu resolvi ler nela está muito claro os motivos pelos quais Raskólnikov ficou com essas perturbações. Pode ser coisa minha mas eu demorei a entender e me questionava: foi remorso? Ele realmente está enlouquecendo? Ele queria provar algo que não conseguiu? Ele está sentindo destoando com o ambiente que vive? Por quem diversos trechos vemos ele totalmente mal, porém alguma catástrofe próxima a ele acontece, e faz com que ele se sinta melhor (talvez?). Porque, me entendam bem, para mim não foi tão claro entender os pensamentos dele já desde início, e uma das coisas que mais gosto da narrativa do Dostoiévski é mostrar que as vezes a nossa própria mente nos trai, é como se ele soubesse seus motivos mas ao mesmo tempo não sabia. É um conflito de pensamentos e sentimentos durante todo o livro, que me fez pensar muito sobre a forma como as pessoas lidam dentro de suas próprias cabeças com sentimentos conflitantes, que muitas vezes nem elas os entendem.
Além de acompanharmos de perto toda essa história do rapaz, entramos também em diversos problemas sociais e digamos que até políticos. Dostoiévski soube muito bem tratar assuntos muito profundos dentro da nossa sociedade, sejam elas sociais, morais, políticas, religiosas e julgamento moral que se difencia entre níveis sociais.
E por último quero relatar que fiquei muito apaixonada pelo Porfiry Petrovich , um policial que começa a investigar o caso, mas com um jeito muito ligeiro de palavras e interrogatórios, sempre envoltos de muita conversa e pegadinhas, sabe? Ele se tornou meu personagem favorito.
Enfim, esse livro merece todo o mérito que tem e acho um livro maravilhoso para grandes discussões, filosóficas, psicológicas, grandes questionamentos sobre ?é crime, mas depende de quem cometeu?, e com traços de uma sociedade em busca da necessidade uma política mais social.